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HOSPITAL DO CÂNCER
Demandas do SUS e privada dividem até o mesmo quarto
DA REPORTAGEM LOCAL
No quadro da radioterapia do
Hospital A.C. Camargo (antigo
Hospital do Câncer) há uma lista com nome de pacientes, seus
médicos, os horários de atendimento e o tipo de procedimento a que serão submetidos.
Tanto ali como nas demais
alas do hospital não existe distinção se os doentes são do
SUS, de convênios ou particulares. Pacientes privados e públicos dividem o mesmo espaço
e usam o mesmo centro cirúrgico e os mesmos remédios.
E podem dividir o quarto, já
que muitos conveniados só têm
direito à enfermaria, onde ficam internados os doentes do
SUS. Por ser instituição filantrópica, 60% dos atendimentos
do hospital devem ser de pacientes do sistema público.
"Resolvemos nivelar por cima na hotelaria. No tratamento, seguimos os protocolos internacionais, e eles são iguais para todos", diz Irlau Machado,
superintendente do hospital.
O A.C. Camargo, citado por
23% dos especialistas em oncologia como o melhor hospital
na área, vive reestruturação.
Alas e quartos passam por reformas, e equipamentos chegaram. Só no primeiro semestre,
foram investidos R$ 13 milhões
-contra R$ 9 milhões em 2005
e R$ 14 milhões em 2006. Os
leitos subiram de 180 para 241.
Com as mudanças, a instituição atraiu pacientes particulares e de convênios. Em 2006,
subiram 20% os atendimentos
a conveniados e 100% a particulares. "Como nos dedicamos
à população SUS, havia estigma
de que o A.C. Camargo era hospital dos pobres e, por isso, não
teria qualidade. Temos qualidade científica e atendimento
espetacular", diz Machado.
No atendimento, o A.C. Camargo tem diferenciais, como o
acompanhamento psicológico
e psiquiátrico, extensivo a pacientes e familiares durante o
tratamento. E possui a central
da dor, que atua para minimizar qualquer desconforto antes, durante e após o tratamento ou mesmo quando não há mais possibilidade de cura.
Graças ao tratamento que recebe pelo SUS no A.C. Camargo, Wellington, 6, que retirou
tumor na medula, tem superado sessões de quimioterapia e
levado a vida (quase) normalmente. "Ele brinca com a molecada, anda de bicicleta, mas não
vai à escola, porque os colegas
fazem piada da careca dele", diz
a mãe Cláudia Ribeiro, 37.
O hospital tem índices de cura (em cinco anos) comparáveis
com os melhores serviços oncológicos do mundo: 85% para
criança e 67% para adulto. "A
vocação em ensino e pesquisa
força o corpo clínico a estar no
topo. Eles sabem o que há de
novo em câncer no mundo não
só no último ano mas nos últimos dez dias", diz Machado.
Em 2007, o hospital firmou
parceria com o MD Anderson
Cancer Center, no Texas
(EUA), uma das mais avançadas instituições oncológicas.
Os pacientes do A.C. Camargo
terão acesso a novas tecnologias. Já o MD Anderson terá ao
seu alcance o maior banco de
tumores da América Latina,
com mais de 10 mil amostras,
que o hospital coleciona desde
1954.0
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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