São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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HOSPITAL DO CÂNCER

Demandas do SUS e privada dividem até o mesmo quarto

DA REPORTAGEM LOCAL

No quadro da radioterapia do Hospital A.C. Camargo (antigo Hospital do Câncer) há uma lista com nome de pacientes, seus médicos, os horários de atendimento e o tipo de procedimento a que serão submetidos.
Tanto ali como nas demais alas do hospital não existe distinção se os doentes são do SUS, de convênios ou particulares. Pacientes privados e públicos dividem o mesmo espaço e usam o mesmo centro cirúrgico e os mesmos remédios.
E podem dividir o quarto, já que muitos conveniados só têm direito à enfermaria, onde ficam internados os doentes do SUS. Por ser instituição filantrópica, 60% dos atendimentos do hospital devem ser de pacientes do sistema público.
"Resolvemos nivelar por cima na hotelaria. No tratamento, seguimos os protocolos internacionais, e eles são iguais para todos", diz Irlau Machado, superintendente do hospital.
O A.C. Camargo, citado por 23% dos especialistas em oncologia como o melhor hospital na área, vive reestruturação. Alas e quartos passam por reformas, e equipamentos chegaram. Só no primeiro semestre, foram investidos R$ 13 milhões -contra R$ 9 milhões em 2005 e R$ 14 milhões em 2006. Os leitos subiram de 180 para 241.
Com as mudanças, a instituição atraiu pacientes particulares e de convênios. Em 2006, subiram 20% os atendimentos a conveniados e 100% a particulares. "Como nos dedicamos à população SUS, havia estigma de que o A.C. Camargo era hospital dos pobres e, por isso, não teria qualidade. Temos qualidade científica e atendimento espetacular", diz Machado.
No atendimento, o A.C. Camargo tem diferenciais, como o acompanhamento psicológico e psiquiátrico, extensivo a pacientes e familiares durante o tratamento. E possui a central da dor, que atua para minimizar qualquer desconforto antes, durante e após o tratamento ou mesmo quando não há mais possibilidade de cura.
Graças ao tratamento que recebe pelo SUS no A.C. Camargo, Wellington, 6, que retirou tumor na medula, tem superado sessões de quimioterapia e levado a vida (quase) normalmente. "Ele brinca com a molecada, anda de bicicleta, mas não vai à escola, porque os colegas fazem piada da careca dele", diz a mãe Cláudia Ribeiro, 37.
O hospital tem índices de cura (em cinco anos) comparáveis com os melhores serviços oncológicos do mundo: 85% para criança e 67% para adulto. "A vocação em ensino e pesquisa força o corpo clínico a estar no topo. Eles sabem o que há de novo em câncer no mundo não só no último ano mas nos últimos dez dias", diz Machado.
Em 2007, o hospital firmou parceria com o MD Anderson Cancer Center, no Texas (EUA), uma das mais avançadas instituições oncológicas. Os pacientes do A.C. Camargo terão acesso a novas tecnologias. Já o MD Anderson terá ao seu alcance o maior banco de tumores da América Latina, com mais de 10 mil amostras, que o hospital coleciona desde 1954.0 (CLÁUDIA COLLUCCI)


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