São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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São Luiz tem 1º prédio exclusivo

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

UMA SINFONIA de choros de bebê e um entra-e-sai de médicos e enfermeiros paramentados não deixam dúvidas de que se trata de um centro cirúrgico obstétrico. No corredor, um pai emocionado tenta mostrar a filha recém-nascida aos familiares que esperam do lado de fora. "Mãe, ela é a minha cara", grita ele, aos prantos. São 14h de sexta-feira, 10 de agosto. Na sala 6, a supervisora de exportação Natália, 30, é preparada para a cesárea. Oito profissionais, entre médicos e enfermeiras, encontram-se a seu redor.
Na sala 9, Paula, 33, já deu à luz Matheus, 3,265 g, e amamenta o menino com a ajuda do marido, Maurício. Vinte minutos depois, é a vez de Natália tentar amamentar Enrico, 3,330 g, enquanto a barriga está sendo suturada pela equipe médica. Mas, cansado, o bebê prefere dormir.
Esse é um flash da rotina da Maternidade São Luiz, onde nascem por dia uma média de 25 bebês e que foi apontada como a melhor maternidade da capital paulista por 33% dos obstetras e ginecologistas ouvidos pelo Datafolha. O São Luiz é considerado ainda o que tem o melhor centro cirúrgico entre as maternidades (indicado por 42% dos médicos).
O hospital foi pioneiro em São Paulo em dispor de um prédio exclusivo para sua maternidade. O projeto arquitetônico permitiu instalar berçários em cada andar, de forma que todos os bebês estejam próximos de suas mães. A proximidade reduz o tempo entre as mamadas e diminui o fluxo de visitantes nos outros andares do hospital.
"Remontamos a natureza. A fêmea quer ver a cria de perto. O berçário setorial garante uma proximidade física e emocional do recém-nascido com a mãe", diz o ginecologista e obstetra Alberto d'Auria, coordenador clínico da maternidade.
Em razão de políticas de humanização adotadas pela maternidade, nos últimos dois anos, o São Luiz quase quadruplicou o número de procedimentos normais entre as mulheres que já chegam em trabalho de parto -em torno de 350 por mês. A taxa de parto normal passou de 7% para 26%. Já entre as mulheres com cesáreas agendadas -400 por mês-, o índice de partos normais passou de 8% para 13%.
Foram inauguradas oito salas individuais para pré-parto e uma salinha no próprio centro cirúrgico para o médico repousar ou trabalhar enquanto espera as primeiras dilatações da paciente e um megaquarto de 36 metros quadrados chamado LDR ("Labor Delivery Room").
A LDR é uma espécie de spa que se transforma em centro cirúrgico. Tem hidromassagem, cores escolhidas segundo a cromoterapia, espaço para caminhadas que facilitam o trabalho de parto e música a gosto da paciente. Os equipamentos médicos, como aparelho de oxigênio e soro, ficam camuflados atrás de armários e quadros.
No quarto, há detalhes, como a cabeceira de madeira da cama, para que a gestante se sinta em casa. "Tem paciente que gosta de dar à luz de pé, de cócoras e outras na banheira. Fazemos tudo o que a paciente quer dentro da nossa rotina de segurança", afirma d'Auria.
Na unidade de gestante de alto risco, dez apartamentos estão montados de modo que a mulher seja monitorada 24 horas por dia. Os aparelhos detectam contração uterina e sofrimento fetal, por exemplo.
A enfermeira controla todas as gestantes por meio de uma central e, em caso de emergência, faz contato com o médico que tem acesso à imagem mesmo à distância.
De um modo geral, essa unidade recebe gestantes hipertensas, com doenças endócrinas e com fetos com retardo de crescimento.
Segundo o obstetra, com esses recursos, o hospital conseguiu aumentar em média de uma a duas semanas o tempo de gestação das pacientes, o que, depois de o bebê nascer, pode significar uma economia de até 14 dias de internação.

Humanização
Na UTI neonatal, com capacidade para 43 bebês, tecnologia e humanização andam de mãos dadas. Aparelhos modernos de ventilação e incubadoras que mantêm a temperatura e o monitoramento cardíaco garantem sobrevida à maioria dos prematuros.
Segundo a pediatra Graziela Lopes Ben, os pais podem ficar perto dos seus filhos 24 horas por dia. "Estimulamos o contato não só porque isso faz bem para o bebê e aumenta o vínculo familiar mas também para que os pais se sintam mais aptos a cuidar do bebê quando ele tiver alta do hospital."
Outra medida adotada pela equipe da UTI neonatal do São Luiz é programar as manipulações com o prematuro (fisioterapia e medicações, por exemplo) para um só momento, de maneira que ele sofra menos com o barulho e a luz.
A equipe estimula as mães a personalizar as incubadoras onde muitos bebês prematuros poderão passar meses. Na de Vinícius, por exemplo, que está há quase quatro meses na UTI, existe uma coleção de carrinhos e desenhos feitos pelo irmão de quatro anos.
O bebê nasceu com 26 semanas de gestação e 900 g. Hoje tem 3,260 g, mas ainda depende de oxigênio e alimentação por meio de sonda. "O susto maior já passou", diz a mãe Kerlly Oliveira, 28.
Neste mês, o hospital começou a oferecer mais um mimo às mães: uma massagista à disposição delas durante as tardes.


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