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São Luiz tem 1º prédio exclusivo
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
UMA SINFONIA
de choros de
bebê e um entra-e-sai de
médicos e enfermeiros paramentados não deixam
dúvidas de que se trata
de um centro cirúrgico
obstétrico. No corredor, um pai emocionado tenta
mostrar a filha recém-nascida aos familiares que
esperam do lado de fora. "Mãe, ela é a minha cara",
grita ele, aos prantos. São 14h de sexta-feira, 10 de
agosto. Na sala 6, a supervisora de exportação Natália,
30, é preparada para a cesárea. Oito profissionais, entre médicos e enfermeiras, encontram-se a seu redor.
Na sala 9, Paula, 33, já deu à
luz Matheus, 3,265 g, e amamenta o menino com a ajuda do
marido, Maurício. Vinte minutos depois, é a vez de Natália
tentar amamentar Enrico,
3,330 g, enquanto a barriga está
sendo suturada pela equipe
médica. Mas, cansado, o bebê
prefere dormir.
Esse é um flash da rotina da
Maternidade São Luiz, onde
nascem por dia uma média de
25 bebês e que foi apontada como a melhor maternidade da
capital paulista por 33% dos
obstetras e ginecologistas ouvidos pelo Datafolha. O São Luiz
é considerado ainda o que tem
o melhor centro cirúrgico entre
as maternidades (indicado por
42% dos médicos).
O hospital foi pioneiro em
São Paulo em dispor de um prédio exclusivo para sua maternidade. O projeto arquitetônico
permitiu instalar berçários em
cada andar, de forma que todos
os bebês estejam próximos de
suas mães. A proximidade reduz o tempo entre as mamadas
e diminui o fluxo de visitantes
nos outros andares do hospital.
"Remontamos a natureza. A
fêmea quer ver a cria de perto.
O berçário setorial garante
uma proximidade física e emocional do recém-nascido com a
mãe", diz o ginecologista e obstetra Alberto d'Auria, coordenador clínico da maternidade.
Em razão de políticas de humanização adotadas pela maternidade, nos últimos dois
anos, o São Luiz quase quadruplicou o número de procedimentos normais entre as mulheres que já chegam em trabalho de parto -em torno de 350
por mês. A taxa de parto normal passou de 7% para 26%. Já
entre as mulheres com cesáreas agendadas -400 por
mês-, o índice de partos normais passou de 8% para 13%.
Foram inauguradas oito salas individuais para pré-parto e
uma salinha no próprio centro
cirúrgico para o médico repousar ou trabalhar enquanto espera as primeiras dilatações da
paciente e um megaquarto de
36 metros quadrados chamado
LDR ("Labor Delivery Room").
A LDR é uma espécie de spa
que se transforma em centro
cirúrgico. Tem hidromassagem, cores escolhidas segundo
a cromoterapia, espaço para caminhadas que facilitam o trabalho de parto e música a gosto
da paciente. Os equipamentos
médicos, como aparelho de oxigênio e soro, ficam camuflados
atrás de armários e quadros.
No quarto, há detalhes, como
a cabeceira de madeira da cama, para que a gestante se sinta
em casa. "Tem paciente que
gosta de dar à luz de pé, de cócoras e outras na banheira. Fazemos tudo o que a paciente
quer dentro da nossa rotina de
segurança", afirma d'Auria.
Na unidade de gestante de alto risco, dez apartamentos estão montados de modo que a
mulher seja monitorada 24 horas por dia. Os aparelhos detectam contração uterina e sofrimento fetal, por exemplo.
A enfermeira controla todas
as gestantes por meio de uma
central e, em caso de emergência, faz contato com o médico
que tem acesso à imagem mesmo à distância.
De um modo geral, essa unidade recebe gestantes hipertensas, com doenças endócrinas e com fetos com retardo de
crescimento.
Segundo o obstetra, com esses recursos, o hospital conseguiu aumentar em média de
uma a duas semanas o tempo
de gestação das pacientes, o
que, depois de o bebê nascer,
pode significar uma economia
de até 14 dias de internação.
Humanização
Na UTI neonatal, com capacidade para 43 bebês, tecnologia e humanização andam de
mãos dadas. Aparelhos modernos de ventilação e incubadoras que mantêm a temperatura
e o monitoramento cardíaco
garantem sobrevida à maioria
dos prematuros.
Segundo a pediatra Graziela
Lopes Ben, os pais podem ficar
perto dos seus filhos 24 horas
por dia. "Estimulamos o contato não só porque isso faz bem
para o bebê e aumenta o vínculo familiar mas também para
que os pais se sintam mais aptos a cuidar do bebê quando ele
tiver alta do hospital."
Outra medida adotada pela
equipe da UTI neonatal do São
Luiz é programar as manipulações com o prematuro (fisioterapia e medicações, por exemplo) para um só momento, de
maneira que ele sofra menos
com o barulho e a luz.
A equipe estimula as mães a
personalizar as incubadoras
onde muitos bebês prematuros
poderão passar meses. Na de
Vinícius, por exemplo, que está
há quase quatro meses na UTI,
existe uma coleção de carrinhos e desenhos feitos pelo irmão de quatro anos.
O bebê nasceu com 26 semanas de gestação e 900 g. Hoje
tem 3,260 g, mas ainda depende de oxigênio e alimentação
por meio de sonda. "O susto
maior já passou", diz a mãe
Kerlly Oliveira, 28.
Neste mês, o hospital começou a oferecer mais um mimo
às mães: uma massagista à disposição delas durante as tardes.
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