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Maternidade dificulta inserção de mulher
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
As mulheres que procuram emprego formal em Pernambuco são
mais preparadas e tecnicamente
mais qualificadas para o trabalho
do que os homens em igual situação. Mas, na hora da contratação,
o empregador escolhe os homens
na maioria das vezes.
O motivo? "Discriminação",
responde Luciana Souza Leão, gerente técnica da Agência do Trabalho, órgão do governo estadual
que atua com recursos federais e
estaduais e mediou 55 mil das 274
mil admissões com carteira assinada no Estado, em 2004.
Essa situação não é exclusiva de
Pernambuco. A Pnad mostra que,
em todo o Brasil, as mulheres estão, em média, mais escolarizadas
do que os homens. Mesmo assim,
têm menos espaço no mercado de
trabalho e ganham menos.
O número médio de anos de estudos das mulheres com mais de
10 anos é de 6,7 anos. Entre os homens, essa média é de 6,4. No entanto, o nível de ocupação dos homens dessa faixa etária é de
67,9%, ante 45,5% das mulheres.
Eles também ganham, em média,
R$ 835. No caso delas, a renda cai
para R$ 579.
Para Leão, o problema é a idéia
do empregador de que contratar
mulheres implica risco de despesa
extra para a empresa, principalmente com a maternidade.
Para a gerente da Agência do
Trabalho, a proporção de homens
e mulheres que procuram emprego na agência é igual. Entretanto,
apenas 40% dos recrutados, em
média, são do sexo feminino.
"Mesmo com melhor qualificação, a mulher é preterida."
Desempregada desde julho de
2004, a operadora de telemarketing Alzanir Bezerra, 38, foi demitida dois meses após o fim da licença-maternidade do terceiro filho. Ela cita as palavras do chefe
na ocasião: "Mulher dá trabalho
porque tem muito menino". Alzanir diz que colegas homens que
estavam desempregados e faziam
o mesmo serviço conseguiram
emprego antes. "Eu, com 18 anos
de carteira assinada e cursos para
várias profissões, estou parada."
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