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O `PAI' DA VALE
Supernavios baratearam custo do transporte
Eliezer moldou
empresa ao mundo
e da Sucursal do Rio
Nenhuma outra empresa estatal brasileira tem sua história tão
ligada a um homem só quanto a
Companhia Vale do Rio Doce a
Eliezer Batista da Silva, 73.
``A Vale não seria o que é hoje
sem o Eliezer'', diz o ex-ministro
Delfim Netto. Engenheiro, matemático, membro da Academia
de Ciências da Rússia, ele idealizou a estratégia de desenvolvimento da CVRD.
Presidente da Vale duas vezes
(61 a 64 e 79 a 86), ministro das
Minas e Energia de João Goulart,
secretário de Assuntos Estratégicos de Collor, presidente da Rio
Doce Internacional, ele transformou uma modesta mineradora
em empresa globalizada antes de
isso virar moda.
A chave da transformação foi o
conceito de sócios-consumidores: os compradores fechavam
contratos de longo prazo (15
anos) e ainda investiam na Vale.
Isso permitiu não só o ingresso
de dinheiro barato que alavancou o crescimento da estatal, como propiciou a transferência de
tecnologia para o país.
Foi graças à parceria com os japoneses que a Vale conseguiu fazer o que era considerado impossível na ocasião (anos 50/60):
transportar o bem mais pesado e
barato -o minério de ferro-
pela rota mais longa do mundo a
preços competitivos.
A exportação de minério de
ferro do Brasil para o Japão só foi
possível graças à construção de
navios de 100 mil toneladas
-inexistentes à época- e de
portos capazes de abastecê-los.
``Ele é um sonhador com currículo, concretizou seus planos'',
define Paulo Yokota, consultor e
economista. ``É a personalidade
empresarial brasileira mais conhecida e respeitada no Japão.''
Segundo Yokota, a parceria
com os japoneses deve-se à amizade entre Batista e Koichi Inada,
um matemático da Universidade
de Tókio que morava no Brasil e
tinha participado do grupo que
planejou a recuperação econômica japonesa.
Eles aplicaram seus conhecimentos de lógica matemática e
logística para juntar a vontade de
crescer da Vale com a necessidade de recursos naturais para a
economia japonesa. Até hoje o
Japão é o maior cliente da Vale.
A história de Batista está ligada
à Vale há muito tempo. Ele nasceu em Nova Era, no coração do
quadrilátero ferrífero de Minas.
Talvez por isso, Batista seja reticente em relação à privatização
da estatal. Ele não quis falar à reportagem antes do leilão.
Mas a Folha apurou que Batista
preferia a venda ``aos pedaços''
da CVRD. Se é para vender, que
seja pela fórmula mais lucrativa
-dizem amigos seus.
(JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
e CHICO SANTOS)
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