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Para onde vai o dinheiro
Recursos abatem
dívida e financiam
empresas privadas
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
O governo vai usar o dinheiro da
venda da Companhia Vale do Rio
Doce em duas atividades: metade
para financiar o setor produtivo
privado e o restante para abater
parte da dívida pública federal.
A previsão do governo é obter
cerca de R$ 5 bilhões com a privatização da empresa.
A metade, ou R$ 2,5 bilhões,
equivale a 1,34% da dívida em títulos do governo federal que, em
março, era de R$ 187,1 bilhões.
O governo deve ter uma economia de R$ 500 milhões em 12 meses com a redução do valor da dívida, caso a taxa paga para remunerar os títulos fique em 20% ao ano.
Neste ano, a União recebeu R$
131,8 milhões em dividendos, referentes ao lucro de R$ 632 milhões
registrado pela Vale em 96.
Fundo
Na primeira etapa de venda da
empresa, o governo federal espera
obter pelo menos R$ 3 bilhões.
Metade desses recursos será usada
para criar o FRE (Fundo de Reestruturação Econômica).
O vice-presidente do BNDES, José Pio Borges, disse que o banco
deve começar a liberar os primeiros empréstimos em maio.
Os empréstimos serão feitos pelo
BNDES por meio do FRE, afirmou
Pio Borges. Os recursos serão destinados apenas a empresas privadas do setor produtivo, em especial na área de infra-estrutura.
A previsão do governo é que o
FRE tenha recursos totais entre R$
2,5 bilhões e R$ 3 bilhões após o
processo final de venda da Vale,
disse Amaury Bier, chefe da Consultoria Econômica do Ministério
do Planejamento.
O prazo médio de pagamento
dos financiamentos deve ser superior a dez anos, e seu custo será
compatível com taxas praticadas
do exterior.
Telecomunicações e energia elétrica são dois dos setores que deverão ganhar linhas de crédito com
recursos do FRE após serem privatizados. Haverá ainda recursos para o setor ferroviário e para a modernização do parque industrial.
As empresas dos Estados onde a
CVRD tem um papel importante
também terão preferência na concessão desses empréstimos, disse
Pio Borges.
O BNDES pretende ainda destinar recursos do FRE para financiar
obras do setor privado nas áreas de
saneamento e transportes. Nesses
dois setores, disse Pio Borges, as
obras trazem melhoria no nível de
vida da população.
O risco dos empréstimos será do
BNDES. Por isso, o prazo de pagamento e o custo serão negociados
individualmente.
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