São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para onde vai o dinheiro
Recursos abatem dívida e financiam empresas privadas

VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília

O governo vai usar o dinheiro da venda da Companhia Vale do Rio Doce em duas atividades: metade para financiar o setor produtivo privado e o restante para abater parte da dívida pública federal.
A previsão do governo é obter cerca de R$ 5 bilhões com a privatização da empresa.
A metade, ou R$ 2,5 bilhões, equivale a 1,34% da dívida em títulos do governo federal que, em março, era de R$ 187,1 bilhões.
O governo deve ter uma economia de R$ 500 milhões em 12 meses com a redução do valor da dívida, caso a taxa paga para remunerar os títulos fique em 20% ao ano.
Neste ano, a União recebeu R$ 131,8 milhões em dividendos, referentes ao lucro de R$ 632 milhões registrado pela Vale em 96.
Fundo
Na primeira etapa de venda da empresa, o governo federal espera obter pelo menos R$ 3 bilhões. Metade desses recursos será usada para criar o FRE (Fundo de Reestruturação Econômica).
O vice-presidente do BNDES, José Pio Borges, disse que o banco deve começar a liberar os primeiros empréstimos em maio.
Os empréstimos serão feitos pelo BNDES por meio do FRE, afirmou Pio Borges. Os recursos serão destinados apenas a empresas privadas do setor produtivo, em especial na área de infra-estrutura.
A previsão do governo é que o FRE tenha recursos totais entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões após o processo final de venda da Vale, disse Amaury Bier, chefe da Consultoria Econômica do Ministério do Planejamento.
O prazo médio de pagamento dos financiamentos deve ser superior a dez anos, e seu custo será compatível com taxas praticadas do exterior.
Telecomunicações e energia elétrica são dois dos setores que deverão ganhar linhas de crédito com recursos do FRE após serem privatizados. Haverá ainda recursos para o setor ferroviário e para a modernização do parque industrial.
As empresas dos Estados onde a CVRD tem um papel importante também terão preferência na concessão desses empréstimos, disse Pio Borges.
O BNDES pretende ainda destinar recursos do FRE para financiar obras do setor privado nas áreas de saneamento e transportes. Nesses dois setores, disse Pio Borges, as obras trazem melhoria no nível de vida da população.
O risco dos empréstimos será do BNDES. Por isso, o prazo de pagamento e o custo serão negociados individualmente.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã