Roberto Assunção/Folha Imagem

Planador sobrevoa área rural nas cercanias da cidade de Tatuí

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PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
ENVIADA ESPECIAL A TATUÍ (SP)

Confesso que senti um friozinho na barriga quando, finalmente, sentei no "cockpit" do planador para iniciar aquele que seria o vôo mais silencioso da minha vida. Afinal, foram horas e horas à espera das térmicas (massas ascendentes de ar formadas pelo aquecimento do solo), deixando a curiosidade à flor da pele.
Enquanto a equipe do aeroclube de Tatuí (137 km a oeste de São Paulo) posicionava o planador Caproni e o avião-reboque, Fernando Abreu, instrutor com 1.500 horas de vôo, tentava, em vão, prender minha atenção aos equipamentos: velocímetro, "climb" (indica se está subindo ou descendo), rádio, altímetro, manche.
Na cabeceira da pista de 1.300 metros, interrogações inundavam meus pensamentos. Como seria voar rebocado até 1.000 metros de altura? Balançaria? E qual seria o impacto do planador quando fosse desconectada a corda de náilon que o ligava ao avião-reboque? Haveria impacto?
Minutos depois, as respostas iam chegando. Sem balanços, sem barulho. Usando invisíveis correntes de ar e por estradas imaginárias, o planador fazia um vôo elegante sobre fazendas, lagos, laranjais. Fechei os olhos e experimentei a liberdade das águias.
Durou pouco. Num dia normal, buscaríamos as térmicas para subir cada vez mais e voar durante horas por quilômetros. Mas elas eram cada vez mais escassas, e prosseguir seria imprudente.
E como seria o pouso com aquelas asas? Mesmo com forte vento de través (transversal à pista), e sem motor para compensar, a sensibilidade das mãos experientes de Abreu foram de tirar o quepe: alinhamento e pouso precisos.