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TECNOLOGIA
Para os mais novos, o eletrônico não atrai mais que o tradicional
Brinquedo que faz tudo sozinho desestimula interação
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para testar o interesse por
brinquedos que têm componentes eletrônicos, a Folha fez
oficinas com crianças de diferentes faixas etárias em quatro
escolas paulistanas. O resultado foi que, para as que têm até
quatro anos, são tão atraentes
quanto os mais simples.
A bebês de até dois anos de
idade do Colégio Domus Sapientiae foram oferecidos chocalhos, bolas e potes comuns e
outros com mais possibilidades
de exploração, como luzes e
texturas. Eles brincaram mais
com os potes, principalmente
os mais simples e leves, como
se fossem copos e mordedores
-não com a função de encaixe.
Na Escola Jardins, crianças
de 2 a 4 anos brincaram com
fantoches, telefones e trens
com elementos eletrônicos e
com suas versões simples. A
reação foi semelhante: tanto o
trem que toca música como o
de madeira fizeram sucesso.
No caso do fantoche, com a
ajuda de um adulto, elas se encantaram com o eletrônico,
pois puderam usar fone de ouvido, falar ao microfone e ouvir
a própria voz. A brincadeira de
colocar sons durante as cenas
no teatro, entretanto, não foi
executada, mesmo quando demonstrada a forma de brincar.
Bebê quer autonomia
Tizuko Morchida Kishimoto,
professora da Faculdade de
Educação da USP, analisou essas reações. Para ela, o eletrônico e o mecânico não chamam
muito a atenção dos pequenos
porque os movimentos não são
causados por eles mesmos.
"Criança pequena aprende
com ação e reação. Quando pega um telefone e fala, quem toma a iniciativa é ela. Quando o
telefone fala com ela, já não
desperta o mesmo interesse."
Ela acrescenta que, nessa fase, o bebê aprende e se desenvolve com o próprio corpo. "O
importante é que ele pegue,
mexa, amasse e até morda o
brinquedo." Até a embalagem é
atraente. "A caixa chega a ser
tão interessante quanto o que
vem dentro", completa.
Para Vera Barros de Oliveira,
professora da pós-graduação
em psicologia da saúde da Universidade Metodista, a tecnologia, quando bem orientada, pode enriquecer o brinquedo.
As crianças, diz, gostam de
apertar um botão e ver luz ou
ouvir som. Mas, quando a tecnologia traz estímulos que vão
além do que a criança consegue
explorar, isso pode causar excitação excessiva.
(RM)
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