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5 - Melhorar a saúde materna
Taxa de mortalidade materna nacional está em 74,5 para cada 100 mil crianças nascidas vivas; meta, distante, é de 28,5
Recorde de cesáreas é brasileiro há 30 anos
LUANDA NERA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para acompanhar o nascimento
de seu primeiro filho, há pouco
mais de quatro anos, a arquiteta
Analy Uriarte, 39, contratou uma
enfermeira obstetrícia. Essa foi a
orientação de sua médica para
que realizasse o desejo de dar à luz
Theodoro em um parto natural.
Não foi o que aconteceu. Analy
teve de ser submetida a uma cesárea de emergência e afirma que
não recebeu qualquer tipo de
apoio nem da equipe do hospital
(particular) nem da enfermeira.
Na tentativa de evitar que a
experiência frustrante se repetisse, há dois anos ela optou por
ter sua filha, Bruna, em casa,
com a ajuda de uma parteira e de
uma doula (profissional especializada em acompanhar partos).
As experiências opostas vividas
pela arquiteta são um reflexo
de como o Brasil caminha para
o cumprimento do quinto Objetivo do Milênio: reduzir em três
quartos, entre 1990 e 2015, a taxa
de mortalidade materna.
Há pelo menos 30 anos, o país
é campeão mundial em cesáreas.
A taxa média nacional, de acordo
com o Ministério da Saúde, é de
38,6% -bem distante dos 15%
recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Para reverter o quadro, o SUS
(Sistema Único de Saúde) aumenta mais rapidamente o repasse
concedido a partos normais do
que a cesáreas. No ano passado, o
repasse dos partos cresceu 43%,
atingindo R$ 306,73. O das cesáreas subiu 19%, chegando a
R$ 435,86 por cirurgia.
Difícil redução
Informações recém-divulgadas
pelo Unicef mostram que 1 em cada 140 mulheres grávidas morre
no Brasil em decorrência de complicações durante a gravidez, no
parto ou no pós-parto. E a taxa
média de mortalidade materna
nacional está em 74,5 por 100 mil
crianças nascidas vivas.
Para que a meta estabelecida pela ONU seja cumprida, esse número precisa chegar a, no mínimo, 28,5. Ainda assim estaríamos
longe dos atuais índices dos países desenvolvidos, onde a taxa
chega a 13 por 100 mil.
O primeiro passo adotado pelo
governo federal brasileiro, em
março de 2004, foi lançar o Pacto
Nacional de Redução da Mortalidade Materna. "A grande novidade é a integração entre as três esferas do governo em parceria com a
sociedade civil. O pacto foi um
salto de qualidade na história da
saúde materna no Brasil", defende Adson França, coordenador
do programa.
"O quinto Objetivo do Milênio
direcionou o nosso trabalho.
Atualizamos políticas que já existiam e incorporamos outras novas", explica Regina Viola, técnica
do Ministério da Saúde.
Empresas e comunidades
O setor produtivo também levanta bandeira em defesa das
mães. Na Roche, o programa Família é Tudo, criado em 2002, traz
informações sobre a gravidez e o
primeiro ano da vida do bebê.
Durante 20 semanas, dezenas
de gestantes da região do Jaguaré
(zona oeste da capital paulista)
acompanham palestras antes
e depois do parto. "Atuamos
na área da saúde, por isso investimos em projetos sociais como esse", argumenta Rosicler Rodriguez, gerente de responsabilidade
social da Roche.
Informação é também a base do
projeto Passaporte Materno Infantil, desenvolvido pela prefeitura do município de São Bernardo
do Campo (SP) com a Basf. Trata-se de uma espécie de "diário da
gestante", em que são anotadas
todas as informações da gravidez.
A idéia é que qualquer médico
seja capaz de compreender o histórico da paciente. Cerca de
12.500 mulheres participam do
projeto a cada ano. A empresa financia a confecção dos passaportes e investe no treinamento dos
médicos da rede pública de saúde.
Educação no trabalho
Funcionárias e colaboradoras
também são alvo de programas
de saúde materna. Na Avon, o
contingente feminino é de 60%
entre os 4.300 funcionários. Parte
do programa de qualidade de vida
é voltado à educação das gestantes e ao aleitamento materno.
A Natura Cosméticos também
investe nessa idéia. Durante a
gravidez, as funcionárias recebem
orientações da ginecologista
contratada pela empresa e, quando necessário, são encaminhadas
para outros médicos.
Além disso, a empresa realiza,
uma vez por semestre, um curso
para gestantes que, em oito aulas,
discute as principais questões da
maternidade.
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