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USP discute se quer manter sua adesão
da Reportagem Local
A USP (Universidade de São
Paulo) pretende realizar, no segundo semestre, um seminário para discutir se deve ou não continuar a ser avaliada por meio do
Exame Nacional de Cursos.
A proposta é defendida pela pró-reitora de Graduação, Ada Pellegrini Grinover. Ela acha que o exame é "inadequado" para a USP
porque não leva em conta todas as
peculiaridades que compreendem
a formação de um aluno da instituição. "Desde o primeiro ano, os
alunos têm uma carga horária de
laboratório e pesquisa que não é levada em conta no exame", diz Ada.
A USP, como todas as universidades estaduais, não está obrigada
a se submeter ao provão porque
está sob a tutela da Secretaria de
Ciência e Tecnologia de São Paulo
e do Conselho Estadual de Educação -órgão responsável por avaliar a qualidade do ensino, em todos os níveis, no Estado.
No entanto, para que a USP deixe
de ser avaliada no provão, a decisão tem de ser tomada por toda a
universidade e aprovada pelo Conselho Universitário, diz a pró-reitora de Graduação.
Tancredo Maia Filho, diretor de
Avaliação e Acesso ao Ensino Superior do Inep/MEC, admite que o
provão não é uma avaliação completa. ""Mas ele não se propõe a isso
e está articulado a outros mecanismos, como a avaliação das condições de oferta."
Ada também é contra os boicotes
isolados à prova, pois defende um
comportamento comum a todas as
unidades.
A possibilidade de a USP deixar
de ser avaliada pelo provão divide
coordenadores de curso. Alguns,
principalmente os ligados àqueles
cursos que estão sendo avaliados
há mais tempo, tendem a encarar o
exame como algo incorporado à
dinâmica da unidade. "Quando o
provão foi criado, a USP decidiu
participar e colaborar. Apesar disso, houve boicote e notas baixas,
mas o boicote vem diminuindo
ano a ano. Acho que o exame acabou sendo incorporado sem traumas", diz Gilberto de Andrade
Martins, coordenador do curso de
administração.
A coordenadora do curso de jornalismo, Elizabeth Saad Corrêa, vê
o provão de outra maneira. "Não
somos contra a avaliação. Mas é
fundamental que não só o curso,
mas os alunos e professores também sejam avaliados. Além disso,
o provão é um tipo de exame que
tem um perfil diferente do aluno
que formamos, que é um profissional mais generalista e versátil", diz
Elizabeth.
Para José Sidnei Colombo Martini, professor da USP e membro da
comissão de engenharia elétrica do
Exame Nacional de Cursos, o seminário poderá ser um meio de levantar sugestões e propostas para
que o provão seja aperfeiçoado.
Uma crítica que ele faz é à distribuição dos conceitos entre os cursos. Segundo o critério estabelecido, os cursos são distribuídos em
cinco faixas: 12% ficam com A,
18% com B, 40% com C, 18% com
D e 12% com E. "No futuro, supondo que a qualidade geral melhore,
sempre haverá alguns que vão ser
classificados com E ou D, o que pode levar a uma distorção", diz Martini.
(MARTA AVANCINI)
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