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Marluce leva Globo aos “novos tempos”

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO


Flávio Florido - 1.jun.200/Folha Imagem
Marluce Dias da Silva, diretora das Organizações Globo

A mais nova paixão de Marluce Dias da Silva, 49, diretora-geral da Unidade de Televisão e Entretenimento das Organizações Globo, é a Internet. Grande parte do tempo da principal executiva do grupo é dedicado ao Globo.com, lançado em março deste ano.

A criação do portal é mais uma mostra do poder que Marluce vem adquirindo nas Organizações Globo, onde está desde 1991. Toda a estrutura da nova empresa foi montada por ela, que também foi encarregada de encontrar parceiros para o investimento.

Em nove anos, Marluce tornou-se a mais poderosa executiva que as Organizações Globo já tiveram. Segundo um executivo próximo a ela e aos Marinho, a família tem confiança cega na diretora-geral.

É inevitável a comparação com o poder de seu antecessor, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, cujas funções Marluce passou a incorporar em dezembro de 1997. Durante vários anos, Boni ocupou o cargo de vice-presidente de Operações da Rede Globo _o que significava um poder quase sem limites, mas restrito às emissoras de televisão do grupo.

Como diretora-geral da Unidade de Entretenimento e Televisão das Organizações Globo, Marluce é responsável não só pelas emissoras de televisão, mas também pelas empresas Globo.com, Globosat, Globo Filmes, Som Livre, Divisão de Parques Temáticos e SIC (canal português do qual as Organizações Globo têm 12%).

Pernambucana, psicóloga por formação, é casada há 20 anos com o consultor Eurico Carvalho da Cunha, ex-professor de administração da Fundação Getúlio Vargas.

Em 1986, a empresa de consultoria do casal foi contratada pela Rede Globo. Roberto Irineu Marinho, filho de Roberto Marinho, gostou do trabalho da executiva.

O projeto de Roberto Irineu Marinho, ao levar Marluce para a Rede Globo, era bem claro: preparar a empresa para os “novos tempos” _o crescimento da concorrência, a possibilidade de entrada do capital estrangeiro nos meios de comunicação e a diversificação das mídias.

Marluce assumiu suas funções em um momento em que o até então inabalável domínio da Rede Globo nos índices de audiência começou a sofrer ameaças. A avaliação da direção das Organizações Globo é que a queda de audiência é inevitável _não só por causa da concorrência de outras emissoras, mas também pela de outros meios, como a Internet e os canais de TV paga.

Marluce é uma mulher discreta. Pouco sai, é avessa às badalações sociais, está sempre vestida com tailleurs e ternos de cores discretas e usa pouquíssima maquiagem e jóias.

Chega sempre por volta das 11h na sede da Rede Globo no Jardim Botânico (zona sul do Rio) e costuma sair 12 horas depois _isso quando não decide convocar os executivos da empresa para alguma reunião extraordinária.

Discute sempre em voz baixa, sem jamais alterar o tom, mesmo nos momentos em que dá broncas inesquecíveis.

Reuniões extraordinárias também costumam acontecer nos finais de semana na casa onde mora desde que casou, na Barra da Tijuca (zona sul).

“Workaholic” assumida, Marluce não costuma almoçar. Passa seus dias na Globo tomando água de coco, guaraná (com muito gelo e rodelas de laranja) e comendo pedacinhos de queijo.

Os jantares costumam ser ao lado de Cunha, em um dos cerca de 15 restaurantes que ele possui na cidade _entre eles o Enotria, de massas, e o Le Petit Lieu, francês.

Um dos poucos luxos a que se permite são viagens de férias com o marido, para lugares exóticos, como regiões de safári na África, ou roteiros mais tradicionais, como Paris. Mas são sempre viagens curtas. Marluce não gosta de ficar muito tempo longe de sua sala de trabalho.


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