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Nocaute

Morte de canadense no hóquei sobre o gelo abre discussão sobre violência e analgésicos nos EUA

John Gress/Reuters
Sarich, do Calgary, acerta Bickell, do Chicago, em briga durante jogo da NHL, anteontem
Sarich, do Calgary, acerta Bickell, do Chicago, em briga durante jogo da NHL, anteontem

DE SÃO PAULO

"Eles estão trocando células cerebrais por dinheiro." A frase é do médico neurologista Chris Nowinski, da Universidade de Boston, em crítica à liga de hóquei no gelo norte-americana, a NHL, por permitir brigas a socos nos jogos.

Sua análise foi feita ao "The New York Times" em reportagem deste mês que desencadeou discussão nos EUA sobre os danos ao cérebro de jogadores por conta de choques, lutas de socos e uso abusivo de analgésicos.

O jornal revelou que o canadense Derek Boogaard, ex-jogador da liga, morto em maio deste ano, apresentava uma doença chamada trauma crônico encefálico, causada por pancadas na cabeça. O diagnóstico foi feito pela Universidade de Boston.

O atleta morreu com apenas 28 anos por uma overdose de analgésicos e álcool.

Sofria de desmaios, lapsos de memória e depressão. Passou por clínicas de reabilitação para tentar se livrar do vício nos medicamentos, ficou fora de jogos por concussões.

Tomava os analgésicos para minimizar dores causadas pelas lutas. Boogaard era um "enforcer", ou seja, o jogador responsável por brigar.

Sua principal função era trocar socos com rivais.

"Ele estava sempre com dor. Ele tomava as pílulas que todos nós tomamos", contou Tood Fedoruk, do Tampa Bay, ex-colega de Boogaard, também "enforcer", que admitiu ser viciado em analgésico.

Outros dois jogadores que também exerciam a função se suicidaram neste ano.

O uso excessivo desses medicamentos e graves efeitos de choques na cabeça também são verificados na liga de futebol americano.

A Universidade de Boston já diagnosticou que 20 ex-atletas mortos da NFL sofriam do trauma crônico no cérebro. Concussões são comuns.

Recentemente, 12 ex-atletas da liga entraram com ação contra a NFL por terem sido obrigados a usar com regularidade um analgésico.

Em artigo no "NYT" o ex-jogador Nate Jackson contou que ele e colegas faziam fila para tomar analgésico antes de jogos, mesmo se não tivesse contusões. Os efeitos não eram informados aos atletas.

No hóquei, Boogaard recebeu até 11 prescrições de analgésicos, em total de 370 tabletes, em uma temporada. Viciado, passou a compra-los no mercado negro também.

Último time de Boogaard, o New York Rangers não fala mais com sua família, nem deu o seu registro médico.

Sua equipe na maior parte da carreira, o Minessota Wildcats lhe fez várias homenagens, entre elas um vídeo.

Não havia cena dos seus socos, que, antes, provocavam vibração dos torcedores.

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