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Xico Sá

Fé no Casagrande

Não acredite na mística furada de time 'com cara de Libertadores'. Ou tem bola ou nada feito

Amigo torcedor, amigo secador, até quando os brasileiros vão acreditar nessa mística furada de que existe time "com cara de Libertadores", como repetiu, quase na madrugada de ontem, no seu papel de boleiro de fé, o bom jogador Danilo, do Corinthians?

Declarações do gênero só iludem e inflam ainda mais a obsessão dos alvinegros do Parque São Jorge por esse torneio. O mal é o que sai pela boca do homem, sempre: "O Corinthians está com cara de Libertadores". Com todo o respeito, não há cara, seja de médico ou de monstro, dessa peleja. É tudo mistificação.

Sim, alguns, raríssimos, ganharam por milagre ou "cara de Libertadores". A maioria, porém, ganhou por jogar mais bola mesmo, por ser mais técnica e afinada do que a mentira da "raça" e da "superação". Isso é coisa de autoajuda.

Ou você acha que o São Paulo do Telê, do Raí e do Muller tinha "cara de Libertadores"? E o Flamengo de Andrade, Adílio e Zico? Tem mais: o Grêmio do Renato Gaúcho, o Inter de Abel, o super-Cruzeiro, o Santos de Arouca e Neymar etc etc etc.

É bola, amigo torcedor, não acredite em outra coisa. Ou tem bola, ou nada feito. Sim, repito, eu acredito nos Ramones e nos milagres, "pero" são raríssimas tais ocorrências misteriosas na disputa sul-americana. Os Once Caldas da vida acontecem raramente.

Pelo critério "cara de Libertadores", o Barcelona de Messi, só para deixar um exemplo que é covardia, jamais ganharia o torneio.

O Corinthians pode ganhar a sua primeira taça continental pelo domínio do jogo, pela regularidade mantida pelo esquema do Tite, pelo desempenho do Danilo, como no embate da noite de anteontem contra o Cruz Azul do México. Pode ganhar por Alex, que sabe do riscado, por Liedson etc.

Pode triunfar por razões técnicas, ainda tímidas até o momento, como diria o sincero Casagrande, jamais por ter "cara de Libertadores".

Talvez a origem desse mito tenha sido a coleção de conquistas infindáveis de uruguaios e argentinos, sempre apontados como mais "raçudos" em campo. A gente ama acreditar nisso, mesmo sabendo que eles sempre foram muito técnicos e finos com a pelota.

É hora, corintianos, da vida para valer, sem mistificação, como manda o centenário poeta Drummond, um vascaíno relax. É hora de jogar bola. Pronto. É hora de desconfiar de tudo. É hora de acreditar mais no Casagrande do que nos outros comentaristas que jogam para a torcida.

@xicosa

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