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12X Brasil

A conta não fecha

BERNARDO ITRI
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA E PORTO ALEGRE
EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE, RIO E SALVADOR
MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA, NATAL E RECIFE
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA, CUIABÁ E MANAUS

A Copa-2014 já pesa, de fato, nos orçamentos dos Estados neste ano. Será o período de maior gasto com as arenas, e os recursos federais ainda chegam lentamente para as obras em andamento.

Essa concentração de despesas ocorre no momento em que a Fifa pede mais investimentos para apressar as obras dos estádios.

Enquanto isso, a conta geral das arenas vem subindo. Levantamento da Folha mostra que hoje o custo total é de cerca de R$ 6,8 bilhões.

No fim de 2010, quando a reportagem visitou as 12 sedes pela primeira vez, o valor era de R$ 5,8 bilhões -quantia 300% maior do que a CBF previu em 2007. À época, a confederação estimava gasto de R$ 1,95 bilhão com arenas.

O problema é que, agora, a pouco mais de dois anos para a Copa, a maioria dos pagamentos tem que sair rapidamente. E suspeitas de irregularidade ou simples burocracia atravancam a liberação das verbas do BNDES.

"Os Estados estão bancando as obras devido à falta de liberação [do BNDES]", diz João Paulo Borges, responsável pelo estádio de Cuiabá.

"O Estado tem que utilizar o dinheiro que seria usado em outros lugares."

Em Cuiabá, já foram gastos R$ 110 milhões no estádio até fevereiro. Só cerca de metade foi do BNDES. O Estado batalha para resolver pendências com o banco, que trava o dinheiro por ainda não ter tido suas exigências atendidas.

Manaus também sofre com a falta de dinheiro federal. Mas o problema se deve a acusações de superfaturamento feitas pelo Ministério Público Federal. O BNDES liberou apenas um sétimo dos R$ 75 milhões já gastos com a Arena Amazônia.

"Era para ter um desembolso menor do Estado. Deveria estar em 20%", disse Miguel Capobiango, responsável pela Copa em Manaus. Ele admitiu que o Estado teve de usar verba que seria empregada em outros projetos.

Para o estádio de Fortaleza, o BNDES até liberou R$ 175,3 milhões. Mas o governo do Ceará teve que complementar os gastos, desembolsando R$ 67 milhões.

Paralelamente aos gastos com a arena, o Ceará sofreu em 2011 com greves de policiais e de professores.

Em nota oficial, o Estado diz que salários e gasto com obras são despesas distintas no orçamento. "Pagamento de servidores são despesas correntes, e reforma e construção são investimentos".

Já em Curitiba, o Estado vai financiar a Arena da Baixada por meio do Fundo de Desenvolvimento Econômico, que deveria ser usado em projetos para a população local.

Em Brasília, a verba da arena sai da Terracap, órgão dos governos distrital e federal.

Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte só sentirão o impacto nos orçamentos no futuro, pois firmaram PPPs (Parcerias Público-Privadas) e só pagarão após as obras.

Mas, no caso do Rio Grande do Norte, o pagamento de parcelas milionárias a partir de 2014 à OAS, responsável pela Arena das Dunas, pode afetar o já combalido orçamento estadual. O Estado ainda tenta recuperar sua capacidade de endividamento.

Uma das arenas mais caras do país, o Maracanã tem a maior parte de verbas estaduais, enquanto Itaquerão e Beira-Rio são bancados por recurso privado até agora.

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