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Edgard Alves

Saia justa

A decisão de que as lutadores de boxe podem escolher entre lutar de saia ou short é bizarra

A tendência é que os marmanjos torçam para o uso de saias, por razões óbvias; as mulheres, também, porque dá um toque especial, um pouco de charme, mais feminilidade. Incrível, mas o assunto aqui é pugilismo, especificamente torneios femininos de boxe.

Explico: a Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador), responsável pelos Mundiais e torneios olímpicos da modalidade, decidiu que as mulheres podem escolher entre usar saia ou short em competições oficiais. Ao que tudo indica, uma tomada de posição enviesada, porque valerá o que a entidade decidir, ou melhor, impuser.

O anúncio da opção certamente era para funcionar como ponte na implantação da saia. Prova disso é que, no Mundial de 2010, a partir das semifinais, as classificadas tiveram de usar saia.

A ideia é deixar claro que ali a disputa é do gênero feminino. No ringue, com sapatilhas, calção e capacete protetor (nem a ponta da cabeleira pode ficar fora), como rege a regra convencional, os visuais de homens e mulheres se confundem. A saia passa a ser um diferencial. O torneio feminino de boxe na Olimpíada de Londres, aliás, é fato inédito no evento, quebrando o tabu da modalidade, a única que ainda insistia em disputas exclusivamente para o gênero masculino.

Quando a Aiba anunciou a novidade, ocorreram reações contrárias, com atletas alegando que nem no dia a dia usavam saia, menos ainda na prática esportiva.

Apesar disso, a princípio, reagi como um marmanjo, mas, imediatamente, me vi diante de um paradoxo: como adotar um uniforme mais sensual para colocar duas mulheres frente a frente para se esmurrarem?

Concluí que a decisão da Aiba é bizarra. Há muito tempo o esporte virou negócio. Portanto, a jogada tem a ver também com o público consumidor, imagino.

Salvo exceções, as lutadoras, principais interessadas, não descartam nenhuma das peças.

As três brasileiras que tentarão garantir vaga na Olimpíada durante as disputas do Mundial da China, em maio, estão otimistas, treinando em dois períodos e sem qualquer preocupação com a questão do uniforme, que gera ruído só quando o ciúme atrapalha o noivado.

Para Érica Mattos (28 anos, 1,62 m e 51 kg), Adriana Araújo (30 anos, 1,68 m e 60 kg) e Roseli Feitosa (23 anos, 1,71 m e 75 kg), o foco é ganhar a vaga olímpica. O peso apontado aqui é o do limite da categoria, sendo que, em cada uma delas, apenas oito atletas conquistarão na China o direito de ir aos Jogos.

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