São Paulo, terça-feira, 01 de janeiro de 2002

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Pesquisa nacional Datafolha mostra que popularidade do técnico cresceu

Para torcedor, Scolari deve seguir na seleção

DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com os vexames protagonizados pela seleção sob seu comando, apesar de a classificação do Brasil para a Copa do Mundo de 2002 ter sido definida somente na última rodada das eliminatórias e a despeito da sua insistência em formar equipes dando prioridade ao setor defensivo, Luiz Felipe Scolari está em alta com o torcedor brasileiro.
É o que revela pesquisa Datafolha realizada em 126 municípios de todo o país. Pelo levantamento, 58% dos 2.578 entrevistados (todos acima de 16 anos) defendem que a CBF deve manter Scolari no cargo de treinador do time brasileiro, enquanto 26% afirmaram que ele deve ser substituído.
A acolhida da população parece ignorar que 2001 foi um dos piores anos da história da seleção -seja com Scolari ou com seu antecessor, Emerson Leão.
O time nacional realizou 21 jogos, com 8 derrotas, 4 empates e apenas 9 vitórias, um ridículo aproveitamento de 49,2% de pontos, em se tratando de Brasil.
Nas eliminatórias, não foi muito diferente: no pior desempenho do país na história do torneio, a seleção obteve 9 vitórias, 3 empates e 6 derrotas (um terço do total de 18 jogos), aproveitamento de 55%.
O Brasil terminou a disputa em terceiro lugar na tabela, atrás da Argentina e do Equador e só superou o Paraguai, o quarto colocado, no saldo de gols.
Se forem considerados apenas os números de Scolari à frente da equipe, o desastre persiste.
Desde que ele assumiu o cargo, em 12 de junho de 2001, a seleção realizou 11 partidas, com seis vitórias e cinco derrotas, um aproveitamento de 54%.
Nesse período, os vexames da seleção -iniciados sob a batuta de Wanderley Luxemburgo e mantidos por Leão- persistiram, entre eles a eliminação da Copa América por Honduras, time sem nenhuma tradição no cenário mundial, e uma derrota por 3 a 1 para a Bolívia que poderia ter sido um desastre muito maior.
O respaldo popular de Scolari revela uma espécie de "coerência" ou fidelidade do torcedor, já que o técnico foi levado à seleção pela CBF justamente por aparecer como o preferido dos brasileiros em pesquisas encomendadas para definir o sucessor de Leão.
Dos que defendem a permanência do treinador, os mais entusiastas são os que disseram ter muito interesse por futebol -74% destes querem que Scolari continue.
A popularidade do técnico aumenta também entre os homens (65% querem que ele siga, contra 52% das mulheres) e os mais jovens (atinge 66% na faixa entre 16 e 24 anos).
Além de desejarem que Scolari permaneça no cargo, os torcedores também acham que o trabalho do técnico avançou: avaliação do seu desempenho melhorou em relação à última pesquisa nacional realizada pelo instituto.
No levantamento passado, realizado no dia 18 de setembro, duas semanas após a derrota para a Argentina por 2 a 1 em Buenos Aires, 31% dos entrevistados consideravam o trabalho do treinador ótimo ou bom.
Na pesquisa publicada hoje -realizada entre os dias 19 e 21 de novembro, uma semana após a seleção ter alcançado a classificação para o Mundial da Coréia do Sul e do Japão, ao vencer a Venezuela por 3 a 0, em São Luís (MA)-, o índice de ótimo ou bom subiu para 39%.
A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95% -isto significa que, se fossem realizados cem levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista.
O curioso é que, daquele levantamento para este, os índices de regular e de ruim/péssimo são quase os mesmos. O que diminuiu foi a quantidade de entrevistados que disseram não saber responder à pesquisa -caíram de 19% para 13%, e a diferença rumou para o lado de Scolari.
O técnico da seleção aproveita as férias coletivas da CBF para passar as festas de final de ano ao lado de sua família, no Rio Grande do Sul, seu Estado natal.
Na segunda semana de janeiro, ele deverá participar de uma reunião na sede da CBF, no Rio, para definir o planejamento do seu time para os próximos meses.
No final deste mês, a seleção, integrada somente por atletas que atuam no futebol brasileiro, deverá fazer um jogo-treino contra uma equipe nacional.
O objetivo de Scolari é observar jogadores que ainda não foram convocados e, com eles, fechar o grupo de 23 atletas que irão para a Copa do Mundo.
Até a estréia no Mundial, no dia 3 de junho, contra a Turquia, em Ulsan (Coréia do Sul), a seleção deverá realizar três amistosos contra outras seleções. Portugal, Espanha e Polônia estão entre os adversários cotados.


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