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PINGUE-PONGUE
Atleta quer fazer da dificuldade sua arma secreta
DA REPORTAGEM LOCAL
Bethany Hamilton já tem um
plano. Quer transformar a dificuldade em subir na prancha
em um trunfo. Acha que, entrando mais tarde nas ondas,
pode conseguir melhores notas. É uma técnica arriscada,
mas que pode funcionar. "Posso fazer isso sem um braço.
Sempre há a possibilidade de
entrar mais tarde na onda."
Na hora da remada, ela passou a usar também a perna esquerda. O maior problema, por
enquanto, é manter o equilíbrio. "Em Banyans, tive alguma dificuldade. Mas com certeza ainda dá para melhorar muito", afirmou, referindo-se ao
seu retorno às competições, no
último dia 10, exatos 71 dias
após o ataque em Kauai.
Bethany foi a quinta colocada
e se manteve na ponta do campeonato. Leia a seguir os principais trechos da entrevista da
surfista para a Folha.
(FSX)
Folha - Você já tinha visto algum tubarão enquanto surfava?
Tinha medo de ser atacada?
Bethany Hamilton - Não, eu
nunca tinha visto nada. E também não tinha medo. É claro
que já tinha falado no assunto,
mas sempre na linha do "e se
um dia..."
Folha - O que exatamente você
lembra do ataque?
Bethany - Eu estava deitada
na prancha, o tubarão simplesmente veio e me atacou. Foi um
puxão brusco e, de repente, ele
me soltou e sumiu. Não vi nada
e não senti dor. Imagine um
impacto de uma tonelada em
dois segundos...
Ninguém viu nada. Na hora
eu percebi que havia perdido o
braço. Não sei como, mas eu fiquei calma e só disse para o
Holt [Blanchard, pai dos amigos Alana e Brian] que eu havia
sido atacada por um tubarão.
Foi assim.
Folha - Como está seu trabalho
de reabilitação?
Bethany - Estou experimentando uma prótese, mas é mais
por motivos estéticos. É como
um disfarce... Não vou usá-la
para surfar. Estou feliz assim, é
mais natural.
Folha - Havia algum aviso sobre tubarões naquela praia?
Bethany - Não. Nunca vi nenhuma placa ali. Nunca.
Folha - Após o ataque, houve
um movimento pela caça aos tubarões no Havaí. O que você
acha disso?
Bethany - Sou contra. Já pegaram o tubarão que me atacou e
estou feliz. Não acho que os outros devam ser caçados.
Folha - No Brasil, já houve casos de surfistas atacados por tubarões. O que você diz para essas pessoas?
Bethany - Que eles continuem surfando. Com cuidado.
Mas que continuem aproveitando o surfe. Não desistam
nunca do esporte.
Folha - No começo do mês, você voltou a competir. Dá para
descrever a emoção no dia?
Bethany - Meu objetivo era
não ficar em último lugar. Eu
cheguei às finais e fiquei em
quinto lugar. Foi incrível! Fantástico!
Folha - Como você imagina seu
futuro?
Bethany - Surfando. E com filhos.
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