São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004

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PINGUE-PONGUE

Atleta quer fazer da dificuldade sua arma secreta

DA REPORTAGEM LOCAL

Bethany Hamilton já tem um plano. Quer transformar a dificuldade em subir na prancha em um trunfo. Acha que, entrando mais tarde nas ondas, pode conseguir melhores notas. É uma técnica arriscada, mas que pode funcionar. "Posso fazer isso sem um braço. Sempre há a possibilidade de entrar mais tarde na onda."
Na hora da remada, ela passou a usar também a perna esquerda. O maior problema, por enquanto, é manter o equilíbrio. "Em Banyans, tive alguma dificuldade. Mas com certeza ainda dá para melhorar muito", afirmou, referindo-se ao seu retorno às competições, no último dia 10, exatos 71 dias após o ataque em Kauai.
Bethany foi a quinta colocada e se manteve na ponta do campeonato. Leia a seguir os principais trechos da entrevista da surfista para a Folha. (FSX)

 
Folha - Você já tinha visto algum tubarão enquanto surfava? Tinha medo de ser atacada?
Bethany Hamilton
- Não, eu nunca tinha visto nada. E também não tinha medo. É claro que já tinha falado no assunto, mas sempre na linha do "e se um dia..."

Folha - O que exatamente você lembra do ataque?
Bethany
- Eu estava deitada na prancha, o tubarão simplesmente veio e me atacou. Foi um puxão brusco e, de repente, ele me soltou e sumiu. Não vi nada e não senti dor. Imagine um impacto de uma tonelada em dois segundos...
Ninguém viu nada. Na hora eu percebi que havia perdido o braço. Não sei como, mas eu fiquei calma e só disse para o Holt [Blanchard, pai dos amigos Alana e Brian] que eu havia sido atacada por um tubarão. Foi assim.

Folha - Como está seu trabalho de reabilitação?
Bethany
- Estou experimentando uma prótese, mas é mais por motivos estéticos. É como um disfarce... Não vou usá-la para surfar. Estou feliz assim, é mais natural.

Folha - Havia algum aviso sobre tubarões naquela praia?
Bethany
- Não. Nunca vi nenhuma placa ali. Nunca.

Folha - Após o ataque, houve um movimento pela caça aos tubarões no Havaí. O que você acha disso?
Bethany
- Sou contra. Já pegaram o tubarão que me atacou e estou feliz. Não acho que os outros devam ser caçados.

Folha - No Brasil, já houve casos de surfistas atacados por tubarões. O que você diz para essas pessoas?
Bethany
- Que eles continuem surfando. Com cuidado. Mas que continuem aproveitando o surfe. Não desistam nunca do esporte.

Folha - No começo do mês, você voltou a competir. Dá para descrever a emoção no dia?
Bethany
- Meu objetivo era não ficar em último lugar. Eu cheguei às finais e fiquei em quinto lugar. Foi incrível! Fantástico!

Folha - Como você imagina seu futuro?
Bethany
- Surfando. E com filhos.



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