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FUTEBOL
Reserva do Cruzeiro durante três anos, goleiro camaronês conquistou a torcida baiana em apenas três meses
William Andem está em casa no Bahia
FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local
Nos últimos jogos do Bahia,
uma cena tem se
repetido. Basta o
time entrar em
campo para sua
torcida, em uníssono, começar a
gritar: ``É jacaré,
é jacaré''.
Tranquilo, o
ovacionado em
questão, o goleiro camaronês William Andem, 28,
dirige-se para a sua meta e agradece com um aceno a homenagem.
Há apenas três meses no Bahia,
Andem já caiu nas graças da torcida tricolor. O apelido, dado pelos
colegas de time e imediatamente
incorporado pela galera, deve-se à
sua semelhança com o dançarino
do grupo ``É o Tchan'' (o mesmo
da loura Carla Perez).
Apesar do pouco tempo na Bahia, o Brasil não é novidade para
Andem. Ele chegou ao país há mais
de três anos, comprado pelo Cruzeiro ao Union Douala, de Camarões, por US$ 200 mil.
Está no Bahia por empréstimo,
até o final do ano, numa troca que
envolveu o goleiro Jean.
Alguns fatores têm ajudado Andem a sentir-se em casa na Bahia.
O primeiro deles são as inúmeras
afinidades culturais existentes entre Salvador e sua Douala natal -a
capital econômica de Camarões.
``O clima é bem parecido com o
de meu país, as comidas, a música
e as pessoas também. A Bahia tem
a cara de Camarões'', compara.
Apreciador da culinária baiana,
destaca a moqueca de peixe e a mariscada como suas iguarias favoritas. Quanto ao acarajé, quitute
normalmente associado à Bahia,
Andem afirma preferir o que a sua
mãe faz, lá em Camarões.
Mais do que o ambiente familiar
que encontrou em Salvador, o que
tem dado tranquilidade a Andem é
o fato de poder, como titular, estar
mostrando o seu futebol.
Enquanto esteve no Cruzeiro, foi
reserva do goleiro Dida. Atuava
apenas nos jogos em que o titular
servia à seleção brasileira, ou
quando este estava machucado.
``Agora, que estou pegando a sequência de jogos, estou muito
bem'', diz Andem -que, em 1996,
chegou a ser titular da seleção de
seu país, durante a Copa da África.
Neste ano, em 16 jogos pelo Bahia, sofreu 13 gols -média de 0,81
por partida.
Negão
Os jogadores do Bahia se desmancham em elogios a Andem.
``É um goleiro excepcional. É forte, seguro e passa seriedade ao seu
sistema defensivo'', declara o meia
Bobô, que tem a sua versão para a
boa adaptação de Andem à atmosfera baiana.
``Acho que o que está ajudando-o a se integrar é o fato de estar
cercado de negão.''
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