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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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No 0 a 0 contra o México, técnico põe Diego só no fim e esquece Robinho

Gol continua detalhe no Brasil de Parreira

Henry Romero/Reuters
Ronaldo, que mais uma vez não atuou bem sob o comando de Parreira, domina diante de mexicano no amistoso em Guadalajara


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO MÉXICO

O gol é um detalhe. A idéia que marcou a passagem do treinador Carlos Alberto Parreira pela seleção brasileira está resgatada.
A equipe nacional não saiu de um 0 a 0 com o México ontem, em Guadalajara. Foi o terceiro jogo da equipe sob o comando do técnico do tetra. Em 270 minutos, só um gol, de pênalti, na derrota para Portugal (1 a 2). No último jogo de Parreira à frente da seleção em 1994, aliás, 0 a 0 após 120 minutos.
O ex-técnico do Corinthians ainda não obteve uma vitória sequer nesta que é a sua terceira passagem como líder da comissão técnica da seleção brasileira.
No jogo de ontem, um fato curioso que ilustra bem a falta de ímpeto do Brasil: apenas aos 13min do segundo tempo o time finalizou a gol pela primeira vez.
O decantado poderio ofensivo brasileiro não foi visto em nenhum momento na primeira etapa. O atacante Ronaldo, com a faixa de capitão, só tratou de liderar o time no amistoso de duas equipes parceiras da americana Nike.
O México, ao contrário do que o Brasil fez durante toda a partida, imprimiu velocidade e teve várias chances para marcar. O atacante Borgetti perdeu três boas oportunidades apenas no primeiro tempo -na melhor delas, chutou em cima de Dida quase da pequena área, e a bola tocou o travessão.
O lateral-direito Belletti, reserva histórico de Cafu, foi o responsável pelo único esboço de ataque da seleção na etapa inicial. Mesmo assim superou com dificuldade a marcação mexicana e se atrapalhou na conclusão da jogada.
"O time está mal. Precisamos mudar a forma de jogar", disse Parreira no intervalo, dando a entender que mexeria na equipe.
O zagueiro Edmílson culpou o meio-campo pelas várias chances criadas pelos mexicanos. O esquema cauteloso, porém, não foi colocado em dúvida pelo atleta -o 4-4-2 é quase mesmo uma obsessão para Parreira.
Criou-se a expectativa da entrada dos Meninos da Vila, Diego e Robinho, as duas grandes novidades na seleção. Porém não foi o que aconteceu. Luisão, Emerson, Juninho Pernambucano e Athirson foram os reservas escolhidos para mudar a tediosa situação.
No segundo tempo, o jogo caiu muito de ritmo. O México, único time que corria em campo, parou. O toque de bola das duas equipes, sem objetividade, não premiava o animado público que compareceu ao famoso estádio Jalisco.
Ronaldo arriscou algumas finalizações na segunda etapa, todas longe do gol -com a camisa do Real Madrid, contra o Manchester United, pela Copa dos Campeões, marcou três naquela que foi sua melhor atuação no ano.
Os jogadores que entraram na segunda etapa não conseguiram mudar muito a dinâmica do time brasileiro, mas pelo menos a equipe arriscou alguns chutes. Amoroso, Gilberto Silva, Anderson Polga, Júnior e Zé Roberto saíram de campo tendo feito pouco.
Quando faltavam pouco mais de cinco minutos para o final do jogo, Parreira decidiu colocar, enfim, Diego. Com pouco tempo para mostrar seu talento e sem a companhia de seu grande parceiro, Robinho, mal foi notado.
O México voltou a pressionar a equipe brasileira e só não abriu o placar devido à péssima pontaria de Borgetti -a invencibilidade do Brasil no estádio Jalisco foi mantida com muita sorte.
Guadalajara já aplaudiu várias vezes goleadas e dribles do futebol brasileiro. Ontem, assistiu a um insosso jogo sem gols e emoção, que deixou de lado aquele que mais é comparado na atualidade aos imortais Garrincha e Pelé.
"No primeiro tempo, não jogamos. No segundo, acertamos a marcação. Faltou o gol", disse Parreira no final da partida. "A equipe está de parabéns", concluiu Kleberson logo em seguida.
Na Copa das Confederações, o Brasil deverá levar jovens, como Robinho. Resta saber se jogará.


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