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moleza
Setor VIP vira farra da meia-entrada
Com fiscalização falha, venda de ingressos com desconto em espaço destinado a público elitizado ultrapassa os 50%
São Paulo altera borderô de semifinal do Paulista, que apontava cerca de 90%
de meias-entradas no setor Visa, 11 dias após a partida
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
EDUARDO OHATA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor que nasceu para ser
diferenciado dos demais no
Morumbi, no Parque Antarctica e na Vila Belmiro virou paraíso da meia-entrada. Na área
Visa, que privilegia os torcedores que possuem cartão de crédito e se propõe a dar mais conforto, a venda de entradas com
desconto ultrapassa os 50%.
Na semifinal entre São Paulo
e Corinthians, no dia 19, a incidência de meias-entradas beirava a totalidade dos assentos,
cerca de 90%. Após a operadora
do setor ter sido contatada pela
reportagem da Folha para falar
sobre o assunto, o borderô foi
alterado, apesar de terem se
passado dez dias da partida.
O pedido de mudança partiu
do clube mandante, informou a
Federação Paulista de Futebol.
Levantamento feito durante
as semifinais e o primeiro jogo
decisivo do Estadual, com exceção do Pacaembu (que não
tem o setor Visa), mostra que a
incidência de meia-entrada na
área VIP é muito superior à observada nos demais setores.
Um fator que contribui para
esse alto índice de ingressos
para estudantes e idosos são as
falhas na fiscalização. A reportagem entrou com uma meia-
-entrada em jogo no Morumbi
sem mostrar identificação.
O bilhete para o jogo entre
São Paulo e América de Cali,
pela Taça Libertadores, foi adquirido pela internet, através
do site Futebolcard. No ato da
compra, um aviso informava a
necessidade de comprovação
do direito à meia-entrada.
No dia da partida, sem nenhum documento desse tipo, a
reportagem entrou no estádio.
Ocupou o lugar V243 do setor
12 na arquibancada Visa -antiga arquibancada vermelha.
Ao passar na catraca o cartão
de crédito usado para adquirir
o lugar, houve a identificação
eletrônica de meia-entrada. No
comprovante emitido pela catraca consta o valor de R$
22,00 -preço com desconto,
mais 10% de taxa de compra.
Mas a fiscal que tomava conta da catraca não pediu a comprovação do direito ao bilhete
mais barato por meio de carteirinha ou outro documento.
No caso do estádio são-paulino, a Outplan, empresa que administra o serviço nos setores
Visa, disponibiliza 18 mil lugares. No acordo, a companhia se
compromete a investir R$ 5
milhões no Morumbi.
Mas conselheiros dizem que
ela não tem como levantar a
verba. No Palmeiras, a firma
tampouco apresentou carta-
-fiança exigida pelo clube, no
valor de R$ 1 milhão.
A parte de tecnologia foi desenvolvida em parceria entre
Outplan e Visa. Esta recebe o
retorno na forma de exposição
da marca e com a oportunidade
de oferecer aos clientes um
produto diferenciado. Já a Outplan é responsável pela parte
operacional e leva uma porcentagem da venda dos ingressos.
Cartolas dos clubes buscam
racionalizar essa abundância
de meias-entradas verificada.
O alto índice no setor Visa
desperta suspeitas e também
pedidos de investigação por
parte de conselheiros oposicionistas dos clubes envolvidos.
""Pelo que sei, há 60% de inteiras e 40% de meias-entradas
no setor VIP. O sócio-torcedor
entra com meia-entrada, na
primeira fase da Libertadores
houve pacote ligado às meias-
-entradas e tem promoção de
meias-entradas às quartas",
disse Adalberto Baptista, diretor de marketing do São Paulo.
Já no Palmeiras, a existência
de um problema é admitido.
""Com a entrada da Outplan,
vamos ser um pouco mais rigorosos. Haverá mais critério na
venda de ingressos, a gente entende que ainda há falhas. O
Brasileiro será um bom teste",
argumentou Fabio Raiola, diretor financeiro do clube.
""Mas a torcida do Palmeiras
é mais jovem, tem muitos estudantes. O perfil é assim, pode
não ser tudo uma questão de
falha na venda de ingressos.
Além disso, os conselheiros
têm direito a meia-entrada."
Apesar de tudo, a Visa se
mostra feliz com a parceria.
""O projeto do setor Visa teve
início no Figueirense, em Santa Catarina, e hoje ele já está
presente em sete clubes pelo
Brasil. Estamos satisfeitos, 300
mil ingressos já foram vendidos", comemora Sabrina Sciama, representante de relações
corporativas da Visa. ""Pela
nossa base de dados, em algumas partidas há 20% de mulheres nessa área", diz ela.
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