São Paulo, sexta, 1 de maio de 1998

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JUCA KFOURI
Por una "lluz'

Primeiro foi o argentino Castrilli que veio incomodar. E um argentino incomoda muita gente.
Depois chegou o argentino Claudio López. E dois argentinos incomodam, incomodam muito mais. Parece até que elles tiraram a semana para bagunçar o nosso coreto.
Diga-se desde logo que perder para Argentina não desonra ninguém.
A seleção perdeu agora no Maracanã como ganhou no Monumental de Núñez.
O que preocupa é a forma, tanto da derrota como da vitória (aí incluída também a sobre a Alemanha).
Sobretudo a falta de forma.
Tanto nas vitórias como anteontem, a seleção não mostrou padrão algum, crítica recorrente, e que Zagallo imputa a regionalismos que só existem na cabeça delle.
Pois bem feito: saiu do Maracanã ouvindo a torcida carioca entoando o célebre coro de "burro, burro".
E elle não é burro, é bom também esclarecer depressa.
Elle é passado, apenas isso.
Roberto Carlos não joga na seleção brasileira como joga no Real Madrid.
Denílson não joga na seleção como no São Paulo.
Ronaldinho não joga na seleção como no Inter.
Por quê?
Certamente não é por causa nem do técnico do Real Madrid nem do técnico São Paulo nem do técnico do Inter.
Será por causa do modello de que técnico, então?
Talvez por causa daquelle que bota o Raí alli, e o Raí vai mal -como foram mal o Rivaldo alli, o Leonardo (que agora deu para ficar também violento), o Giovanni alli, o Zinho etc.
Ah, mas o Juninho...
Tenha a santa paciência! Então o Juninho é melhor que o Rivaldo, que o Giovanni, que o Raí que o...?
E a defesa, sempre em linha, sempre um convite para dançar um reggae ou um tango de Passarella?
E a dupla Ro-Ro, que daqui a pouco também estará saqueando supermercado por absoluta, exasperante falta de alimentação?
Repita-se, perder da Argentina não é nada.
Mas é preciso ter uma proposta de jogo, mesmo que seja a que Carlos Alberto Parreira teve desde sempre.
Não, não se tocará aqui em Júlio César, em Mauro Galvão nem muito menos em Muller -como não se tocará, num bandonéon, a comovente Valsa do Adeus.
Tempo há para que, pelo menos, alguém acenda uma luz. Mesmo que seja "lluz".



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