São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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O preto no branco com Felipão

WASHINGTON OLIVETTO

Vai começar a Copa para o Brasil. E nós, brasileiros, vamos ter de nos conformar com o Felipão como técnico, quando o técnico deveria ser o Parreira, que já era bom em 1994 e progrediu ainda mais agora em 2002, quando passou a dirigir uma equipe verdadeiramente grande e com a qual acaba de ser campeão da Copa do Brasil e do Torneio Rio-São Paulo.
Não tendo Parreira, temos de nos conformar com Marcos no gol, que, apesar de ser um bom goleiro, jamais disputou uma final de Mundial.
Sua partida mais internacional foi a final do Mundial interclubes, e o resultado todos sabem: Manchester 1 x 0 time do Marcos. Com Parreira, teríamos Dida, o único goleiro do mundo campeão do Mundial de Clubes da Fifa.
Felipão também não convocou Rogério, esqueceu Fábio Luciano e desconheceu Anderson Beraldo -o que faz com que a gente vá de Cafu, Lúcio e Edmilson, zagueiros visivelmente inferiores aos três anteriormente citados.
Ainda na zaga, há outro problema grave: a não-convocação de Kléber, o que dá a Roberto Carlos a condição de titular quando, na verdade, ele seria um magnífico reserva.
Felipão acertou na convocação de Vampeta, mas está errando na escalação de Emerson. Com Vampeta e Ricardinho, certamente o maior injustiçado na convocação de Felipão -e obviamente muito superior a Kleberson ou Juninho-, ele teria um meio-de-campo perfeito. Bastaria acrescentar o Fabrício.
Com as opções que escolheu, Felipão vai ter um meio-de-campo apenas razoável.
Já no ataque, Deivid, Leandro e Gil seriam indiscutíveis. Assim como o atacante Romário. Até entendo a não-convocação de Romário. Certamente, deve-se ao fato de ele atuar numa equipe de pouca expressão, que tem o Eurico Miranda como dirigente e fica no Rio de Janeiro.
Se Romário morasse em São Paulo, longe do futevôlei -que o Felipão tanto odeia-, atuando numa equipe como, por exemplo, a campeã do Torneio Rio-São Paulo e da Copa do Brasil, ele certamente teria sido chamado.
Essa é a verdade, e dá até para compreender, mas os casos de Deivid, Leandro e Gil ainda são inexplicáveis.
Moral da história: sem os quatro, Felipão tem hoje apenas Ronaldo, Ronaldinho, Denílson, Rivaldo, Luizão e Edílson como opções de gol.
Tenho a esperança de que Rivaldo se recupere e lembre seus melhores tempos, quando jogava em São Paulo, numa equipe situada na zona leste da capital, naquele momento treinada por Mário Sérgio.
Equipe essa que abrigou também Luizão e Edílson nos seus momentos de glória.
Talvez os três -mais particularmente Luizão e Edílson- sejam tomados pelo espírito todo-poderoso daquela época e acabem sendo também campeões mundiais pela seleção brasileira, uma vez que campeões mundiais de clubes eles já foram. Vamos ver, vamos ver.
De todo jeito, apesar de tantos erros de convocação e escalação, espero que Felipão tenha sorte, e o Brasil faça um belo Mundial.
Por enquanto, é tudo uma incógnita. A França, que parecia muito bem, andou perdendo da Bélgica, o Felipão da Itália resolveu não levar o Baggio, que é o Romário deles, a Inglaterra vem com Beckham depois de uma séria contusão e a Argentina pode se sentir complexada devido à sua crise econômica.
Neste momento, só existe uma certeza: jogando com seu uniforme alvinegro, a Alemanha será certamente a equipe mais elegante da Copa-2002.


Washington Olivetto, publicitário sempre (e cronista esportivo eventual), estudou imparcialidade com Juca Kfouri


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