|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A Noruega será o rival mais dificil da seleção
CARLOS ALBERTO PARREIRA
Hoje vou conversar com o Zagallo sobre o que vi da Noruega, no jogo em que derrotou por 6
a 0 a Arábia -seleção a qual,
vocês já sabem, irei comandar no
Mundial da França. Se bem que,
sobre aquele jogo, eu vou ter muito pouco a falar.
Como o próprio técnico Egil Olsen, da Noruega, disse, o juiz errou muito. Em 20 minutos deu
um pênalti, num lance absurdo
contra a gente, e expulsou nosso
goleiro. Dez minutos depois, expulsou um de nossos zagueiros.
Foi um jogo de 11 contra 9.
Não foi um bom teste para a
Arábia nem para a Noruega porque o juiz estragou a partida no
primeiro tempo. De qualquer forma, creio que a Noruega é o adversário mais difícil do Brasil.
Eles, tome-se como exemplo,
não perdem em casa há uns 30
jogos. Têm um meio-de-campo
muito forte, com cinco jogadores
nesse setor e exploram muito bem
as laterais. Em suma, praticam
um jogo de muitos cruzamentos
para a área, aproveitando-se do
fato de disporem de jogadores
muito altos, que cabeceiam bem.
Em todo lance de escanteio ou
de falta, a bola acaba parando
dentro da área. Até mesmo arremessos laterais, eles cobram com
força para que alguém tente o
cabeceio.
A Noruega também tem uma
jogada inteligente. Quando lançam na área e resulta em rebote,
aparecem três ou quatro jogadores para tentar o chute.
Sobre a seleção brasileira, posso
dizer que estou acompanhando
os acontecimentos, mais à distância, por meio da imprensa. É
claro que a situação de Romário
e Dunga, que nem puderam viajar para Bilbao, é preocupante.
Muito mais se os dois ficarem de
fora de um jogo da Copa. Mas a
seleção é formada por 22 atletas.
Se o Zagallo convocou o Doriva,
por exemplo, como possível substituto de Dunga, é porque acredita no desempenho do Doriva.
Em princípio ele teria até outras opções, como o próprio Mauro Silva, que tem mais experiência internacional que o Doriva.
Já disputou uma Copa do Mundo, ficou cinco anos na Europa.
Outra opção seria o Zé Elias, mas
se o Zagallo não chamou nem um
nem outro, e chamou Doriva, repito, é porque confia nele.
Particularmente, acho Doriva
um bom jogador, que tem bom
preparo físico e, principalmente,
tem humildade, uma pessoa que
pode seguir à risca às orientações
do técnico. Zagallo certamente
levou isso em consideração no
momento de convocá-lo.
Vou aproveitar a conversa de
hoje para consultar Zagallo sobre
a possibilidade de meus jogadores acompanharem um treino da
seleção brasileira em
Ozoir-la-Ferrière. Se a programação da seleção permitir, poderíamos até marcar um jogo-treino
entre as duas equipes.
No dia seguinte ao jogo com a
Noruega, assisti a Dinamarca x
Suécia. A seleção dinamarquesa é
a primeira adversária da Arábia
na Copa. A Suécia, que não está
no Mundial, ganhou de 3 a 0,
porque jogou com muita vontade.
A Dinamarca, como toda equipe
às vésperas da Copa do Mundo,
teve receio de colocar o pé em
divididas. Por isso, também não
conseguirei ter muito parâmetro
a partir desse jogo.
Estou confiante no papel que a
Arábia pode desempenhar no
Mundial, apesar de estarmos
num grupo muito difícil.
Estou treinando há 40 dias aqui
na França e creio que podemos
chegar às oitavas-de-final. Sem
dúvida, a França, que é uma das
candidatas ao título e joga em
casa, é o adversário mais difícil.
E não será facil vencer Dinamarca e África do Sul. Mas se eu
não confiasse no time, não estaria todo esse tempo treinando na
Europa nem aceitaria esse cargo.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|