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Chegada da seleção brasileira tumultua e acirra rivalidade política entre as pequenas cidades de Lésigny e Ozoir-la-Ferrière
Brasil gera rixa entre prefeituras
RODRIGO AMARAL
Ozoir-la-Ferrière
A seleção brasileira não só mudou a rotina das pequenas cidades
de Ozoir-la-Ferrière (21 mil habitantes) e Lésigny (8.000), na região
de Paris, como também alimentou
a rivalidade entre suas prefeituras.
As administrações trocam críticas quanto à forma como foi preparada a recepção aos brasileiros.
As acusações vão desde completa
desorganização até a usurpação,
em materiais de divulgação, do
hotel em que a seleção brasileira
está hospedada.
Na verdade, ambas tiveram de
modificar o trajeto de ruas, realizar obras e interferir no dia-a-dia
de muitos de seus moradores para
que a delegação da CBF optasse
por se instalar na região.
O hotel em que a seleção está
hospedada, por exemplo, fica em
Lésigny, em uma região residencial distante do centro. O isolamento do local foi tamanho que os
moradores precisam de passes para poder chegar a suas casas.
Aliás, o hotel, chamado Château
de la Grande Romaine, é um dos
motivos de queixa da Prefeitura de
Lésigny quanto à sua contraparte
de Ozoir-la-Ferrière.
O prefeito de Lésigny, Maurice
Mollard, reclama que a prefeitura
vizinha deu a entender, em seus
dossiês de divulgação para a imprensa, que o hotel ficaria mesmo
em Ozoir-la-Ferrière.
Para ele, a Prefeitura de
Ozoir-la-Ferrière está se valendo
da equipe brasileira para "buscar notoriedade". "Os negócios
tomaram conta de Ozoir."
Por sua vez, a cidade vizinha afirma que Lésigny está totalmente
desorganizada e não soube preparar a recepção à equipe brasileira.
"Moradores de Lésigny vieram nos pedir para que fizéssemos
a organização para eles", afirma
Christian Delebarr, intendente da
Câmara de Ozoir-la-Ferrière.
Mollard diz não ter preparado
esquema especial além do da região do hotel porque não "quer
fazer negócios com a Copa". "Só
quisemos assegurar tranquilidade
para a equipe brasileira."
As duas cidades ficam a menos
de dez minutos de automóvel. A
proximidade incentiva a confusão
e levou a Prefeitura de Lésigny a
afixar um mal-humorado aviso em
sua recepção: "Não distribuímos nenhum crachá para os moradores de Ozoir-la-Ferrière".
A rixa é alimentada pela filiação
política dos prefeitos. Mollard é da
UDF, segundo maior partido de
direita da França. Já o prefeito de
Ozoir-la-Ferrière, Jacques Loyer,
milita no Partido Socialista, de
centro-esquerda, mesmo grupo do
primeiro-ministro Lionel Jospin.
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