São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

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Chegada da seleção brasileira tumultua e acirra rivalidade política entre as pequenas cidades de Lésigny e Ozoir-la-Ferrière
Brasil gera rixa entre prefeituras

RODRIGO AMARAL
Ozoir-la-Ferrière

A seleção brasileira não só mudou a rotina das pequenas cidades de Ozoir-la-Ferrière (21 mil habitantes) e Lésigny (8.000), na região de Paris, como também alimentou a rivalidade entre suas prefeituras.
As administrações trocam críticas quanto à forma como foi preparada a recepção aos brasileiros.
As acusações vão desde completa desorganização até a usurpação, em materiais de divulgação, do hotel em que a seleção brasileira está hospedada.
Na verdade, ambas tiveram de modificar o trajeto de ruas, realizar obras e interferir no dia-a-dia de muitos de seus moradores para que a delegação da CBF optasse por se instalar na região.
O hotel em que a seleção está hospedada, por exemplo, fica em Lésigny, em uma região residencial distante do centro. O isolamento do local foi tamanho que os moradores precisam de passes para poder chegar a suas casas.
Aliás, o hotel, chamado Château de la Grande Romaine, é um dos motivos de queixa da Prefeitura de Lésigny quanto à sua contraparte de Ozoir-la-Ferrière.
O prefeito de Lésigny, Maurice Mollard, reclama que a prefeitura vizinha deu a entender, em seus dossiês de divulgação para a imprensa, que o hotel ficaria mesmo em Ozoir-la-Ferrière.
Para ele, a Prefeitura de Ozoir-la-Ferrière está se valendo da equipe brasileira para "buscar notoriedade". "Os negócios tomaram conta de Ozoir."
Por sua vez, a cidade vizinha afirma que Lésigny está totalmente desorganizada e não soube preparar a recepção à equipe brasileira.
"Moradores de Lésigny vieram nos pedir para que fizéssemos a organização para eles", afirma Christian Delebarr, intendente da Câmara de Ozoir-la-Ferrière.
Mollard diz não ter preparado esquema especial além do da região do hotel porque não "quer fazer negócios com a Copa". "Só quisemos assegurar tranquilidade para a equipe brasileira."
As duas cidades ficam a menos de dez minutos de automóvel. A proximidade incentiva a confusão e levou a Prefeitura de Lésigny a afixar um mal-humorado aviso em sua recepção: "Não distribuímos nenhum crachá para os moradores de Ozoir-la-Ferrière".
A rixa é alimentada pela filiação política dos prefeitos. Mollard é da UDF, segundo maior partido de direita da França. Já o prefeito de Ozoir-la-Ferrière, Jacques Loyer, milita no Partido Socialista, de centro-esquerda, mesmo grupo do primeiro-ministro Lionel Jospin.



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