|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polêmicas privaram gaúchos de três Mundiais
DO ENVIADO A MONTEVIDÉU
E DA REPORTAGEM LOCAL
A língua afiada. A distância dos
holofotes do eixo Rio-São Paulo.
A fama de retranqueiros de alguns. Por um ou mais desses motivos, nunca um técnico do Rio
Grande do Sul, mesmo aqueles
que ficaram longe da terra natal
por muito tempo, teve o sabor de
comandar a seleção brasileira em
uma Copa do Mundo.
Em três oportunidades, um
gaúcho deixou de alcançar o ápice
na profissão de treinador apenas
nas vésperas do Mundial.
Foi assim com Oswaldo Brandão, nas Copas de 1958 e 1978, e
João Saldanha, em 1970.
Com exceção do Mundial da
Argentina, em que um empate
com a Colômbia nas eliminatórias sul-americanas causou a saída de Brandão, as outras duas
"derrocadas gaúchas" tiveram
componentes políticos.
"Dei uma entrevista criticando
os dirigentes e acabei fora da seleção", disse Brandão quase 20 anos
depois de ser trocado pelo paulista Vicente Feola, que acabaria
conquistando o primeiro Mundial para o Brasil, na Suécia.
A saída de Saldanha apenas três
meses antes do início da Copa do
México, em 1970, para dar lugar
ao alagoano Zagallo é um dos fatos mais controversos da história
da seleção brasileira.
Primeiro, o treinador se recusou
a atender ao pedido do então presidente Emílio Garrastazu Médici,
que queria o atacante Dario no
grupo que ia ao Mundial.
Depois, brigou com médicos e
preparadores físicos, todos cariocas. Poucos dias antes de sua demissão, invadiu o Flamengo com
um revólver para ameaçar Iustrich, então técnico do clube.
Quando não foi pelo temperamento, os técnicos gaúchos foram
simplesmente ignorados.
Com fama de retranqueiro,
Ênio Andrade nunca chegou à seleção, apesar de ser o único treinador campeão brasileiro por três
clubes diferentes -em um deles
invicto, fato inédito até hoje.
Assim como Luiz Felipe Scolari,
Brandão, Saldanha e Andrade
marcaram suas carreiras pela celebração do rigor na marcação,
uma das marcas do estilo gaúcho.
"Não fui bom jogador, mas não
tinha medo de dividir", dizia
Brandão sobre seus tempos de
atleta, que nortearam depois seu
trabalho como treinador.
Com seu estilo gaúcho, apesar
de ter feito sua carreira no Brasil
nos grandes times de São Paulo,
Brandão fez sucesso no Uruguai e
na Argentina, onde foi campeão,
respectivamente, com Peñarol e
Independiente.
Saldanha, que trocou o Rio
Grande do Sul pelo Rio de Janeiro
ainda jovem, fez sua curta carreira
como treinador com o discurso
das "feras" e tentando mudar o
estilo da seleção.
Assim como Scolari agora, Saldanha tentou instituir o líbero na
equipe que preparava para a Copa
-função que seria exercida por
Piazza. Andrade, acusado até de
não gostar de craques, tinha como
principal marca o treinamento até
a exaustão dos fundamentos básicos do futebol.
(FV e PC)
Texto Anterior: A vez dos Pampas Próximo Texto: RS tem relação tumultuada com seleção Índice
|