São Paulo, domingo, 01 de julho de 2001

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FUTEBOL
Quase três décadas após performances de Pelé no país, modalidade se torna a mais praticada nas universidades
Mulheres fazem da chuteira esporte nacional nos EUA

BARBARA MATSON
DO ""THE BOSTON GLOBE"

Finalmente aconteceu. O futebol tornou-se um esporte nacional nos EUA.
Vocês se recordam do Pelé? Lembram de 1975, quando o deus do futebol veio do Brasil jogar no New York Cosmos da Liga de Futebol Norte-Americano (Nasl), o primeiro campeonato profissional da modalidade nos EUA?
O esporte mundial favorito ia ser o novo passatempo do norte-americano. Ia saturar o país.
Vocês se lembram das imagens de centenas e centenas de crianças driblando bolas de futebol em campos suburbanos intermináveis? Lembram-se de como elas iam se tornar a onda do futuro?
Não aconteceu. A Nasl surgiu e sumiu. Pelé aposentou-se. De novo. Mas aquelas crianças estavam, de fato, chutando bolas de futebol pelos campos do subúrbio. E metade tinha rabos-de-cavalo. As meninas fizeram a maré virar.
Começou com o movimento de futebol de juventude, que ganhou espaço nos anos 70. Depois veio o sucesso da equipe nacional feminina norte-americana na Olimpíada de Atlanta de 1996 e na Copa do Mundo de 1999 com vitórias espetaculares, como o chute de Brandi Chastain na disputa de pênaltis contra a China. Cada vez mais, meninas e mulheres aderiram ao futebol.
Na semana passada, a NCAA (da sigla em inglês para Associação Atlética Nacional de Faculdades) anunciou que o futebol tornou-se o esporte mais popular entre as universitárias. O futebol ostenta o maior número de participantes femininas nas universidades associadas à entidade: 18.188 atletas inscritas entre as três divisões da temporada de 1999/2000, 3,9% a mais que em 1998/1999.
O futebol ultrapassou o atletismo em pista aberta, que caiu 2,4%, para 17.788 participantes. O atletismo indoor teve 15.701 participantes, seguido de softbol, com 15.157, e basquete, com 14.445.
Incidentalmente, o maior salto em participação foi o de tiro, com 68,1%, e esgrima, com 14,1%. As mulheres estão se armando.
""É incrível o número de pessoas que saem do colégio querendo jogar futebol", disse o técnico de Harvard Tim Wheaton, que levou o Crimson ao estrelato nacional, incluindo cinco participações consecutivas nos torneios da NCAA. ""As universidades estão respondendo a esse desejo."
Nos últimos cinco anos, 180 novos times femininos universitários começaram a jogar. Em 2000, 21 faculdades, em três divisões, adotaram o futebol feminino.
O futebol ainda é o sexto esporte feminino de equipe da NCAA, com 811 equipes universitárias, vindo atrás de basquete (1.011), vôlei (967), cross country (882), tênis (870) e softbol (857). Mas a cada ano surgem mais times.
""Certamente, do ponto de vista de popularidade, é a equipe que se deve acrescentar", disse a técnica do Boston College Allison Foley. ""Nota-se o interesse desde as crianças até os jovens."
""A atenção conquistada pelos membros do time nacional norte-americano acrescentou fascinação ao futebol", disse Foley. ""Fizeram tanto sucesso que realmente atraíram a juventude."
A nova liga profissional, a Associação Unida de Futebol Feminino, coloca o esporte em maior exposição ainda. ""As meninas assistem [aos jogos" e querem jogar", afirmou Foley.
Segundo Wheaton, nos EUA o futebol é um grande esporte, um esporte que todos podem aprender a jogar. ""É um dos poucos esportes em que o sucesso da pessoa não é predeterminado geneticamente", argumentou ele. ""Tenho pessoas no meu time com 1,80 m, mas também com 1,50 m."
O futebol também produz muitos jogadores porque não é um esporte caro. ""É relativamente barato", disse Wheaton. ""Com chuteiras e uma bola, a pessoa está pronta para jogar", disse Foley.
O futebol feminino começou seu movimento há 15 anos. Na temporada de 1984/1985, ficou em quinto lugar em participação de universitárias, com 3.967 atletas da NCAA. Em 1989/1990, foram 5.930 atletas, ficando em terceiro lugar. Permanecendo em terceiro, os números explodiram em 1994/1995 para 10.909.


Tradução de Deborah Weinberg



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