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FUTEBOL
Quase três décadas após performances de Pelé no país, modalidade se torna a mais praticada nas universidades
Mulheres fazem da chuteira esporte nacional nos EUA
BARBARA MATSON
DO ""THE BOSTON GLOBE"
Finalmente aconteceu. O futebol tornou-se um esporte nacional nos EUA.
Vocês se recordam do Pelé?
Lembram de 1975, quando o deus
do futebol veio do Brasil jogar no
New York Cosmos da Liga de Futebol Norte-Americano (Nasl), o
primeiro campeonato profissional da modalidade nos EUA?
O esporte mundial favorito ia
ser o novo passatempo do norte-americano. Ia saturar o país.
Vocês se lembram das imagens
de centenas e centenas de crianças
driblando bolas de futebol em
campos suburbanos intermináveis? Lembram-se de como elas
iam se tornar a onda do futuro?
Não aconteceu. A Nasl surgiu e
sumiu. Pelé aposentou-se. De novo. Mas aquelas crianças estavam,
de fato, chutando bolas de futebol
pelos campos do subúrbio. E metade tinha rabos-de-cavalo. As
meninas fizeram a maré virar.
Começou com o movimento de
futebol de juventude, que ganhou
espaço nos anos 70. Depois veio o
sucesso da equipe nacional feminina norte-americana na Olimpíada de Atlanta de 1996 e na Copa do Mundo de 1999 com vitórias espetaculares, como o chute
de Brandi Chastain na disputa de
pênaltis contra a China. Cada vez
mais, meninas e mulheres aderiram ao futebol.
Na semana passada, a NCAA
(da sigla em inglês para Associação Atlética Nacional de Faculdades) anunciou que o futebol tornou-se o esporte mais popular entre as universitárias. O futebol ostenta o maior número de participantes femininas nas universidades associadas à entidade: 18.188
atletas inscritas entre as três divisões da temporada de 1999/2000,
3,9% a mais que em 1998/1999.
O futebol ultrapassou o atletismo em pista aberta, que caiu
2,4%, para 17.788 participantes. O
atletismo indoor teve 15.701 participantes, seguido de softbol, com
15.157, e basquete, com 14.445.
Incidentalmente, o maior salto
em participação foi o de tiro, com
68,1%, e esgrima, com 14,1%. As
mulheres estão se armando.
""É incrível o número de pessoas
que saem do colégio querendo jogar futebol", disse o técnico de
Harvard Tim Wheaton, que levou
o Crimson ao estrelato nacional,
incluindo cinco participações
consecutivas nos torneios da
NCAA. ""As universidades estão
respondendo a esse desejo."
Nos últimos cinco anos, 180 novos times femininos universitários começaram a jogar. Em 2000,
21 faculdades, em três divisões,
adotaram o futebol feminino.
O futebol ainda é o sexto esporte
feminino de equipe da NCAA,
com 811 equipes universitárias,
vindo atrás de basquete (1.011),
vôlei (967), cross country (882),
tênis (870) e softbol (857). Mas a
cada ano surgem mais times.
""Certamente, do ponto de vista
de popularidade, é a equipe que se
deve acrescentar", disse a técnica
do Boston College Allison Foley.
""Nota-se o interesse desde as
crianças até os jovens."
""A atenção conquistada pelos
membros do time nacional norte-americano acrescentou fascinação ao futebol", disse Foley. ""Fizeram tanto sucesso que realmente
atraíram a juventude."
A nova liga profissional, a Associação Unida de Futebol Feminino, coloca o esporte em maior exposição ainda. ""As meninas assistem [aos jogos" e querem jogar",
afirmou Foley.
Segundo Wheaton, nos EUA o
futebol é um grande esporte, um
esporte que todos podem aprender a jogar. ""É um dos poucos esportes em que o sucesso da pessoa
não é predeterminado geneticamente", argumentou ele. ""Tenho
pessoas no meu time com 1,80 m,
mas também com 1,50 m."
O futebol também produz muitos jogadores porque não é um esporte caro. ""É relativamente barato", disse Wheaton. ""Com chuteiras e uma bola, a pessoa está
pronta para jogar", disse Foley.
O futebol feminino começou
seu movimento há 15 anos. Na
temporada de 1984/1985, ficou em
quinto lugar em participação de
universitárias, com 3.967 atletas
da NCAA. Em 1989/1990, foram
5.930 atletas, ficando em terceiro
lugar. Permanecendo em terceiro,
os números explodiram em
1994/1995 para 10.909.
Tradução de Deborah Weinberg
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