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JOSÉ ROBERTO TORERO
O mundo se curva ao Jardim Irene
Penta leitor, penta leitora,
eu vos pergunto: qual o
melhor momento desta
conquista? E eu vos respondo:
para mim, o melhor momento
foi a comemoração.
Ali, depois de ter vencido o
principal evento esportivo do
planeta, depois de ter superado
o país mais poderoso da Europa, o Brasil mostrou um pouco
de sua alma, um pouco do que
faz dele um país tão especial.
Edílson vestindo uma saia
improvisada, Edmilson com
sua camisa evangélica, Vampeta de camiseta toda rabiscada,
Roque Júnior de boné, os jogadores usando a bandeira como
capa, aquela esculhambação
toda foi um retrato de um país
que tem seu próprio jeito de ser.
Aquela festa sem modos, sem
respeito a protocolo, funcionou
como uma terapia coletiva.
Quem tinha algum complexo de
inferioridade em relação ao resto do mundo, pode esquecer.
E não paramos por aí. Nosso
capitão não se contentou em ficar atrás do púlpito. Montou
sobre ele como se fosse um caixote de feira e ali, acima de Pelé, Blatter, Beckenbauer e Teixeira, levantou a taça. Aquele
improviso foi a cara da seleção,
que venceu graças à invenção,
ao talento, ao inusitado.
E talvez a síntese disso tudo
seja o que Cafu escreveu em sua
camisa: "100% Jardim Irene",
que é o nome do humilde bairro
da zona sul de São Paulo em
que ele nasceu. Enfim, hoje a capital do mundo não é Paris,
nem Londres, nem Berlim, nem
Jerusalém, nem Meca, nem Tóquio. É o Jardim Irene.
torero@uol.com.br
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