São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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JOSÉ ROBERTO TORERO

O mundo se curva ao Jardim Irene

Penta leitor, penta leitora, eu vos pergunto: qual o melhor momento desta conquista? E eu vos respondo: para mim, o melhor momento foi a comemoração.
Ali, depois de ter vencido o principal evento esportivo do planeta, depois de ter superado o país mais poderoso da Europa, o Brasil mostrou um pouco de sua alma, um pouco do que faz dele um país tão especial.
Edílson vestindo uma saia improvisada, Edmilson com sua camisa evangélica, Vampeta de camiseta toda rabiscada, Roque Júnior de boné, os jogadores usando a bandeira como capa, aquela esculhambação toda foi um retrato de um país que tem seu próprio jeito de ser.
Aquela festa sem modos, sem respeito a protocolo, funcionou como uma terapia coletiva. Quem tinha algum complexo de inferioridade em relação ao resto do mundo, pode esquecer.
E não paramos por aí. Nosso capitão não se contentou em ficar atrás do púlpito. Montou sobre ele como se fosse um caixote de feira e ali, acima de Pelé, Blatter, Beckenbauer e Teixeira, levantou a taça. Aquele improviso foi a cara da seleção, que venceu graças à invenção, ao talento, ao inusitado.
E talvez a síntese disso tudo seja o que Cafu escreveu em sua camisa: "100% Jardim Irene", que é o nome do humilde bairro da zona sul de São Paulo em que ele nasceu. Enfim, hoje a capital do mundo não é Paris, nem Londres, nem Berlim, nem Jerusalém, nem Meca, nem Tóquio. É o Jardim Irene.

torero@uol.com.br



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