São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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GINÁSTICA
Público vaia resultado, e técnica lamenta a ausência de juízes do país nos Jogos
Inconformadas com a arbitragem, brasileiras terminam em 8º lugar

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY

A equipe brasileira saiu aos prantos da competição de ginástica rítmica desportiva, ontem, inconformada com as notas dos jurados, que a deixaram na última colocação entre as oito finalistas.
Com 19.066 pontos na apresentação com maças (bastonetes que atiram umas para as outras), as brasileiras já entraram na última fase, a da apresentação com fitas, sem esperanças de medalha.
Sob o som de ""Aquarela do Brasil", fizeram a exibição com fitas, que, assim como a com maças, levantou a platéia presente no ginásio. Quando foram anunciados os pontos das brasileiras -19.200 na prova das fitas, num total de 38.266-, a vaia foi geral.
""A ginástica é dominada pelos países europeus, principalmente pelos do leste. Por isso, a América do Sul e o Brasil simplesmente não apitam", lamentava a técnica Bárbara Laffranchi, reclamando das notas dos juízes.
""Minha mãe faz parte da Federação Internacional de Ginástica, mas não tem poder nenhum em relação à arbitragem. A Grécia ficou em terceiro lugar e tinha juiz grego. Belarus ficou em segundo e tinha juiz de Belarus. A Rússia foi a primeira e um dos jurados era russo. Fazer o quê?"
Hans Zacharias, vice-presidente da federação, disse entender a revolta brasileira, mas fez questão de defender os juízes. ""Eles são os melhores do mundo e foram escolhidos antes de sabermos quais seriam os finalistas."
Mesmo reconhecendo que a apresentação do Brasil empolgou -""elas estão de parabéns"-, o dirigente lembrou que critérios técnicos são levados em conta na hora da avaliação.
""O grau de dificuldade é um deles. As outras coreografias podem ter sido mais complicadas, não?", perguntou, acrescentando que o aspecto artístico também é relevante. ""As outras apresentações talvez tenham sido mais clássicas na avaliação dos jurados", afirmou o dirigente.
Mas Laffranchi não se dá por vencida. ""Os outros países não foram tão originais como nós, mas tudo bem. O importante é que estamos abrindo espaço para a ginástica brasileira."
O simples fato de terem disputado as finais -a Espanha, atual campeã olímpica, ficou de fora- é sinal, acredita ela, de que o país está evoluindo.
""Só viemos para a Olimpíada porque ganhamos o Pan-Americano no ano passado, quando nem apostavam na gente. Não tínhamos tradição alguma na GRD (ginástica rítmica desportiva), mas agora fizemos alguma coisa, por menor que ela seja. Esta equipe tem de ficar orgulhosa do que fez", afirmou a técnica.


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