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MOTOR
Forza Fiat
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
As montadoras lançaram
nesta semana, na Holanda,
a pedra fundamental para uma
F-1 própria a partir de 2008. Depois de meses de ameaça, os barões da indústria automobilística
européia registraram a GPWC
Holding BV, empresa que eventualmente controlará a nova ou a
velha F-1, movimento inexorável,
não depende de negociações.
Mercedes, Fiat, Renault, BMW
e Ford (tudo bem, a marca é americana, mas é o fortíssimo braço
europeu da empresa que está no
comando dessa operação) fazem
parte da cúpula. Outras montadoras e todos os times, até mesmo
os que não contam com apoio formal da indústria automobilística,
já foram convidados a participar.
Em resumo, começou apenas
como uma ameaça para garantir
a transmissão da F-1 na TV aberta. Só que agora virou negócio de
verdade. Perceberam que a coisa
pode dar dinheiro, exigem participação nos lucros e, se possível,
poucas cabeças para dividi-los.
São os donos da bola, no caso,
dos melhores motores e de alguns
dos melhores times. Só não fizeram isso antes por falta de interesse -o boom das montadoras é
relativamente recente- e oportunidade -Bernie Ecclestone a
criou ao vender 75% ações do negócio para os alucinados alemães.
Cheira a golpe e parece mesmo
um. O grupo Kirch ou qualquer
outro conglomerado de mídia
não conseguirá se impor a isso.
E, faltando ainda seis anos para
o final do contrato vigente, o Pacto de Concórdia, que mantém todo mundo preso ao formato
atual, sobra tempo para negociar
a transmissão das corridas com
algum concorrente qualquer.
A hipótese de se manter uma espécie de F-1 paralela com outros
times e outras montadoras não
existe. E por um simples fato. Na
liga rival, como fundadora, estará
a Fiat, a dona da Ferrari. E como
já disse Ecclestone, não existe F-1
sem a Ferrari. Para onde ela for, o
resto necessariamente seguirá
atrás. E sabe quem é o presidente
da GPWC? Claro, Paolo Cantarella, o chefão do grupo Fiat. O vice
é Jürgen Hubbert, principal executivo da DaimlerChrysler, dona
da Mercedes, dona da McLaren.
Só isso é suficiente para dimensionar o peso do negócio. Acabou
a brincadeira, a F-1 é de quem
mete a mão no bolso e, hoje em
dia, quem faz isso são as marcas.
Em dez anos estaremos torcendo pela Fiat ou pela Renault?
Não, nem por sonho, nem o mais
obtuso marqueteiro seria capaz
de imaginar isso. Em 20 anos, porém, não arriscaria.
Mika Hakkinen agora torna pública sua novela. Só nesta semana, declarou que foi procurado
pelo "amigo" David Coulthard
para participar de testes durante
a próxima temporada e que pensa seriamente em voltar às pistas
em 2003, com o blablablá de sempre, amor às pistas, adrenalina.
Acho curiosa essa necessidade
que os pilotos têm de demonstrar
paixão pela profissão, como se isso não fosse óbvio, afinal, é difícil
imaginar que o sujeito arrisque o
pescoço a cada 15 dias apenas por
um bom salário ou pela glória.
Talvez seja uma forma de justificar o risco, o vício pela velocidade, pela estupidez embutida. Bastam minutos à beira de uma pista
para perceber a violência do esporte -e, claro, o que nela atrai.
Não existe piloto que abra mão
disso, de justificativas. Não existe
piloto que diga que só faz correr
por não saber fazer mais nada.
Apenas um fã
Obituários devem lembrar que George Harrison era figura recorrente nos bastidores da F-1. Enquanto pôde, acompanhou corridas
e várias decisões do Mundial. Sempre era procurado para dar palpites, mas não era um aficionado e sim um torcedor. E torceu ferozmente apenas pelos que admirou nas pistas, mais tarde traduzidos por amigos, entre eles, Emerson Fittipaldi e Jackie Stewart.
Em férias
Afastado do noticiário, passa período com a família nas ilhas Maurício, Michael Schumacher foi representado por Willi Weber, nesta
semana. O empresário ratificou que o plano da Ferrari de largar na
temporada de 2002 com o carro de 2001 é o mais adequado, como
já havia defendido o piloto. Segundo Weber, a proibição de testes
neste final de ano inviabilizou o desenvolvimento da nova caixa de
câmbio em titânio, que será montada em corpo único com o motor. Fosse tão seguro, o plano não exigiria tantas justificativas.
E-mail: mariante@uol.com.br
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