São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2001

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MOTOR

Forza Fiat

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

As montadoras lançaram nesta semana, na Holanda, a pedra fundamental para uma F-1 própria a partir de 2008. Depois de meses de ameaça, os barões da indústria automobilística européia registraram a GPWC Holding BV, empresa que eventualmente controlará a nova ou a velha F-1, movimento inexorável, não depende de negociações.
Mercedes, Fiat, Renault, BMW e Ford (tudo bem, a marca é americana, mas é o fortíssimo braço europeu da empresa que está no comando dessa operação) fazem parte da cúpula. Outras montadoras e todos os times, até mesmo os que não contam com apoio formal da indústria automobilística, já foram convidados a participar.
Em resumo, começou apenas como uma ameaça para garantir a transmissão da F-1 na TV aberta. Só que agora virou negócio de verdade. Perceberam que a coisa pode dar dinheiro, exigem participação nos lucros e, se possível, poucas cabeças para dividi-los.
São os donos da bola, no caso, dos melhores motores e de alguns dos melhores times. Só não fizeram isso antes por falta de interesse -o boom das montadoras é relativamente recente- e oportunidade -Bernie Ecclestone a criou ao vender 75% ações do negócio para os alucinados alemães.
Cheira a golpe e parece mesmo um. O grupo Kirch ou qualquer outro conglomerado de mídia não conseguirá se impor a isso.
E, faltando ainda seis anos para o final do contrato vigente, o Pacto de Concórdia, que mantém todo mundo preso ao formato atual, sobra tempo para negociar a transmissão das corridas com algum concorrente qualquer.
A hipótese de se manter uma espécie de F-1 paralela com outros times e outras montadoras não existe. E por um simples fato. Na liga rival, como fundadora, estará a Fiat, a dona da Ferrari. E como já disse Ecclestone, não existe F-1 sem a Ferrari. Para onde ela for, o resto necessariamente seguirá atrás. E sabe quem é o presidente da GPWC? Claro, Paolo Cantarella, o chefão do grupo Fiat. O vice é Jürgen Hubbert, principal executivo da DaimlerChrysler, dona da Mercedes, dona da McLaren.
Só isso é suficiente para dimensionar o peso do negócio. Acabou a brincadeira, a F-1 é de quem mete a mão no bolso e, hoje em dia, quem faz isso são as marcas.
Em dez anos estaremos torcendo pela Fiat ou pela Renault? Não, nem por sonho, nem o mais obtuso marqueteiro seria capaz de imaginar isso. Em 20 anos, porém, não arriscaria.

Mika Hakkinen agora torna pública sua novela. Só nesta semana, declarou que foi procurado pelo "amigo" David Coulthard para participar de testes durante a próxima temporada e que pensa seriamente em voltar às pistas em 2003, com o blablablá de sempre, amor às pistas, adrenalina.
Acho curiosa essa necessidade que os pilotos têm de demonstrar paixão pela profissão, como se isso não fosse óbvio, afinal, é difícil imaginar que o sujeito arrisque o pescoço a cada 15 dias apenas por um bom salário ou pela glória.
Talvez seja uma forma de justificar o risco, o vício pela velocidade, pela estupidez embutida. Bastam minutos à beira de uma pista para perceber a violência do esporte -e, claro, o que nela atrai.
Não existe piloto que abra mão disso, de justificativas. Não existe piloto que diga que só faz correr por não saber fazer mais nada.

Apenas um fã
Obituários devem lembrar que George Harrison era figura recorrente nos bastidores da F-1. Enquanto pôde, acompanhou corridas e várias decisões do Mundial. Sempre era procurado para dar palpites, mas não era um aficionado e sim um torcedor. E torceu ferozmente apenas pelos que admirou nas pistas, mais tarde traduzidos por amigos, entre eles, Emerson Fittipaldi e Jackie Stewart.

Em férias
Afastado do noticiário, passa período com a família nas ilhas Maurício, Michael Schumacher foi representado por Willi Weber, nesta semana. O empresário ratificou que o plano da Ferrari de largar na temporada de 2002 com o carro de 2001 é o mais adequado, como já havia defendido o piloto. Segundo Weber, a proibição de testes neste final de ano inviabilizou o desenvolvimento da nova caixa de câmbio em titânio, que será montada em corpo único com o motor. Fosse tão seguro, o plano não exigiria tantas justificativas.
E-mail: mariante@uol.com.br


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