São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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AÇÃO

Fundo demais

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Aos dois anos ela venceu sua primeira competição na água: uma prova de natação de poucos metros, mas que lhe rendeu uma medalha de ouro, a primeira da vida.
Aos 13, começou a mergulhar livremente nas águas do Mediterrâneo, instruída por seu pai, mergulhador profissional e filho de mergulhador profissional.
Como membro da terceira geração de mestres na arte de imergir sem ajuda de equipamento respiratório, era de se esperar que a francesinha seguisse as pegadas ancestrais. Não era de se esperar, entretanto, que ela estivesse pronta a superar tecnicamente familiares tão talentosos e assim se transformar em um dos melhores free-divers do mundo, entre homens e mulheres.
Na faculdade de biologia marítima, cursada na Cidade do México, ela, ainda encantada pelo esporte, decidiu fazer uma tese sobre os pulmões do campeoníssimo Francisco "Pippin" Ferrera, o maior ícone que o free-diving já teve. Foi por causa do tema que ambos se encontraram e, pouco tempo depois, estavam casados. Treinada pelo maior talento que a atividade já teve, ela se aperfeiçoou ainda mais e saiu quebrando recordes marés afora.
Em 97, desceu 263 pés, recorde francês para mulheres. Em 98, foram 378 pés e mais um recorde mundial. Em 2000, 412,5 pés e mais dois recordes: o mundial feminino e o de primeira mulher entre os top 5 do mundo.
No sábado passado, Audrey Mestre, 28, estava se preparando para quebrar os recordes mundiais masculino e feminino. Ela desceria 561 pés. Como em treinamento, por duas ocasiões, já havia imergido 557 e 554, e como o recorde mundial era de 531 (ironicamente, pertencente a seu marido), todos acreditavam que Mestre viria à tona, dois minutos e meio depois, como o novo ícone do free-diver.
Mas os deuses dos esportes extremos não pedem autorização para mudar o roteiro da história sem aviso prévio. Audrey morreu embaixo d'água. Nove minutos e quarenta e quatro segundos depois de descer, seu corpo foi trazido de volta por mergulhadores que acompanhavam a tentativa.
Ainda não se sabe a causa do acidente, mas fato é que o esporte mundial perdeu, de maneira dramática, como quase sempre acontece nesses casos, mais um fora-de-série.
 

A americana Krissy Moehl, 25, foi considerada pela revista "Outside" a mulher mais resistente à dor do mundo. Tudo porque ela, que é corredora de ultramaratona, nunca deixou de chegar entre os três primeiros colocados nas tortuosas provas de 100 km desde que começou a competir, há três anos. O treinamento da moça é correr, seis noites por semana, a distância miúda de 50 km.
 

Emma Richards, 27, é a única mulher na Around Alone, uma maratona de iatismo que dá a volta no mundo e é considerada por muitos como a competição mais extenuante, física e mentalmente, do planeta. Se completar, será a primeira mulher a fazê-la.
A prova, que leva iatistas solo por mais de 45 mil km das mais remotas águas do planeta, é disputada desde 1982 e pode ser acompanhada velada a velada pelo site www.aroundalone.com.

Power Surf Camp
Um centro de treinamento montado em Ibiraquera, em Santa Catarina, começa a funcionar a partir do próximo dia 20. Entre os instrutores estão Romeu Bruno e Paulo Sefton. Informações: www.powersufcamp.com.br.

Inverno e verão
A ESPN decidiu juntar os X-Games das duas estações e criou o "First Ever x Games Global Championship". O evento será em maio, parte em Santo Antonio (EUA) parte em Whistler (CAN) e será disputado por equipes.

Amyr Klink cover
O russo Fyodor Konyukhov estabeleceu o novo recorde mundial ao conduzir a remo seu barco de San Sebastian (Ilhas Canárias) a Porto de St. Charles (Barbados). Ele passou 46 dias e quatro horas remando a média de 3,5 knots por hora para cobrir 4.500 km.

E-mail
sarli@revistatrip.com.br


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