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AÇÃO
Fundo demais
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Aos dois anos ela venceu sua
primeira competição na
água: uma prova de natação de
poucos metros, mas que lhe rendeu uma medalha de ouro, a primeira da vida.
Aos 13, começou a mergulhar livremente nas águas do Mediterrâneo, instruída por seu pai, mergulhador profissional e filho de
mergulhador profissional.
Como membro da terceira geração de mestres na arte de imergir
sem ajuda de equipamento respiratório, era de se esperar que a
francesinha seguisse as pegadas
ancestrais. Não era de se esperar,
entretanto, que ela estivesse pronta a superar tecnicamente familiares tão talentosos e assim se
transformar em um dos melhores
free-divers do mundo, entre homens e mulheres.
Na faculdade de biologia marítima, cursada na Cidade do México, ela, ainda encantada pelo
esporte, decidiu fazer uma tese sobre os pulmões do campeoníssimo
Francisco "Pippin" Ferrera, o
maior ícone que o free-diving já
teve. Foi por causa do tema que
ambos se encontraram e, pouco
tempo depois, estavam casados.
Treinada pelo maior talento que
a atividade já teve, ela se aperfeiçoou ainda mais e saiu quebrando recordes marés afora.
Em 97, desceu 263 pés, recorde
francês para mulheres. Em 98, foram 378 pés e mais um recorde
mundial. Em 2000, 412,5 pés e
mais dois recordes: o mundial feminino e o de primeira mulher
entre os top 5 do mundo.
No sábado passado, Audrey
Mestre, 28, estava se preparando
para quebrar os recordes mundiais masculino e feminino. Ela
desceria 561 pés. Como em treinamento, por duas ocasiões, já havia imergido 557 e 554, e como o
recorde mundial era de 531 (ironicamente, pertencente a seu marido), todos acreditavam que
Mestre viria à tona, dois minutos
e meio depois, como o novo ícone
do free-diver.
Mas os deuses dos esportes extremos não pedem autorização
para mudar o roteiro da história
sem aviso prévio. Audrey morreu
embaixo d'água. Nove minutos e
quarenta e quatro segundos depois de descer, seu corpo foi trazido de volta por mergulhadores
que acompanhavam a tentativa.
Ainda não se sabe a causa do
acidente, mas fato é que o esporte
mundial perdeu, de maneira dramática, como quase sempre acontece nesses casos, mais um fora-de-série.
A americana Krissy Moehl, 25, foi
considerada pela revista "Outside" a mulher mais resistente à dor
do mundo. Tudo porque ela, que
é corredora de ultramaratona,
nunca deixou de chegar entre os
três primeiros colocados nas tortuosas provas de 100 km desde
que começou a competir, há três
anos. O treinamento da moça é
correr, seis noites por semana, a
distância miúda de 50 km.
Emma Richards, 27, é a única
mulher na Around Alone, uma
maratona de iatismo que dá a
volta no mundo e é considerada
por muitos como a competição
mais extenuante, física e mentalmente, do planeta. Se completar,
será a primeira mulher a fazê-la.
A prova, que leva iatistas solo
por mais de 45 mil km das mais
remotas águas do planeta, é disputada desde 1982 e pode ser
acompanhada velada a velada
pelo site www.aroundalone.com.
Power Surf Camp
Um centro de treinamento montado em Ibiraquera, em Santa Catarina, começa a funcionar a partir do próximo dia 20. Entre os instrutores estão Romeu Bruno e Paulo Sefton. Informações: www.powersufcamp.com.br.
Inverno e verão
A ESPN decidiu juntar os X-Games das duas estações e criou o
"First Ever x Games Global Championship". O evento será em
maio, parte em Santo Antonio (EUA) parte em Whistler (CAN) e
será disputado por equipes.
Amyr Klink cover
O russo Fyodor Konyukhov estabeleceu o novo recorde mundial
ao conduzir a remo seu barco de San Sebastian (Ilhas Canárias) a
Porto de St. Charles (Barbados). Ele passou 46 dias e quatro horas
remando a média de 3,5 knots por hora para cobrir 4.500 km.
E-mail
sarli@revistatrip.com.br
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