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SURFE
Sob restrições, começa hoje em Fernando de Noronha o campeonato da segunda divisão mundial
"Havaí brasileiro" abriga sua 1ª etapa
JOÃO CARLOS BOTELHO
da Reportagem Local
O ""Havaí brasileiro" começa a
ter seu potencial esportivo explorado. A partir de hoje, a ilha de
Fernando de Noronha (PE), considerada o melhor local para a
prática do surfe no país, recebe
sua primeira etapa completa válida por uma das divisões mundiais
da modalidade.
Realizado desde 1976, o Circuito
Mundial teve já em seu primeiro
ano um campeonato no Brasil. A
partir de então, só não aconteceram etapas no país em 1979 e entre 1983 e 1985.
Em todo esse período, Fernando de Noronha nunca havia recebido uma competição completa.
A ilha só havia abrigado as fases a
partir das quartas-de-final de
uma etapa do WQS, o circuito de
acesso, em 1995.
O campeonato entre hoje e a
próxima segunda-feira também é
da segunda divisão. A intenção
dos organizadores é conseguir,
nos próximos anos, abrigar uma
prova do WCT, o circuito de elite.
""A própria ASP (Associação dos
Surfistas Profissionais, entidade
que controla a modalidade) tem
interesse em realizar as etapas do
WCT nas melhores ondas do planeta, e sem dúvida Fernando de
Noronha está entre esses lugares",
afirmou Álfio Lagnado, proprietário da marca Hang Loose, organizadora do campeonato.
A principal dificuldade em realizar competições em Fernando
de Noronha era a resistência do
governo estadual -a ilha é uma
área de proteção ambiental.
De acordo com o presidente da
da Federação de Surfe de Pernambuco e da Confederação Brasileira, Geraldo Cavalcanti, a resistência começou a ser vencida
no início de 1999.
O principal trunfo, segundo ele,
foi ter conseguido o apoio do secretário estadual de Desenvolvimento, Esporte e Turismo, Carlos
Eduardo Pereira.
Também pesou o fato de que a
Hang Loose não pretendia mais
organizar no Estado etapas válidas pelo WQS, por causa das pequenas ondas nas praias continentais de Pernambuco.
Com esses fatores, foi possível
conseguir a autorização para que
o campeonato pudesse ser realizado e também o patrocínio do
governo estadual.
Algumas exigências, no entanto, terão de ser respeitadas. Uma
delas é que, no máximo, 800 pessoas por dia, incluindo turistas,
poderão estar na ilha.
Outra é que, por ordem do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), as disputas terão de terminar sempre até as
17h30, para não atrapalhar a desova das tartarugas.
Por último, com exceção dos
jornalistas e da equipe de organização, todas as pessoas que forem
à ilha por causa da competição,
inclusive os surfistas, terão de pagar a taxa de permanência (R$ 176
por uma semana).
Por iniciativa dos organizadores, ainda serão deslocados dois
funcionários para ficar responsáveis pela fiscalização da limpeza
da praia em que as disputas estiverem acontecendo.
A estrutura para a realização do
evento terá dois palanques, um na
praia da Cacimba do Padre e outro na do Boldró. ""As disputas de
cada dia acontecerão onde as ondas estiverem melhores", disse
Cavalcanti. Também será possível
esperar pelas ondulações, já que o
período disponível para as disputas é de seis dias.
Comparação
O que define Fernando de Noronha como o ""Havaí brasileiro"
é o tamanho e a qualidade das ondas de algumas das praias, assim
como no arquipélago dos EUA.
Outra característica é que, ao
contrário da maior parte das
praias brasileiras, a ilha registra
melhores condições no verão, e
não no inverno.
Segundo Cavalcanti, na semana
passada, Fernando de Noronha já
havia recebido um swell (série de
ondas) grande. ""Recebi uma ligação de lá e fui informado de que as
ondas estavam com 10 pés (3,05
metros)", contou o dirigente.
Esse é o tamanho da ondulação
em que foi disputado no ano passado o Honolua Bay Shootout,
um dos principais campeonatos
da temporada havaiana de ondas
grandes. O melhor período no
Havaí também acontece nesta
época, entre o final de um ano e o
início do seguinte.
O maior swell de que o presidente da federação pernambucana já teve conhecimento em Fernando de Noronha registrou até
12 pés (3,65 metros). A medida
representa a altura da parte de
trás da onda. Quando observada
de frente, ela passa a impressão
de que é maior.
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