São Paulo, Quarta-feira, 02 de Fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SURFE
Sob restrições, começa hoje em Fernando de Noronha o campeonato da segunda divisão mundial
"Havaí brasileiro" abriga sua 1ª etapa

JOÃO CARLOS BOTELHO
da Reportagem Local

O ""Havaí brasileiro" começa a ter seu potencial esportivo explorado. A partir de hoje, a ilha de Fernando de Noronha (PE), considerada o melhor local para a prática do surfe no país, recebe sua primeira etapa completa válida por uma das divisões mundiais da modalidade.
Realizado desde 1976, o Circuito Mundial teve já em seu primeiro ano um campeonato no Brasil. A partir de então, só não aconteceram etapas no país em 1979 e entre 1983 e 1985.
Em todo esse período, Fernando de Noronha nunca havia recebido uma competição completa. A ilha só havia abrigado as fases a partir das quartas-de-final de uma etapa do WQS, o circuito de acesso, em 1995.
O campeonato entre hoje e a próxima segunda-feira também é da segunda divisão. A intenção dos organizadores é conseguir, nos próximos anos, abrigar uma prova do WCT, o circuito de elite.
""A própria ASP (Associação dos Surfistas Profissionais, entidade que controla a modalidade) tem interesse em realizar as etapas do WCT nas melhores ondas do planeta, e sem dúvida Fernando de Noronha está entre esses lugares", afirmou Álfio Lagnado, proprietário da marca Hang Loose, organizadora do campeonato.
A principal dificuldade em realizar competições em Fernando de Noronha era a resistência do governo estadual -a ilha é uma área de proteção ambiental.
De acordo com o presidente da da Federação de Surfe de Pernambuco e da Confederação Brasileira, Geraldo Cavalcanti, a resistência começou a ser vencida no início de 1999.
O principal trunfo, segundo ele, foi ter conseguido o apoio do secretário estadual de Desenvolvimento, Esporte e Turismo, Carlos Eduardo Pereira.
Também pesou o fato de que a Hang Loose não pretendia mais organizar no Estado etapas válidas pelo WQS, por causa das pequenas ondas nas praias continentais de Pernambuco.
Com esses fatores, foi possível conseguir a autorização para que o campeonato pudesse ser realizado e também o patrocínio do governo estadual.
Algumas exigências, no entanto, terão de ser respeitadas. Uma delas é que, no máximo, 800 pessoas por dia, incluindo turistas, poderão estar na ilha.
Outra é que, por ordem do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), as disputas terão de terminar sempre até as 17h30, para não atrapalhar a desova das tartarugas.
Por último, com exceção dos jornalistas e da equipe de organização, todas as pessoas que forem à ilha por causa da competição, inclusive os surfistas, terão de pagar a taxa de permanência (R$ 176 por uma semana).
Por iniciativa dos organizadores, ainda serão deslocados dois funcionários para ficar responsáveis pela fiscalização da limpeza da praia em que as disputas estiverem acontecendo.
A estrutura para a realização do evento terá dois palanques, um na praia da Cacimba do Padre e outro na do Boldró. ""As disputas de cada dia acontecerão onde as ondas estiverem melhores", disse Cavalcanti. Também será possível esperar pelas ondulações, já que o período disponível para as disputas é de seis dias.

Comparação
O que define Fernando de Noronha como o ""Havaí brasileiro" é o tamanho e a qualidade das ondas de algumas das praias, assim como no arquipélago dos EUA.
Outra característica é que, ao contrário da maior parte das praias brasileiras, a ilha registra melhores condições no verão, e não no inverno.
Segundo Cavalcanti, na semana passada, Fernando de Noronha já havia recebido um swell (série de ondas) grande. ""Recebi uma ligação de lá e fui informado de que as ondas estavam com 10 pés (3,05 metros)", contou o dirigente.
Esse é o tamanho da ondulação em que foi disputado no ano passado o Honolua Bay Shootout, um dos principais campeonatos da temporada havaiana de ondas grandes. O melhor período no Havaí também acontece nesta época, entre o final de um ano e o início do seguinte.
O maior swell de que o presidente da federação pernambucana já teve conhecimento em Fernando de Noronha registrou até 12 pés (3,65 metros). A medida representa a altura da parte de trás da onda. Quando observada de frente, ela passa a impressão de que é maior.


Texto Anterior: Lusa já enfrenta o marasmo da 1ª fase
Próximo Texto: Brasileiro foi o melhor em SC
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.