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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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TÊNIS

Ele e os outros

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

A data é 30 de março de 2003. O dia, um domingo. São 11h02 em Miami. Faz sol, mas o vento, forte, tira a sensação de calor. O silêncio na quadra central do Crandon Park é absoluto.
Andre Agassi, segundos antes da partida contra Carlos Moyá, olha para o céu, atento à intensidade do vento. Solta a bola e saca, a 188 km/h. Ace, 15/0.
Enquanto Moyá arrasta seu corpo para o outro lado da quadra e a torcida bate palmas, Agassi, compenetrado, rapidamente se prepara para continuar o jogo. Ele precisaria apenas de pouco mais de uma hora para triturar o espanhol e conquistar, aos 32 anos, quase 33, seu sexto título em Miami, o 16º em um Masters Series, o 57º de sua extensa carreira.
 
O que um tenista costuma pensar entre um ponto e outro durante um jogo decisivo?
Marat Safin já revelou que chega a pensar até em mulheres. Lleyton Hewitt, sabe-se, canta mentalmente uma música que serve de estímulo. Tem tenista que pensa contra quem vai jogar se vencer; outros não tiram da cabeça sua própria imagem com o troféu daquele torneio.
Agassi, porém, não se distrai. Veterano, consegue pensar apenas no ponto seguinte, sempre. "Tênis é um jogo de inteligência. Vou sempre obrigar meu adversário a fazer um jogo inteligente."
 
Repare: Agassi aproveita e conquista os torneios quando os outros bobeiam. No Aberto da Austrália, Hewitt caiu nas oitavas-de-final, diante de um marroquino, Safin caiu na terceira rodada, Gustavo Kuerten caiu na segunda rodada. A Agassi só restou bater em Wayne Ferreira, Rainer Schuettler, quase covardia.
Em Miami, Kuerten não passou da estréia, Hewitt não sobreviveu à segunda rodada, Safin idem. Ferrero foi à terceira rodada. Até a final, Agassi não encarou nenhum grande figurão. Foi baba.
 
Não bastasse tudo isso, tem ainda o saque. Agassi, que sempre fez mais sucesso pela sua devolução de saque do que pelo serviço em si, melhorou bastante o serviço nos últimos tempos.
Mais consistente, coloca a bola onde bem quer. Dificilmente permite ao adversário chegar ao break point. E, quando permite, raramente entrega o ponto.
Em Miami, em seis jogos, foram só 21 break points cedidos, 5 aproveitados pelos adversários. Na Austrália, nas últimas quatro partidas, as decisivas, teve só um serviço quebrado em apenas seis breaks concedidos.
Sem contar o jogo na rede, que também melhorou muito...
 
Montecarlo? Houston? Roma? Hamburgo? Talvez. Paris? Com certeza.
"Quero chegar a Paris forte, fresco, pronto para levar os adversários ao limite", falou em Miami, sorriso no rosto.
Fala-se à boca pequena que o objetivo de Agassi neste ano é ganhar Roland Garros, Wimbledon e o Aberto dos EUA. Só isso.

Para elas
Larry Scott, 38, é o mais novo homem-forte da WTA. Apesar do sucesso das irmãs Williams e da melhora na imagem do circuito, o tênis feminino ainda não encontrou seu caminho. Scott, ex-ATP, assume no lugar de Kevin Wulff, que ficou só 18 meses no cargo.

Entre elas
Jennifer Capriati causou polêmica ao pedir à organização em Miami uma música a favor da guerra ("Bombs over Baghdad"). Serena disse pouco antes da final com Capriati que a guerra é uma besteira.

Ela
Maria Fernanda Alves, a melhor brasileira, ganhou mais um título no México. Subiu 16 posições e é a 268ª no ranking, seu melhor posto.

E-mail reandaku@uol.com.br


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