|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TÊNIS
Ele e os outros
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
A data é 30 de março de
2003. O dia, um domingo.
São 11h02 em Miami. Faz sol, mas
o vento, forte, tira a sensação de
calor. O silêncio na quadra central do Crandon Park é absoluto.
Andre Agassi, segundos antes
da partida contra Carlos Moyá,
olha para o céu, atento à intensidade do vento. Solta a bola e saca,
a 188 km/h. Ace, 15/0.
Enquanto Moyá arrasta seu
corpo para o outro lado da quadra e a torcida bate palmas, Agassi, compenetrado, rapidamente se
prepara para continuar o jogo.
Ele precisaria apenas de pouco
mais de uma hora para triturar o
espanhol e conquistar, aos 32
anos, quase 33, seu sexto título em
Miami, o 16º em um Masters Series, o 57º de sua extensa carreira.
O que um tenista costuma pensar entre um ponto e outro durante um jogo decisivo?
Marat Safin já revelou que chega a pensar até em mulheres.
Lleyton Hewitt, sabe-se, canta
mentalmente uma música que
serve de estímulo. Tem tenista
que pensa contra quem vai jogar
se vencer; outros não tiram da cabeça sua própria imagem com o
troféu daquele torneio.
Agassi, porém, não se distrai.
Veterano, consegue pensar apenas no ponto seguinte, sempre.
"Tênis é um jogo de inteligência.
Vou sempre obrigar meu adversário a fazer um jogo inteligente."
Repare: Agassi aproveita e conquista os torneios quando os outros bobeiam. No Aberto da Austrália, Hewitt caiu nas oitavas-de-final, diante de um marroquino, Safin caiu na terceira rodada,
Gustavo Kuerten caiu na segunda
rodada. A Agassi só restou bater
em Wayne Ferreira, Rainer
Schuettler, quase covardia.
Em Miami, Kuerten não passou
da estréia, Hewitt não sobreviveu
à segunda rodada, Safin idem.
Ferrero foi à terceira rodada. Até
a final, Agassi não encarou nenhum grande figurão. Foi baba.
Não bastasse tudo isso, tem ainda o saque. Agassi, que sempre fez
mais sucesso pela sua devolução
de saque do que pelo serviço em
si, melhorou bastante o serviço
nos últimos tempos.
Mais consistente, coloca a bola
onde bem quer. Dificilmente permite ao adversário chegar ao
break point. E, quando permite,
raramente entrega o ponto.
Em Miami, em seis jogos, foram
só 21 break points cedidos, 5 aproveitados pelos adversários. Na
Austrália, nas últimas quatro
partidas, as decisivas, teve só um
serviço quebrado em apenas seis
breaks concedidos.
Sem contar o jogo na rede, que
também melhorou muito...
Montecarlo? Houston? Roma?
Hamburgo? Talvez. Paris? Com
certeza.
"Quero chegar a Paris forte,
fresco, pronto para levar os adversários ao limite", falou em Miami, sorriso no rosto.
Fala-se à boca pequena que o
objetivo de Agassi neste ano é ganhar Roland Garros, Wimbledon
e o Aberto dos EUA. Só isso.
Para elas
Larry Scott, 38, é o mais novo homem-forte da WTA. Apesar do sucesso das irmãs Williams e da melhora na imagem do circuito, o tênis
feminino ainda não encontrou seu caminho. Scott, ex-ATP, assume
no lugar de Kevin Wulff, que ficou só 18 meses no cargo.
Entre elas
Jennifer Capriati causou polêmica ao pedir à organização em Miami
uma música a favor da guerra ("Bombs over Baghdad"). Serena disse
pouco antes da final com Capriati que a guerra é uma besteira.
Ela
Maria Fernanda Alves, a melhor brasileira, ganhou mais um título no
México. Subiu 16 posições e é a 268ª no ranking, seu melhor posto.
E-mail reandaku@uol.com.br
Texto Anterior: Legislação: Senado remarca para hoje votação da MP79 Próximo Texto: Futebol - Tostão: Novidade na seleção Índice
|