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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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FUTEBOL

Novidade na seleção

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Após a derrota para Portugal, começaram as discussões se o Brasil deveria jogar com três zagueiros, como na Copa-2002, já que Roberto Carlos e Cafu avançam bastante.
O Brasil não venceu o Mundial porque atuou com três zagueiros, e sim por muitos outros motivos.
Além disso, Edmilson atuou na Copa mais tempo como volante, à frente da zaga, do que como zagueiro.
Há problemas quando se joga com dois zagueiros, mas trocar um armador por um terceiro zagueiro é ainda pior.
É no meio-campo que se iniciam as jogadas. O time fica mais equilibrado com dois zagueiros e dois volantes do que com três zagueiros e um volante.
Não se deve é jogar com os laterais apoiando, dois zagueiros e apenas um volante.
Em algumas partidas, Parreira poderá recuar o Gilberto Silva para ser quase um terceiro zagueiro, como o técnico fez na Copa de 94 com Mauro Silva.
Prefiro os dois volantes marcando no meio-campo e alternando com os laterais o apoio ao ataque.
Além de marcar, volantes de uma grande equipe e da seleção precisam ter razoável habilidade para avançar.
Roberto Carlos atua no Real Madrid de lateral, e não de ala. Dizer que ele só é bom no apoio e por isso deveria atuar ao lado de três zagueiros é um grande engano. Roberto Carlos é o melhor lateral do mundo porque defende e ataca bem, no momento certo.
Ele está em grande forma, melhor do que antes. Apenas jogou mal esta partida.
Cafu é que joga de ala na Roma, quase como um ponta-direita. Terá de se adaptar à lateral. Não há também um jogador confiável para substituí-lo.
A novidade tática da seleção contra Portugal foi a mudança de posição do Ronaldinho. Em vez de atuar mais livre, próximo do Ronaldo e do Rivaldo, como na Copa e no amistoso contra a China, ele jogou na meia direita, com funções defensivas e ofensivas.
Ronaldinho formou um quarteto no meio-campo, ao lado dos volantes Gilberto Silva e Kleberson e do meia esquerda Zé Roberto. Quase todas as principais equipes e seleções do mundo atuam desta forma.
As diferenças são devidas às características dos jogadores.
No Mundial, Rivaldo e Ronaldinho se revezavam na armação de jogadas. Não se deve confundir um meia-atacante que recua para receber a bola e às vezes desarma no campo adversário, com o armador que marca no meio e no seu campo e avança quando o seu time recupera a bola.
Neste jogo, Ronaldinho fez um grande esforço para se adaptar à nova função. Individualmente, foi muito bem. Não se limitou à meia direita. Mas gosto mais dele livre, próximo da área. Aí, a sua fantasia e habilidade são mais decisivas. No mínimo, deixa o companheiro umas duas vezes na cara do gol. Contra Portugal, ele jogou muito longe do Ronaldo.
Não foi surpresa a derrota do Brasil. Se os principais jogadores não estiverem inspirados, a seleção brasileira ficará no nível de muitas outras. Ronaldo está se transformando num fenômeno de poucas e decisivas partidas. Rivaldo está com problemas, dentro e fora de campo.
O Brasil ganhou cinco Mundiais porque sempre teve alguns verdadeiros craques, em número maior do que os adversários, e não porque revelou um grande número de bons e excelentes jogadores.

Análise e previsão
Parafraseando o Jô Soares, não querendo ser precipitado, mas sendo, a primeira rodada do Brasileiro foi uma amostra de que o campeonato será equilibrado; que a qualidade das equipes no Estadual não é uma referência confiável porque os grandes só enfrentam um ou dois fortes rivais; que nenhum resultado será surpresa (a não ser goleada) e que veremos gols de pura arte, como o de Alex contra o São Caetano.
Dá também para imaginar que o Corinthians terá dificuldades de ganhar até do Fénix se jogar com um ataque formado por Leandro, Fumagalli e Jorge Wagner improvisado; que o São Paulo vai continuar com a defesa desprotegida; que o São Caetano é candidato ao título; que os times cariocas terão poucas chances de ganhar o Campeonato Brasileiro; que o Alético-MG está melhor do que se pensava e que o Cruzeiro depende muito do Alex.
Como se vê, comentarista é ansioso e adora analisar e fazer previsões antes da hora.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br


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