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FUTEBOL
Novidade na seleção
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Após a derrota para Portugal, começaram as discussões se o Brasil deveria jogar com
três zagueiros, como na Copa-2002, já que Roberto Carlos e Cafu avançam bastante.
O Brasil não venceu o Mundial
porque atuou com três zagueiros,
e sim por muitos outros motivos.
Além disso, Edmilson atuou na
Copa mais tempo como volante, à
frente da zaga, do que como zagueiro.
Há problemas quando se joga
com dois zagueiros, mas trocar
um armador por um terceiro zagueiro é ainda pior.
É no meio-campo que se iniciam as jogadas. O time fica mais
equilibrado com dois zagueiros e
dois volantes do que com três zagueiros e um volante.
Não se deve é jogar com os laterais apoiando, dois zagueiros e
apenas um volante.
Em algumas partidas, Parreira
poderá recuar o Gilberto Silva para ser quase um terceiro zagueiro,
como o técnico fez na Copa de 94
com Mauro Silva.
Prefiro os dois volantes marcando no meio-campo e alternando
com os laterais o apoio ao ataque.
Além de marcar, volantes de
uma grande equipe e da seleção
precisam ter razoável habilidade
para avançar.
Roberto Carlos atua no Real
Madrid de lateral, e não de ala.
Dizer que ele só é bom no apoio e
por isso deveria atuar ao lado de
três zagueiros é um grande engano. Roberto Carlos é o melhor lateral do mundo porque defende e
ataca bem, no momento certo.
Ele está em grande forma, melhor do que antes. Apenas jogou
mal esta partida.
Cafu é que joga de ala na Roma,
quase como um ponta-direita.
Terá de se adaptar à lateral. Não
há também um jogador confiável
para substituí-lo.
A novidade tática da seleção
contra Portugal foi a mudança de
posição do Ronaldinho. Em vez
de atuar mais livre, próximo do
Ronaldo e do Rivaldo, como na
Copa e no amistoso contra a China, ele jogou na meia direita, com
funções defensivas e ofensivas.
Ronaldinho formou um quarteto no meio-campo, ao lado dos
volantes Gilberto Silva e Kleberson e do meia esquerda Zé Roberto. Quase todas as principais
equipes e seleções do mundo
atuam desta forma.
As diferenças são devidas às características dos jogadores.
No Mundial, Rivaldo e Ronaldinho se revezavam na armação
de jogadas. Não se deve confundir
um meia-atacante que recua para receber a bola e às vezes desarma no campo adversário, com o
armador que marca no meio e no
seu campo e avança quando o seu
time recupera a bola.
Neste jogo, Ronaldinho fez um
grande esforço para se adaptar à
nova função. Individualmente,
foi muito bem. Não se limitou à
meia direita. Mas gosto mais dele
livre, próximo da área. Aí, a sua
fantasia e habilidade são mais
decisivas. No mínimo, deixa o
companheiro umas duas vezes na
cara do gol. Contra Portugal, ele
jogou muito longe do Ronaldo.
Não foi surpresa a derrota do
Brasil. Se os principais jogadores
não estiverem inspirados, a seleção brasileira ficará no nível de
muitas outras. Ronaldo está se
transformando num fenômeno
de poucas e decisivas partidas. Rivaldo está com problemas, dentro
e fora de campo.
O Brasil ganhou cinco Mundiais porque sempre teve alguns
verdadeiros craques, em número
maior do que os adversários, e
não porque revelou um grande
número de bons e excelentes jogadores.
Análise e previsão
Parafraseando o Jô Soares, não
querendo ser precipitado, mas
sendo, a primeira rodada do Brasileiro foi uma amostra de que o
campeonato será equilibrado;
que a qualidade das equipes no
Estadual não é uma referência
confiável porque os grandes só
enfrentam um ou dois fortes rivais; que nenhum resultado será
surpresa (a não ser goleada) e que
veremos gols de pura arte, como o
de Alex contra o São Caetano.
Dá também para imaginar que
o Corinthians terá dificuldades de
ganhar até do Fénix se jogar com
um ataque formado por Leandro,
Fumagalli e Jorge Wagner improvisado; que o São Paulo vai continuar com a defesa desprotegida;
que o São Caetano é candidato ao
título; que os times cariocas terão
poucas chances de ganhar o Campeonato Brasileiro; que o Alético-MG está melhor do que se pensava e que o Cruzeiro depende muito do Alex.
Como se vê, comentarista é ansioso e adora analisar e fazer previsões antes da hora.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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