São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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FUTEBOL

Leão, Muricy, Picerni e Zetti consolidam reação de técnicos locais no Estadual, outrora dominado por forasteiros

Sotaque paulista comanda semifinalistas

RICARDO PERRONE
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Paulista deste ano valoriza como nunca o técnico paulista. Todos os comandantes dos semifinalistas da competição nasceram no Estado, que se acostumou a ver gente de fora brilhar.
Emerson Leão, do Santos, Muricy Ramalho, do São Caetano, Jair Picerni, do Palmeiras, e Zetti, do Paulista, lutam pelo primeiro título do Estadual em suas carreiras como técnicos e para consolidar a reação dos treinadores da região na competição, após anos de domínio de forasteiros.
Em 2003, ao ser campeão com o Corinthians, derrotando o carioca Oswaldo de Oliveira, então no São Paulo, Geninho quebrou quatro anos de jejum dos treinadores paulistas no campeonato.
A fila seria maior não fossem os triunfos de Nelsinho Baptista com o Corinthians, em 1997, e pelo São Paulo, no ano seguinte. De 1988 a 1996 só quem veio de fora do Estado venceu a competição.
Nesse período, reinaram forasteiros como o fluminense Wanderley Luxemburgo, campeão em 1990, com o Bragantino, em 1993, 1994 e 1996, com o Palmeiras, e em 2001, pelo Corinthians.
Antes, o gaúcho Oswaldo Brandão faturou sete títulos com Corinthians, Palmeiras e São Paulo, entre as décadas de 40 e 70.
Os mineiros Telê Santana e Carlos Alberto Silva venceram duas vezes cada um. Até estrangeiros, como o húngaro Bela Guttman e o argentino Jose Poy triunfaram em São Paulo dirigindo times.
Porém, em 2004, os técnicos de outros Estados não foram além das quartas-de-final.
Oliveira, de volta ao Corinthians, tentava seu segundo título, mas o plano ruiu ainda na primeira fase, com a eliminação de seu time, que só se livrou do rebaixamento na última rodada.
Depois, o paranaense Cuca caiu com o São Paulo diante do São Caetano nas quartas-de-final.
Nas semifinais, sobraram quatro treinadores que nasceram em três diferentes cidades paulistas. Picerni e Muricy são da capital. Os ex-goleiros Leão e Zetti nasceram no interior. Em Ribeirão Preto e Porto Feliz, respectivamente. "Antes, os paulistas não tinham o reconhecimento que merecem. Agora têm espaço e estão vencendo em seu Estado", disse Muricy.
Segundo ele, os treinadores de São Paulo começaram a se unir, com um ajudando o outro a arrumar emprego. "Não éramos tão unidos como o pessoal do Sul. Lá um técnico sempre indica outro do região para uma vaga", afirmou o treinador do São Caetano.
Ele iniciou a carreira no São Paulo, mas precisou rodar o país para voltar a ter a chance de vencer em seu Estado. Em 2003 estava no Internacional-RS.
Leão, o técnico mais consagrado dentre os semifinalistas, já chegou a dirigir a seleção principal do país, mas declarou algumas vezes que o fato de ser paulista dificultou sua vida no time nacional.
Ele diz que conquistar o Paulista seria especial. "Quero muito ganhar porque nunca venci, o Santos não vence desde 1984 e é o campeonato da minha terra."
Os técnicos que tentam levantar a taça também firmaram seus nomes no cenário nacional como jogadores de times do Estado. Leão se projetou no Palmeiras e também obteve título no Corinthians. Muricy, nos anos 70, e Zetti, nos anos 90, foram destaques do São Paulo. Jair Picerni atuou na fase áurea da Ponte Preta, no final da década de 70.


Colaboraram Marcus Vinicius Marinho, da Reportagem Local, e Fábio Tura, do Datafolha

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