São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GRUPO B / HOJE

Rival da Espanha é país com menos habitantes entre participantes da Copa

Eslovênia joga no Mundial graças a "milagre estatístico"

DO ENVIADO A GWANGJU

Na sua estréia em Copas, a Espanha tem pela frente hoje, às 8h30, em Gwangju, na Coréia, um rival que chega para disputar seu primeiro Mundial após um verdadeiro "milagre estatístico".
Para montar uma seleção que conseguiu sua vaga mesmo atuando nas disputadas eliminatórias européias, a Eslovênia contou com o material humano menos volumoso das 32 equipes que acabaram qualificadas.
População pequena, território minúsculo e devoção nem tão grande assim ao futebol fazem da seleção da ex-república da Iugoslávia um time em que a qualidade nunca vai sair da quantidade.
A Eslovênia tem pouco mais de 1,9 milhão de habitantes, população menor do que a do Grande ABC paulista. Se todos, independentemente de sexo e idade, pudessem ser convocados, o treinador da equipe teria 83,8 mil candidatos para cada vaga à Copa.
Entre seus concorrentes ao título na Ásia, quem fica mais próximo dessa marca é o Uruguai -145 mil habitantes por jogador convocado para o Mundial.
Nada menos do que 17 países que estão na Coréia do Sul ou no Japão têm uma proporção maior do que 1,5 milhão de habitantes por atleta na Copa (a do Brasil, por exemplo, é de 7,5 milhões).
Na verdade, o material humano disponível para formação de um time é muito menor. A população eslovena é uma das "mais velhas" do mundo. Nada menos do que 17% do povo do país já passou da barreira dos 65 anos.
A fertilidade das mulheres, média de pouco mais de uma criança nascida para cada uma delas, faz da Eslovênia também uma nação de poucos jovens. "Nossa vantagem é que já conseguimos muito", diz o técnico Srecko Katanec, que continua a comemorar a improvável, estatisticamente falando, classificação de seu país.
Além da população diminuta, Katanec teve de fazer sua seleção em um país menos entusiasmado com o futebol do que a maioria esmagadora das equipes.
Segundo o censo do futebol feito pela Fifa, 81 mil pessoas estão envolvidas com o futebol na Eslovênia, o que significa apenas 4% da população. Nesse cálculo, entram atletas, técnicos e árbitros, amadores ou profissionais.
Na vizinha Croácia, com clima e hábitos muito parecidos, esse índice chega a 15%.
Mas não é só por falta de gente que a participação eslovena no Mundial toma tons épicos.
Além de ter a menor população dos 32 qualificados para a Copa, a Eslovênia tem também a menor área. São pouco mais de 20 mil quilômetros quadrados, menos que a metade do tamanho da Bélgica, o segundo país mais "compacto" do Mundial.
Com um relevo montanhoso e clima frio, que tornam os esportes de inverno muitos populares, além do hóquei sobre o gelo, a Eslovênia tem pouco espaço para fazer campos de futebol.
O "nanico" da Copa, entretanto, não pensa em fazer papel só de figurante. Depois de conseguir sua independência no início da década passada, a Eslovênia, que tem o meia-atacante Zahovic como grande destaque, já obteve feitos notáveis no futebol.
Em 2000, conseguiu sua classificação para a fase final da Eurocopa da Holanda e da Bélgica.
Agora, se qualificou para seu primeiro Mundial passando por rivais mais tradicionais, como Iugoslávia, Suíça e Romênia.
Nessa campanha, viu outra consequência de ser um país pequeno: torcida não é o forte da Eslovênia. Dos finalistas da Copa Coréia/Japão, o país teve a menor média de público caseiro nas eliminatórias -7.600 por partida, menos que a metade do registrado pela Arábia Saudita, a segunda equipe mais fracassada na bilheteria. (PAULO COBOS)


Texto Anterior: Bola rasteira - Grupo A/ontem: Em sua volta à Copa depois de 12 anos, uruguaios caem diante da Dinamarca
Próximo Texto: Geopolítica: País deu origem ao desmembramento da ex-Iugoslávia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.