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JUCA KFOURI
Esconde-esconde
Se às vésperas da Copa a ordem é esconder o jogo, a Noruega e a Iugoslávia que se cuidem: ambas não entendem nada
de estratégia.
Porque ninguém mais está jogando o que pode nos amistosos
preparatórios.
A Argentina até que andou se
distraindo e se traindo.
Mas a Alemanha, a Itália, a
Inglaterra, a própria França,
também do grupo das candidatas
ao título, andam colecionando
mais críticas que elogios dos observadores.
O Brasil então, ah, o Brasil já é
o campeão neste jogo de esconde-esconde.
Único país do seleto grupo dos
campeões mundiais cujo nome
não começa com vogal (pelo menos em português), a seleção nacional segue consoante as determinações de não entregar o ouro
para os adversários.
A, é, i, ó, u, Alemanha, Argentina, Itália, Inglaterra e Uruguai
-este último de futebol tão escondido que nem à Copa irá sempre se deliciaram com a nossa
soberba e nunca se cansaram de
elogiar nossa fantasia.
Pois a fantasia acabou bem
acabada em 1994, tema, aliás,
nesta semana, da tida como melhor revista de economia do mundo, a inglesa "The Economist".
Por isso, quando o timoneiro
Zagallo elogia a atuação de seus
rapazes diante do Athletic Bilbao
ele não está tergiversando nem
variando.
Quando diz que só mesmo a
partir do terceiro jogo da Copa
(diante da Noruega, por sinal) o
time estará na ponta dos cascos,
também não está só exprimindo
um desejo.
No primeiro caso, o treinador
está manifestando a sólida opinião de quem já viu tudo que
precisava ver em futebol e, generoso, revela parte do mistério que
só ele e seus comandados conhecem.
No segundo, novamente a experiência fala mais alto.
Ou não foi exatamente no terceiro jogo, diante do Zaire, em
1974, que a seleção brasileira ganhou de 3 a 0?
Portanto, calma brasileiros. A
arte da dissimulação é para poucos e, felizmente, nossos patrícios
que estão em Lésigny são mestres
neste mister.
E que tal engolir alguns sapos
imaginando que eles sejam príncipes?
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