São Paulo, terça, 2 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MATINAS SUZUKI JR.

Réstia de alho

Vamos imaginar o seguinte cenário (como dizem os economistas): a seleção brasileira estréia com um resultado de seca nordestina, algo como 1 a 0 contra os escoceses.
Não é um resultado improvável dado que: 1) o time brasileiro está longe de seu ponto ideal como o próprio velho Lobo Zagallo reconhece, e 2) aberturas de Copa, desde que foi inventado o sistema em que joga a campeã no Mundial anterior, são um osso duro de roer para os favoritos e não costumam hospedar muitos gols.
Considere agora um segundo cenário para o jogo que se iniciará poucas horas depois: suponha que a Noruega consiga reeditar as suas últimas atuações e enfiar uma goleada (4 a 0, vamos dizer) no Marrocos.
O que aconteceria na segunda rodada? O Brasil, já sabendo o resultado do jogo da Noruega contra a Escócia, precisaria entrar para o jogo com o Marrocos para obter um saldo de gols no mínimo igual ao obtido pelos noruegueses, como maneira de evitar que estes gozem do privilégio de jogar por um empate para ficarem em primeiro no Grupo A.
Se esses cenários ocorrerem, aquele que seria o jogo teoricamente mais fácil para os brasileiros na primeira fase, contra Marrocos, também poderá se tornar um jogo difícil, de corrida para obter um saldo de gols.
Imagine agora um outro cenário, também possível, para o Grupo B. A Itália ainda em fase de ajuste, perde a partida de estréia para o Chile que, depois de Ronaldinho e Romário (se é que ele vai) tem a dupla de atacantes mais perigosa da Copa: Marcelos Salas e Zamorano.
Brasil e Noruega irão para a decisão do Grupo A já sabendo a classificação final do grupo B, definida poucas horas antes.
Se a seleção italiana ficar em segundo lugar, não é improvável que a Noruega, com o frio raciocínio nórdico, entregue o jogo para não enfrentar os italianos.
Estou fazendo esse exercício especulativo apenas para mostrar que o fantasma de enfrentar a Itália logo nas oitavas-de-final não está tão longe assim. E que o melhor remédio para espantá-lo, algo assim como uma generosa réstia de alho, seria fazer logo uma grande estréia e emplacar logo uma goleada na Escócia. Mas isso a seleção conseguirá?



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.