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MATINAS SUZUKI JR.
Réstia de alho
Vamos imaginar o seguinte cenário (como dizem os economistas): a seleção brasileira estréia com um resultado de seca
nordestina, algo como 1 a 0 contra os escoceses.
Não é um resultado improvável
dado que: 1) o time brasileiro está
longe de seu ponto ideal como o
próprio velho Lobo Zagallo reconhece, e 2) aberturas de Copa,
desde que foi inventado o sistema
em que joga a campeã no Mundial anterior, são um osso duro
de roer para os favoritos e não
costumam hospedar muitos gols.
Considere agora um segundo
cenário para o jogo que se iniciará poucas horas depois: suponha
que a Noruega consiga reeditar
as suas últimas atuações e enfiar
uma goleada (4 a 0, vamos dizer)
no Marrocos.
O que aconteceria na segunda
rodada? O Brasil, já sabendo o
resultado do jogo da Noruega
contra a Escócia, precisaria entrar para o jogo com o Marrocos
para obter um saldo de gols no
mínimo igual ao obtido pelos noruegueses, como maneira de evitar que estes gozem do privilégio
de jogar por um empate para ficarem em primeiro no Grupo A.
Se esses cenários ocorrerem,
aquele que seria o jogo teoricamente mais fácil para os brasileiros na primeira fase, contra Marrocos, também poderá se tornar
um jogo difícil, de corrida para
obter um saldo de gols.
Imagine agora um outro cenário, também possível, para o Grupo B. A Itália ainda em fase de
ajuste, perde a partida de estréia
para o Chile que, depois de Ronaldinho e Romário (se é que ele
vai) tem a dupla de atacantes
mais perigosa da Copa: Marcelos
Salas e Zamorano.
Brasil e Noruega irão para a
decisão do Grupo A já sabendo a
classificação final do grupo B, definida poucas horas antes.
Se a seleção italiana ficar em
segundo lugar, não é improvável
que a Noruega, com o frio raciocínio nórdico, entregue o jogo para não enfrentar os italianos.
Estou fazendo esse exercício especulativo apenas para mostrar
que o fantasma de enfrentar a
Itália logo nas oitavas-de-final
não está tão longe assim. E que o
melhor remédio para espantá-lo,
algo assim como uma generosa
réstia de alho, seria fazer logo
uma grande estréia e emplacar
logo uma goleada na Escócia.
Mas isso a seleção conseguirá?
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