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As seleções que
podem desafiar
a superioridade
dos europeus
FRANZ BECKENBAUER
À medida que vai se aproximando a Copa do Mundo de
futebol na França, os "experts"
agitam cada vez mais o cérebro:
que nações têm em absoluto alguma chance contra a aparente
superioridade dos europeus? E
como se fosse pouco, o Mundial se
disputa na própria Europa, onde,
à exceção de 1958, sempre uma
equipe européia se proclamou
campeã do mundo.
A questão da hegemonia européia adquire ainda mais relevo se
se tem em conta que nos EUA
houve sete equipes do continente
nas quartas-de-final, pese que o
Brasil, o único deles não-europeu, conquistou o título.
Na realidade, hoje os brasileiros
são de novo sérios candidatos à
vitória. Pode ser que a atual
equipe seja ainda mais forte do
que a campeã nos EUA.
Atuarão jogadores que na Europa aprenderam que, aparte da
destreza com a bola, também é
necessária a disciplina tática.
Na frente, junto ao experimentado Romário (se jogar), figura
agora a nova estrela, Ronaldo,
um jogador jovem, rápido e com
"faro" de gol. É, sem dúvida,
uma enorme melhora do ataque.
No meio-campo, Zagallo pode
recorrer a jogadores experimentados, adestrados na escola européia, como Leonardo, Cafu e Roberto Carlos.
À frente da defesa -setor sobre
o qual os brasileiros não despejam confiança -estará o perigoso Dunga, o primeiro a implantar
elementos europeus no Brasil.
Além do Brasil, haverá de marcar presença a Argentina, que,
como podemos constatar, aumentou seu rendimento seguidamente há meses. Parte dessa evolução se deve à estrela do atacante Gabriel Batistuta.
Uma pequena chance poderá
ser concedida ao Chile. Com os
goleadores Salas e Ivan Zamorano, tem a possibilidade de se classificar para as oitavas-de-final.
Os africanos também poderão
dar desgosto aos europeus e quiçá
consigam estar no primeiro plano. Os experts esperam, em vão,
faz anos, mas desta vez há várias
equipes que poderão protagonizar a façanha.
Aí estão os exemplos dos sul-africanos contra quem as equipes
européias têm grandes dificuldades. De todo modo, considero
mais forte a Nigéria.
O erro cometido, a meu juízo,
pelos mexicanos ao despedir o
técnico Bora Milutinovic, depois
da classificação para o Mundial,
redunda agora em benefício dos
nigerianos. Milutinovic lhes dará
a última polida tática. Não lhes
permitirá só atacar alegremente
sem que reforcem também o sistema defensivo. Por isso, não me
surpreenderá se a Nigéria chegar
às quartas-de-final ou às semifinais. Também Camarões pode ser
a equipe de mais êxito na África.
Em troca, as equipes asiáticas
carecem de suficiente experiência. Embora tenha atuado em vários Mundiais, não creio que a
Coréia do Sul se classifique para
a segunda fase. E penso exatamente o mesmo dos ambiciosos
japoneses e dos sauditas.
Os EUA precisarão de um milagre para ir adiante num grupo
com Alemanha e Iugoslávia.
Se no momento atual tivesse
que nomear as quatro mais fortes
potencias, continuo citando Brasil, Alemanha, Inglaterra e França. Mas, como havia tido, tanto
Argentina como Nigéria poderão
se meter na falange dos favoritos.
Franz Beckenbauer, 53, campeão do Mundo
pela Alemanha, como jogador, em 1974, e como
técnico, em 1990, é presidente do Bayern de
Munique
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