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Palmeiras perde e desperta ira
Na partida da volta de Marcos, torcida só poupa goleiros, xinga técnico e pede demissão de diretor
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao aparecer a escalação do
Palmeiras no placar eletrônico,
a esperança da torcida se renovara. Marcos estava de volta.
Mas o retorno do goleiro ao time foi ofuscado por mais uma
derrota no Parque Antarctica.
Os 3 a 1 que o time levou do
Goiás fez os palmeirenses esquecerem da presença do pentacampeão em campo. As homenagens ao ídolo foram substituídas por protestos, cada vez
mais raivosos, à medida que os
goianos construíam o triunfo.
Culminaram, ao término do
jogo, com gritos hostis contra o
diretor de futebol Salvador Hugo Palaia. A torcida intercalava
palavrões com ordem para o dirigente pedir demissão.
Mas, à exceção de Marcos e
de seu reserva, Diego Cavalieri
-os dois foram os únicos a serem saudados antes do início
do jogo-, ninguém foi poupado. Nem mesmo Edmundo, que
antes não era colocado no rol
dos "péssimos jogadores". Um
grupo de torcedores protestou
contra o camisa 7 e chegou a
ironizá-lo, oferendo dinheiro
para ele deixar o clube.
Edmundo se mostrou incomodado com os apupos dos torcedores durante a partida. "A
gente tem condições. Só que
bate o desespero e a torcida se
volta contra um e outro. E tem
sido assim", disse o atacante,
antes de ser hostilizado.
Marcelo Vilar também foi
duramente criticado. O técnico
ouviu, com menos de dez minutos de jogo, a torcida gritar
"burro" cada vez que o volante
Marcelo Costa errava um passe
-ele fora escalado no lugar do
chileno Valdivia, novo xodó no
Parque Antarctica.
O treinador não quis bater de
frente com seus críticos. Logo
após o Palmeiras levar o primeiro gol, aos 8min, num chute
de longe do volante do Goiás
Danilo Portugal, ele colocou o
meia chileno. Mas a entrada do
jogador não foi o suficiente para determinar a reação do time.
Pior que isso aconteceu no
começo do segundo tempo,
quando o lateral Vitor ampliou
a vantagem dos goianos.
Dininho, de cabeça, voltou a
dar esperanças aos palmeirenses de reverem o que ocorrera
contra o Atlético-PR, um empate heróico. Mas o atacante
Souza, no fim da partida, quando a pressão do Palmeiras era
na base do desespero, marcou o
terceiro gol do Goiás.
Quem era para ser o grande
nome da noite também saiu do
jogo frustrado. Marcos, como
de hábito, foi franco ao apontar
os motivos da derrota. "Desse
jeito fica difícil. A gente tomou
um gol muito cedo. O time está
um pouco inseguro. A gente
deu muito pouco trabalho ao
goleiro do Goiás."
Sobre a torcida, Marcos foi
ainda mais direto: "Os caras
saem de casa e pegam chuva para ver o time perder. Quer o
quê? Que a torcida jogue bala,
confete? O torcedor está no seu
direito. O que não está no direito é a gente tomar três. A gente
sabe que time que não mostra
resultado a torcida pega no pé."
Agora, um triunfo contra o
Paraná, no domingo, está sendo
tratado no Parque Antarctica
como imprescindível para que
o time não entre em maior desespero -com 37 pontos, a
equipe continua rondando a
zona do rebaixamento.
Marcos foi quem tentou evitar que a aflição pela proximidade com os últimos lugares se
transforme em desespero. "No
vestiário, falei para todo mundo ter cabeça fria senão a coisa
piora. E tem como piorar."
Com a experiência de quem
disputou uma edição de Série
B, Marcos tem razão.
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