São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Palmeiras perde e desperta ira

Na partida da volta de Marcos, torcida só poupa goleiros, xinga técnico e pede demissão de diretor

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao aparecer a escalação do Palmeiras no placar eletrônico, a esperança da torcida se renovara. Marcos estava de volta. Mas o retorno do goleiro ao time foi ofuscado por mais uma derrota no Parque Antarctica.
Os 3 a 1 que o time levou do Goiás fez os palmeirenses esquecerem da presença do pentacampeão em campo. As homenagens ao ídolo foram substituídas por protestos, cada vez mais raivosos, à medida que os goianos construíam o triunfo.
Culminaram, ao término do jogo, com gritos hostis contra o diretor de futebol Salvador Hugo Palaia. A torcida intercalava palavrões com ordem para o dirigente pedir demissão.
Mas, à exceção de Marcos e de seu reserva, Diego Cavalieri -os dois foram os únicos a serem saudados antes do início do jogo-, ninguém foi poupado. Nem mesmo Edmundo, que antes não era colocado no rol dos "péssimos jogadores". Um grupo de torcedores protestou contra o camisa 7 e chegou a ironizá-lo, oferendo dinheiro para ele deixar o clube.
Edmundo se mostrou incomodado com os apupos dos torcedores durante a partida. "A gente tem condições. Só que bate o desespero e a torcida se volta contra um e outro. E tem sido assim", disse o atacante, antes de ser hostilizado.
Marcelo Vilar também foi duramente criticado. O técnico ouviu, com menos de dez minutos de jogo, a torcida gritar "burro" cada vez que o volante Marcelo Costa errava um passe -ele fora escalado no lugar do chileno Valdivia, novo xodó no Parque Antarctica.
O treinador não quis bater de frente com seus críticos. Logo após o Palmeiras levar o primeiro gol, aos 8min, num chute de longe do volante do Goiás Danilo Portugal, ele colocou o meia chileno. Mas a entrada do jogador não foi o suficiente para determinar a reação do time.
Pior que isso aconteceu no começo do segundo tempo, quando o lateral Vitor ampliou a vantagem dos goianos.
Dininho, de cabeça, voltou a dar esperanças aos palmeirenses de reverem o que ocorrera contra o Atlético-PR, um empate heróico. Mas o atacante Souza, no fim da partida, quando a pressão do Palmeiras era na base do desespero, marcou o terceiro gol do Goiás.
Quem era para ser o grande nome da noite também saiu do jogo frustrado. Marcos, como de hábito, foi franco ao apontar os motivos da derrota. "Desse jeito fica difícil. A gente tomou um gol muito cedo. O time está um pouco inseguro. A gente deu muito pouco trabalho ao goleiro do Goiás."
Sobre a torcida, Marcos foi ainda mais direto: "Os caras saem de casa e pegam chuva para ver o time perder. Quer o quê? Que a torcida jogue bala, confete? O torcedor está no seu direito. O que não está no direito é a gente tomar três. A gente sabe que time que não mostra resultado a torcida pega no pé."
Agora, um triunfo contra o Paraná, no domingo, está sendo tratado no Parque Antarctica como imprescindível para que o time não entre em maior desespero -com 37 pontos, a equipe continua rondando a zona do rebaixamento.
Marcos foi quem tentou evitar que a aflição pela proximidade com os últimos lugares se transforme em desespero. "No vestiário, falei para todo mundo ter cabeça fria senão a coisa piora. E tem como piorar."
Com a experiência de quem disputou uma edição de Série B, Marcos tem razão.


Texto Anterior: Carlos Sarli: Dois é pouco
Próximo Texto: Vilar fala que mudanças vão ocorrer
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.