São Paulo, quarta-feira, 02 de dezembro de 2009

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Torcedores palmeirenses agridem Vagner Love

Três membros de organizada atacam atleta e são presos por agressão e racismo

Confronto ocorre em agência bancária ao lado do clube menos de um mês após Belluzzo dar declarações que incitavam violência

Fernando Santos/Folha Imagem
O atacante Vagner Love participa de
treino, após a agressão


MARTÍN FERNANDEZ
LUCAS REIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O atacante Vagner Love, do Palmeiras, foi agredido ontem por três integrantes da facção organizada Mancha Alviverde.
O episódio ocorre menos de um mês depois de o presidente do clube, Luiz Gonzaga Belluzzo, ter afirmado que "daria uns tapas" no árbitro Carlos Eugênio Simon. Belluzzo também foi flagrado em festa da torcida organizada dizendo "Vamos matar os bambis", em referência jocosa aos são-paulinos.
O jogador deixava uma agência do Bradesco, na avenida Antarctica, na zona oeste de São Paulo, por volta das 15h, e foi cercado pelos três agressores quando estava prestes a entrar em seu carro -uma camionete Chevrolet Captiva. Foi chamado de "negão baladeiro".
"Podem vir os três", teria gritado o jogador, segundo relatos do segurança do banco, do responsável pelo estacionamento em que estava o carro e de dois vendedores ambulantes que fazem ponto na frente da agência.
Um dos três torcedores subiu no carro de Love e tentou acertá-lo com uma voadora. O jogador conseguiu acertar um soco na boca de um deles, que saiu sangrando. O atleta caiu no chão, machucou o cotovelo e teve a camiseta e a bermuda rasgadas antes de fugir.
"Ainda vamos te pegar à bala", ameaçaram os agressores, que deixaram o local em um Audi A3 preto, localizado minutos depois pela Polícia Militar na rua Barão do Bananal, a cerca de um quilômetro dali.
O goleiro Marcos estava dentro da agência no momento da confusão e chamou os seguranças do Palmeiras, que chegaram quando Love e os agressores já haviam saído. O clube fica no mesmo quarteirão do banco.
Os três homens foram presos em flagrante quando andavam a pé pela mesma rua. Segundo o delegado Itagiba Franco, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, não ofereceram resistência e admitiram que agrediram o jogador.
Um dos acusados é Neilo Ferreira e Silva, 25, conhecido por "Lagartixa", um dos líderes da organizada Mancha Alviverde, e que também participou da agressão ao treinador Vanderlei Luxemburgo no aeroporto de Congonhas, há um ano.
Ferreira e Silva tem passagens policiais por lesão corporal e formação de quadrilha. Os outros dois acusados são Maxsuel Santana Pereira, 19, e Deivison Correia Carvalho, 20.
Todos responderão por lesão corporal dolosa, mas só foram mantidos presos pois também responderão por racismo -crime inafiançável, com pena de um a três anos de detenção. A polícia ouvirá testemunhas.
Love chegou meia hora atrasado ao treino ontem à tarde. Quando apareceu no campo, confirmou o episódio.
"Tentaram me agredir, estavam em três, mas não conseguiram", afirmou o atacante. Às 18h35, quando fazia uma hora que os agressores estavam detidos, Vagner Love chegou à delegacia em um Fox verde, seguido de uma Kombi lotada de seguranças do Palmeiras.
Em depoimento, no entanto, o centroavante confirmou as agressões. De acordo com o delegado, ele tinha hematomas e reclamava de "muita dor no rosto". Depois de ser ouvido, ele seria encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) ainda na noite de ontem, onde faria exame de corpo de delito.


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