São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2005

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"Baby-Luxas" estendem hegemonia de seu mentor

Santos e Botafogo, os melhores do Brasileiro, são dirigidos por técnicos lançados por aquele que melhor entendeu o sistema de pontos corridos

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Ele está na Espanha, a mais de 8.000 quilômetros de distância, mas, com seus pupilos, segue a mandar no campeonato que só ele parece ter entendido.
O terceiro Brasileiro de pontos corridos tem o Santos na liderança e o Botafogo no segundo lugar.
Ambos são comandados por técnicos que receberam o aval e o empurrão inicial na carreira de Vanderlei Luxemburgo, o único a triunfar até agora na fórmula do todos contra todos.
O santista Gallo, 37, e o botafoguense Paulo César Gusmão, 42, são os mais jovens da prancheta no Nacional. E é impossível, pelo currículo e os métodos de trabalho dos dois, não associá-los ao treinador do Real Madrid.
Gallo foi jogador de Luxemburgo no Corinthians. Quando resolveu seguir a carreia de técnico, pediu para fazer um estágio com o ex-treinador da seleção.
Luxemburgo gostou tanto do estagiário que o contratou para ser seu auxiliar no Santos e ainda o indicou para assumir seu lugar quando foi para a Espanha.
Relação mais próxima ainda tinha Luxemburgo com Paulo César Gusmão. Os dois trabalharam juntos no Palmeiras, no Cruzeiro e na seleção. Ficaram com a amizade estremecida quando Gusmão aceitou assumir o time mineiro, em 2004, depois que o chefe foi demitido pelo clube.
E esse episódio deixou marcas, como fica claro nas palavras de PC Gusmão, como é conhecido. "Ele me marcou. Isso não tem como contestar. Mas não posso esquecer o Osvaldo [Oliveira], o Joel [Santana], o Evaristo [Macedo] e o Lazaroni. Todos estes me ajudaram a moldar a minha filosofia", diz o botafoguense, que, no entanto, repete a cantilena que é adorada por Luxemburgo.
"Trabalho, disciplina e organização fazem parte do meu vocabulário", disse Gusmão, com palavras parecidas as usadas por seu ex-parceiro no dia em que assumiu o comando do Real Madrid.
Ao contrário de Gusmão e Oswaldo de Oliveira, outra cria de Luxemburgo que se afastou do mestre e entrou em decadência, Gallo não esconde a admiração e a gratidão pelo guru.
"Acho realmente que ele é o melhor. Não tenho pretensão de nada, mas ser comparado ao melhor é sempre muito bom", afirmou Gallo, ao ser questionado se conseguia se ver como um discípulo do técnico do Real.
"[Luxemburgo] sempre comentou que eu estaria pronto para dirigir uma equipe como o Santos. Ele sempre me desejou sorte e foi um dos caras que apostaram bastante em mim", diz.
Segundo Gallo, ele e Luxemburgo são amigos pessoais e se falam constantemente pelo telefone. "A gente se fala, pelo menos, a cada dez dias. A relação é de amizade realmente." Nas conversas, o assunto futebol não falta. "Sempre estamos trocando figurinha. Mas ele não chega a me dar dicas porque o telefonema fica muito caro", brincou o técnico santista.
Com Gusmão e Gallo, Botafogo e Santos ensaiam no início do Brasileiro uma rivalidade que marcou época na década de 60 e teve um segundo bom momento há dez anos, quando decidiram o mesmo Nacional, com os cariocas levando a melhor.


Colaboraram Sérgio Rangel e Pedro Lemos, da Sucursal do Rio

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