São Paulo, quinta, 3 de junho de 1999

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FUTEBOL
Homônimo e com as mesmas características do ídolo da Inter de Milão, o atacante, 19, é o artilheiro do Gaúcho
Grêmio consagra "cover' de Ronaldinho

LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

Eles têm em comum o nome, o corpo esguio de início de carreira, a pele morena, a facilidade para fazer gols, a arrancada com dribles rápidos em direção ao gol adversário e, até mesmo, os dentes salientes, que servem de inspiração para os caricaturistas.
O atacante do Grêmio Ronaldo Assis Moreira, 19, artilheiro do Campeonato Gaúcho, com 11 gols em 12 jogos, segue, com os mesmos dribles desconcertantes, os passos de Ronaldo Nazário de Lima, 23, da Inter de Milão (Itália) e da seleção brasileira principal.
E, por isso, o novato já vem sendo chamado de "Ronaldinho". Não aceita, porém, quaisquer comparações com o ídolo brasileiro (leia texto ao lado).
Mesmo quando brilhou como um dos jogadores mais talentosos das últimas seleções brasileiras juvenis e juniores, o Ronaldinho gaúcho evitava duas situações óbvias: a utilização do diminutivo (ele prefere ser chamado de Ronaldo) e as especulações, ainda no início da carreira, de que poderia se transferir para o exterior, seguindo os passos do homônimo bem-sucedido na Europa.
Logo após começar a se projetar, marcando 12 gols no único Campeonato Brasileiro que disputou, em 1993, pelo Cruzeiro, o Ronaldinho carioca acabou sendo chamado para a reserva da equipe do Brasil que conquistou o tetracampeonato da Copa do Mundo, em 1994, nos Estados Unidos.
Sua transferência para a Europa veio em seguida. O PSV, da Holanda, pagou US$ 6 milhões pelo jogador, então com 17 anos.
Em sua última transferência, a Inter teve que pagar US$ 32 milhões ao Barcelona, da Espanha, incluindo o valor do passe (US$ 28 milhões) e a multa rescisória.
O início de carreira de ambos, no entanto, foi diferente. Ronaldinho acabou indo para o Cruzeiro por ter sido rejeitado pelo São Paulo e pelo Botafogo-RJ.
Já o Ronaldinho do Grêmio começou a ser visto como promessa no estádio Olímpico desde cedo, quando seu irmão, Assis, já jogava entre os profissionais.
Na época, o pai, João da Silva Moreira (já morto), fez uma afirmação que despertou curiosidade. "Está certo, o Assis é craque, mas vocês nem imaginam o que vem por aí. O meu filho Ronaldo é ainda melhor", disse.
Assis (Roberto Assis Moreira), 27, foi campeão da Copa do Brasil em 1989 pelo Grêmio e teve alguns bons momentos no clube.
O também atacante era visto como uma promessa. Hoje, depois de ter passado pelo futebol suíço e pelo Vasco, está no Japão.
Ronaldinho presenciou todos os passos iniciais da carreira de Assis, que foi levado para o Torino, da Itália, antes de assinar contrato profissional do Grêmio.
Os percalços no início da carreira de Assis serviram como base para Ronaldo ser reconhecido atualmente, no estádio Olímpico, como um jogador de grande consciência profissional.
Para sair do Grêmio, apesar das propostas já surgidas de clubes do exterior, só no momento certo, segundo o atacante.
"Tenho muito o que conquistar no Grêmio. Para começar, o Campeonato Gaúcho deste ano, que está no final, e o Campeonato Brasileiro, no segundo semestre. Tenho muita vontade de vencer aqui dentro e sei que isso é importante até para ser lembrado em uma futura convocação da seleção brasileira principal", diz.
Ronaldo está sendo perseguido de perto por Christian, do Inter e que já foi convocado pela seleção de Wanderley Luxemburgo, e Vandick, do Veranópolis, que têm dez gols cada.
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Colaborou a Reportagem Local



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