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TÊNIS
Em seu jogo mais rápido na França, brasileiro vence atual vice-campeão e obtém o melhor resultado da carreira
Meligeni acelera e passa à semifinal
HAROLDO CERAVOLO SEREZA
de Paris
Jogando em ritmo acelerado, para impedir que o adversário alongasse a partida, o tenista brasileiro
Fernando Meligeni, 54º do ranking
mundial, conseguiu ontem o melhor resultado de sua carreira.
Bateu o espanhol Alex Corretja,
sexto do mundo e atual vice-campeão do torneio, por 3 sets a 0 (6/2,
6/2 e 6/0), em apenas uma hora e 24
minutos, sua partida mais rápida
em Roland Garros, e classificou-se
para as semifinais do torneio mais
importante do saibro (terra batida) no circuito mundial.
Amanhã, por uma vaga na final
do Aberto da França, Meligeni enfrenta o ucraniano Andrei Medvedev, número 100 do ranking, que
ontem eliminou Gustavo Kuerten.
O Aberto da França integra o
Grand Slam, série dos quatro torneios mais importantes do mundo, junto com Wimbledon e os
Abertos dos EUA e da Austrália.
"Foi um jogo muito estranho",
declarou Meligeni, sobre o confronto de ontem. Ele temia que o
espanhol tentasse estender a partida, para vencê-lo pelo cansaço.
Entre os oito jogadores que disputaram as quartas-de-final, Meligeni era o que havia ficado mais
tempo em jogo: 10h54min.
Ontem, dizia que não poderia
"passar cinco horas na quadra",
pois era o que Corretja queria.
A preocupação, porém, mostrou-se de certa forma desnecessária. Sofrendo de uma crise de alergia, o espanhol não suportou o ritmo imposto por Meligeni.
Os tenistas entraram na quadra
central sob vento forte, que levantava a poeira vermelha do saibro.
"Aqui, a gente sempre joga em
ótimas condições. Hoje, foi uma
partida diferente", afirmou.
Segundo o brasileiro, seu técnico, Ricardo Acioly, o alertou para o
risco de a bola não respeitar a trajetória prevista.
Mas não foi apenas o vento forte
que tornou a partida atípica. A má
condição de Corretja também causou estranheza no público.
"Depois de cinco minutos, eu já
achava que não mais tinha condições de jogar, pois estava me sentindo morto", afirmou o espanhol.
O rival, no entanto, não quis creditar a derrota exclusivamente a
seu problema. "Hoje, ele (Meligeni) estava bem o bastante para ganhar de mim, mesmo se estivesse
me sentindo bem."
Para o brasileiro, Corretja esteve
bem nos primeiros sets. "No terceiro, ele nem jogou."
O espanhol afirmou que pensou
inclusive em deixar a quadra, mas
que preferiu continuar por respeito ao público e ao adversário.
A vitória nas quartas-de-final do
Grand Slam foi um feito inédito. O
mais longe que havia chegado em
um torneio da série haviam sido as
oitavas-de-final do mesmo torneio, duas vezes, em 93 e 98.
Caso vença a semifinal, Meligeni
terá no domingo a chance de igualar Kuerten, único brasileiro a vencer um torneio de Grand Slam -o
mesmo Aberto da França, em 97.
A outra semifinal do torneio será
disputada entre o norte-americano Andre Agassi (14º do ranking
da ATP) e o eslovaco Dominik
Hrbaty (39º do mundo).
Após a rodada de ontem, Agassi
tornou-se o único cabeça-de-chave a "sobreviver" no torneio. É a
segunda vez que isso acontece na
história do circuito profissional.
²
Renascido
Medvedev, que já chegou a ocupar a quarta posição do ranking,
em 1995, ontem brincou. "Podem
me chamar de renascido", disse.
Como Meligeni, o ucraniano
chegou a Paris fora das listas dos
favoritos para as finais do torneio.
Também como o brasileiro, que
bateu Corretja e o também espanhol Félix Mantilla (15º do ranking), Medvedev fez campanha difícil, batendo Pete Sampras (2º) e
Gustavo Kuerten (8º).
"Bater Sampras não importa onde, no saibro, na lama ou na água,
não importa. Se eu ganhar dele no
gamão, sentir-me-ei bem."
O brasileiro disse que terá de
promover uma "mudança drástica" em seu modo de jogar.
"Não vou ficar tão defensivo,
mas também não vou sacar e volear. Preciso fazer ele se mexer."
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