São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2001

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AUTOMOBILISMO

Brasileiro, que faz temporada de estréia na F-1, passa bem

Luciano Burti sofre grave acidente no GP da Bélgica

DO ENVIADO A SPA

Exatos 35 dias após decolar na traseira da Ferrari de Michael Schumacher e sair ileso de seu carro, o brasileiro Luciano Burti, 27, sofreu ontem em Spa-Francorchamps o acidente mais sério de sua curta carreira na F-1.
Como saldo, uma pequena hemorragia interna na cabeça e hematomas no rosto.
Internado no Hospital Universitário de Liège, a cerca de 40 quilômetros de Spa, Burti passaria hoje por uma série de exames na cabeça e no tórax.
O acidente aconteceu no início do GP da Bélgica, 14ª etapa do Mundial de F-1. Na quarta volta da prova, ao tentar ultrapassar Eddie Irvine na luta pelo 15º lugar, o brasileiro acabou tocando o Jaguar do irlandês. Seu carro escapou em plena curva Blanchimont, percorrida a 300 km/h, e afundou na barreira de pneus.
O resgate ao brasileiro levou cerca de cinco minutos. A maior dificuldade era retirar com cuidado os pneus que cobriam quase a totalidade do carro azul, número 23, da equipe francesa Prost.
Irvine, que também bateu com violência, chegou a ajudar os fiscais de pista no trabalho de remoção dos pneus. Com o macacão todo sujo de terra e bastante assustado, o irlandês explicou que não esperava aquela manobra.
"Sabia que o Luciano estava ali, mas não imaginava que ele fosse tentar me passar", disse. "Eu virei passageiro do carro dele."
De fato, a curva Blanchimont, a mais rápida do circuito de Spa-Francorchamps, não é um ponto propício para ultrapassagens.
Socorrido, o piloto brasileiro foi levado para o centro médico do circuito, onde permaneceu por 40 minutos.
Lá, as radiografias não constataram fraturas. Até esse momento, a única consequência do acidente pareciam ser os hematomas no rosto -no choque com os pneus, seu capacete rachou.
Burti, então, foi transferido de helicóptero para o hospital de Liège, onde poderia ser submetido a exames mais detalhados.
Sedado, ele passou no início da noite por uma tomografia computadorizada, que verificou a presença de uma pequena hemorragia interna na cabeça.
Às 21h30 (16h30 em Brasília), o piloto despertou, ainda "grogue", segundo seu empresário.
"Ele ainda estava meio grogue. Falou algumas frases desconexas e apertou muito forte a mão do Rubinho [seu melhor amigo na F-1"", afirmou Márcio Valente.
Burti, então, recebeu uma nova carga de sedativos para passar a noite no hospital.
Havia a possibilidade de o piloto ser induzido a um estado de coma, mas isso foi descartado pela equipe médica, que não informou se havia chance de o brasileiro receber alta hoje.
Além de Rubens Barrichello, Eddie Irvine, que foi companheiro de equipe de Burti nas quatro primeiras corridas do ano, passou pelo hospital.
Hoje, os pais do piloto, Luís Carlos e Vera, chegam a Liège para acompanhar o atendimento.
Paulistano, vice-campeão inglês da F-3 em 1999, Burti faz sua temporada de estréia na F-1.
Em 14 corridas, o brasileiro já protagonizou três acidentes graves. Além da batida de ontem, já havia se acidentado nos treinos para o GP da Austrália, em março, e em Hockenheim, na Alemanha, há 35 dias.
"Quem não me conhecia acabou me conhecendo ali", brincou, no final de semana em que se acidentou na Alemanha.


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