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TOSTÃO
Duas renovadas seleções
Jogo entre Brasil e Argentina
testará opções do técnico
Dunga, que espero que não
deixe Kaká na reserva de Elano
NO AMISTOSO contra a Noruega, Dunga armou a equipe
com uma linha de quatro defensores, outra no meio-campo formada por dois volantes e um meia
de cada lado (Elano e Daniel Carvalho), com funções defensivas e ofensivas, e dois atacantes, com Robinho
mais recuado, livre, e Fred como
único fixo na frente.
Assim jogaram a França, a Itália e
a maioria das seleções na Copa.
A equipe brasileira atuou de forma
parecida, com Ronaldinho Gaúcho e
Kaká abertos, um de cada lado. A diferença foi ter dois atacantes fixos
na frente (Ronaldo e Adriano).
Essa tradicional maneira de jogar,
utilizada pela seleção brasileira na
Copa de 1994, é eficiente em muitas
situações, mas ficou evidente que
Ronaldinho e Kaká, por jogarem de
maneiras diferentes nos seus clubes,
ficaram perdidos. O técnico precisa
facilitar, e não dificultar para os
principais jogadores.
Em recentes entrevistas, Dunga
deu sinais de que Ronaldinho poderá jogar contra a Argentina, também
renovada, mais adiantado e de que
Kaká poderá ficar no banco. É inadmissível, por causa do esquema tático preferido do técnico, um jogador
excepcional como Kaká ficar na reserva de Elano, a não ser em momentos especiais.
Se Ronaldinho, que era dúvida até
ontem, atuar mais adiantado, Dunga
poderá escalá-lo no lugar de Robinho e manter o esquema tático do
jogo contra a Noruega. Ou o time
atuará com três no meio-campo
(Gilberto Silva, Edmílson e Elano) e
mais Ronaldinho ou Kaká na ligação
com dois atacantes (Ronaldinho ou
Robinho e Fred).
Existe uma quarta opção, que não
será usada, e que é a minha preferida. O time jogaria de uma forma parecida com a do Barcelona e com a
da seleção de Portugal, com dois volantes, Kaká marcando e avançando
pelo meio, como faz no Milan, e três
mais à frente (Robinho pela direita,
Ronaldinho pela esquerda e Fred
pelo centro). Ronaldinho e Robinho
não teriam posições fixas, ajudariam
na marcação e entrariam também
pelo meio para fazerem companhia
a Fred. Assim Ronaldinho atua no time espanhol.
Prefiro também que um dos volantes jogue mais livre, marcando e
atacando -Gilberto Silva e Edmílson não têm essas características.
Mais importante ainda seria alternar a marcação tradicional com a
por pressão, tomando mais a bola no
meio-campo e na intermediária do
rival, como fazem São Paulo, Inter,
Barcelona e, às vezes, outros times
brasileiros, geralmente os do Sul.
Em uma entrevista na semana
passada ao Sportv, Dunga disse que
a maioria das seleções da Europa joga com três zagueiros. Alberto Helena Júnior, que entende do assunto,
corrigiu o treinador ao dizer que as
principais seleções européias atuam
há muito tempo com quatro defensores. Fiquei preocupado com os conhecimentos atuais do técnico.
Na mesma entrevista, Galvão
Bueno, para enfatizar que o Brasil
jogou desconcentrado na Copa,
mostrou imagens em que os jogadores brasileiros e franceses brincavam antes de entrar em campo. Logo após, apareceram imagens antes
da partida entre França e Itália com
os jogadores sérios e calados.
Alberto Helena Júnior novamente discordou, com razão, ao falar que
não só os brasileiros mas também os
franceses, principalmente Zidane,
brincavam e sorriam. Por ter perdido, o Brasil estava desconcentrado.
Já a França, por ter vencido, estava
descontraída e inspirada. As análises são geralmente baseadas pelos
resultados.
Dezenas de fatores com pouca ou
nenhuma importância são também
valorizados nas vitórias e nas derrotas. Outros fatos muitos mais decisivos, que ocorrem dentro e fora de
campo, são pouco discutidos ou esquecidos.
tostao.folha@uol.com.br
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