São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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Prudêncio vê segregação financeira

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos poucos ex-campeões negros que ocupam cargos importantes nos bastidores do esporte brasileiro não acredita na opressão das elites brancas nem em outras explanações concebidas por William C. Rhoden.
Para Nelson Prudêncio, prata nos Jogos da Cidade do México-1968, muitos de seus colegas não prosperam no esporte apenas por questões financeiras.
"Eu tinha um pai fazendeiro, que podia oferecer aos filhos uma educação de qualidade. Estudei, busquei conhecimento, e o esporte me abriu muitas portas. Tive amigos, brancos e negros, que queriam seguir no atletismo após a aposentadoria, mas precisaram buscar outras atividades para sustentar suas famílias", afirma.
Prudêncio acaba de concluir, aos 62 anos, sua tese de doutorado na Universidade Federal de São Carlos, instituição na qual ministra aulas no curso de educação física. O assunto é justamente a modalidade que o consagrou: o salto triplo. "Quanto mais me debruço sobre este tema, mais coisas fantásticas descubro", justifica.
Sua relação com o esporte não pára na atividade acadêmica. Desde o ano passado, Prudêncio é vice-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo. Quando assumiu, tornou-se o primeiro esportista de renome a obter um cargo de destaque em confederações olímpicas nos últimos 70 anos -antes dele, o único que desempenhara função semelhante foi Afrânio da Costa, ex-atirador que dirigiu a antiga Federação Brasileira de Tiro em 1935.
De qualquer forma, Prudêncio diz que vai ler a obra de Rhoden. O livro do colunista do "New York Times" foi editado pela Crown Publishing Group. Não existe tradução para o português disponível.0 (GR)


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