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EUA tentam brilhar também na rua
Equipe montada por irmãos tem mais de 10% de concorrentes às vagas do país na maratona de Pequim
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma lacuna nas listas dos
melhores do mundo incomodava os irmãos Keith e Kevin
Hanson. Potência do atletismo,
os EUA não conseguiam emplacar seus atletas entre os
mais destacados maratonistas.
A dupla decidiu agir. A estratégia surgiu da observação de
etíopes, quenianos e japoneses.
"Eles treinam em grupo, prática que nós havíamos abandonado", constatou Keith.
Nascia o Hansons Brooks
Distance Project. Em 1999, o
objetivo era lapidar talentos.
Agora, a meta é mais ambiciosa.
Os EUA definem seus representantes nos Jogos de Pequim-08 hoje, na véspera da
Maratona de Nova York, uma
das mais importantes do mundo. E mais de 10% dos 129 atletas em ação no qualificatório
são do projeto dos Hanson.
"Queremos que o país volte a
se destacar na maratona, como
nos anos 70 e 80. E agora queremos colocar alguém na Olimpíada. Trabalhamos duro para
isso", disse Keith, por e-mail.
Para técnicos ouvidos pela
Folha, o treinamento em grupo é positivo, mas não resolverá
o problema dos EUA. "O que
eles não têm é oferta. Não falta
dinheiro, mas o biótipo americano não favorece. Vão surgir
uns corredores, mas é difícil
que consigam atingir a supremacia como nas provas de velocidade", diz Nelson Evêncio.
O treino em equipe é feito,
principalmente, por países que
têm atletas do mesmo nível.
Um corredor pode ajudar a puxar o ritmo do outro. E, nas
competições, é possível traçar
estratégias de segurar os rivais
e também poupar um companheiro para o momento final.
"Se a equipe não tem o mesmo nível, não adianta. E há atletas que correm sozinhos, como
o Marilson [dos Santos, campeão da Maratona de Nova
York-06]", afirma Evêncio.
Os irmãos Hanson, além de
financiadores, são os técnicos
do projeto. A programação é
puxada, cerca de 200 km de
corrida por semana. Mas há
uma lacuna. Os corredores não
fazem trabalhos na altitude,
hoje considerado essencial.
Os Hanson mantêm quatro
lojas de artigos de corrida e investem cerca de R$ 450 mil por
ano em despesas com a equipe.
Alguns atletas ganham emprego nas lojas, trabalham de 20 a
25 horas por semana. Vida bem
diferente da dos badalados velocistas norte-americanos.
Boa parte dos corredores não
teve sucesso na vida esportiva
na escola. Brian Sell é um deles.
É um dos mais cotados para lutar por uma vaga olímpica. Se
não se classificar, deixará o
atletismo para ser dentista.
Os favoritos às vagas dos
EUA, porém, são estrangeiros
naturalizados, casos do eritreu
Meb Keflezighi, do somali Abdi
Abdirahman e do marroquino
Khalid Khannouchi.
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