São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

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EUA tentam brilhar também na rua

Equipe montada por irmãos tem mais de 10% de concorrentes às vagas do país na maratona de Pequim

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma lacuna nas listas dos melhores do mundo incomodava os irmãos Keith e Kevin Hanson. Potência do atletismo, os EUA não conseguiam emplacar seus atletas entre os mais destacados maratonistas.
A dupla decidiu agir. A estratégia surgiu da observação de etíopes, quenianos e japoneses.
"Eles treinam em grupo, prática que nós havíamos abandonado", constatou Keith.
Nascia o Hansons Brooks Distance Project. Em 1999, o objetivo era lapidar talentos. Agora, a meta é mais ambiciosa.
Os EUA definem seus representantes nos Jogos de Pequim-08 hoje, na véspera da Maratona de Nova York, uma das mais importantes do mundo. E mais de 10% dos 129 atletas em ação no qualificatório são do projeto dos Hanson.
"Queremos que o país volte a se destacar na maratona, como nos anos 70 e 80. E agora queremos colocar alguém na Olimpíada. Trabalhamos duro para isso", disse Keith, por e-mail.
Para técnicos ouvidos pela Folha, o treinamento em grupo é positivo, mas não resolverá o problema dos EUA. "O que eles não têm é oferta. Não falta dinheiro, mas o biótipo americano não favorece. Vão surgir uns corredores, mas é difícil que consigam atingir a supremacia como nas provas de velocidade", diz Nelson Evêncio.
O treino em equipe é feito, principalmente, por países que têm atletas do mesmo nível. Um corredor pode ajudar a puxar o ritmo do outro. E, nas competições, é possível traçar estratégias de segurar os rivais e também poupar um companheiro para o momento final.
"Se a equipe não tem o mesmo nível, não adianta. E há atletas que correm sozinhos, como o Marilson [dos Santos, campeão da Maratona de Nova York-06]", afirma Evêncio.
Os irmãos Hanson, além de financiadores, são os técnicos do projeto. A programação é puxada, cerca de 200 km de corrida por semana. Mas há uma lacuna. Os corredores não fazem trabalhos na altitude, hoje considerado essencial.
Os Hanson mantêm quatro lojas de artigos de corrida e investem cerca de R$ 450 mil por ano em despesas com a equipe. Alguns atletas ganham emprego nas lojas, trabalham de 20 a 25 horas por semana. Vida bem diferente da dos badalados velocistas norte-americanos.
Boa parte dos corredores não teve sucesso na vida esportiva na escola. Brian Sell é um deles. É um dos mais cotados para lutar por uma vaga olímpica. Se não se classificar, deixará o atletismo para ser dentista.
Os favoritos às vagas dos EUA, porém, são estrangeiros naturalizados, casos do eritreu Meb Keflezighi, do somali Abdi Abdirahman e do marroquino Khalid Khannouchi.


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