São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004

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TÊNIS

É ele!

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Roger Federer não escondia a felicidade naquele fim de tarde. Contido durante todo o jogo, frio nos momentos certos, o suíço sorria indiscriminadamente ao falar de seu feito, um resultado histórico.
"É uma sensação incrível, claro. Entrei em quadra hoje com a esperança de vencê-lo. Quer dizer, eu sabia que não seria fácil. Estou feliz com a minha performance hoje, do que fiz a partir do primeiro até o último ponto. No fim, é uma grande sensação, é algo que eu nunca tinha sentido na vida."
Apesar de ter sido número um do ranking mundial juvenil com 17 anos e ser conhecido dos especialistas, Federer começava ali a ser reconhecido pelo público. "Você pode falar um pouco sobre sua vida na Suíça? O tênis sempre foi o seu esporte predileto?", perguntou um jornalista americano.
"Comecei a jogar aos três anos. Mas gostava de futebol também. Quanto tinha uns 10 ou 12 anos, tive de tomar uma decisão. E eu era melhor no tênis", contava, empolgado, o jovem suíço. "Com 14, decidi ir para o Centro Nacional de Tênis; só que o centro era na parte francesa da Suíça, e eu sou da parte alemã. Sofri muito no primeiro semestre lá, sabe. Chorava muito quando saía de casa para voltar ao centro..."
"Quanto eu tinha 16, o centro finalmente mudou para a parte da Suíça onde se falam as duas línguas. Nessa época, o meu jogo evoluiu, e eu optei por deixar a escola. A partir daí, deslanchei; foi nessa época que cheguei a ser o primeiro juvenil do mundo."
Quase três anos se passaram desde que Federer surgiu para o grande público. Depois daquela vitória sobre Pete Sampras, nas oitavas-de-final, em Wimbledon, em julho de 2001, fez muita coisa. No ano seguinte, ganhou o Masters Series de Hamburgo, conquistou o badalado Torneio de Viena, chegou à final do Masters Series de Miami... Em 2003, a consagração: sete títulos, incluindo Wimbledon e o Masters (sem contar a final do Masters Series de Roma). Federer deixou de ser surpresa.
O título do Aberto da Austrália, no domingo, e a liderança no ranking mundial, agora profissional, e não mais juvenil, confirmam que Roger Federer não é mais aquela surpresa que ganhava só um jogo importante, que vencia um só tenista quase imbatível.
Se, há três anos, Federer era o "fato curioso", a entrevista curiosa, hoje a curiosidade vai sobre aqueles derrotados impiedosamente pelo suíço. Como o australiano Todd Reid, 3/6, 0/6, 1/6 diante de Federer na terceira rodada em Melbourne. "Foi uma lição. Ele tomou conta do jogo, me dominou; não havia o que fazer ali", disse Reid. "Hoje Roger realmente me ensinou muita coisa." A cada pergunta, Reid não havia nada a comentar, a não ser desferir elogios. "Ele só soltava winners. Ele estava com uma direita fantástica, inacreditável."
"Se você perde um jogo apertado, pode achar que está bem, que pode ganhar de um cara assim [como Federer]. Isso seria falso. Perdendo do jeito que eu perdi, você tem noção de que precisa melhorar muito. Eu só fiz quatro games no Federer. E, olha só, o último game eu só ganhei na sorte."

Só gente grande
Marat Safin 3 x 2 Andre Agassi, Safin 3 x 2 Andy Roddick, Guillermo Cañas 3 x 2 Tim Henman, Federer 3 x 1 Lleyton Hewitt. Na categoria "bons jogos", vai ser difícil um torneio superar o Aberto da Austrália.

Só as belgas
Sobra talento e falta carisma a Justine Henin-Hardenne e Kim Clijsters, que se acostumaram a ganhar e a falar sempre a mesma coisa.

Só a garotada
Pedro Feitosa foi campeão, e não vice, como publicado aqui, na segunda etapa do Circuito Cosat, na Colômbia. André Stábile também foi campeão, mas na terceira etapa, que terminou no domingo, em Quito. Nesta semana, Equador e Peru recebem a quarta etapa.

E-mail reandaku@uol.com.br


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