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FUTEBOL
Rescisão com a Umbro é considerada obscura por membros da comissão
Após seis meses, CPI da
Nike ouve enfim a Nike
DO ENVIADO A BRASÍLIA
A multa contratual de US$ 10
milhões paga pela parceria CBF/
Nike à Umbro será um dos principais pontos do depoimento de
hoje de dois representantes da
multinacional de material esportivo, os executivos Ingo Ostrovsky, porta-voz da empresa, e
Amadeu Garcia Júnior à CPI sobre o futebol na Câmara.
Segundo os integrantes da comissão, esse é um dos pontos
mais obscuros do acordo firmado
entre a Nike e a Confederação
Brasileira de Futebol.
Será a primeira vez, desde que a
CPI da CBF/Nike foi instalada, em
outubro do ano passado, que os
deputados vão ouvir representantes da multinacional que batiza a
comissão.
A Folha teve acesso ao contrato
firmado entre a entidade máxima
do futebol brasileiro e a Umbro,
antigo fornecedora de material
esportivo para a seleção.
O primeiro acordo, que deveria
vigorar até junho de 1995, foi firmado em 21 de fevereiro de 1991.
Para fornecer material à seleção, a
Umbro pagaria US$ 3 milhões.
Em outubro de 1994, pouco depois do título nos EUA, o contrato
foi alterado, mas acabou rescindido em 1996.
De acordo com o documento, a
Umbro Internacional, em quase
seis anos de patrocínio, desembolsou o equivalente a US$ 3,45
milhões para ser parceira da CBF.
Ou seja, após vestir a única seleção tetracampeã do mundo durante mais de meia década -inclusive na Copa do Mundo de
1994, nos Estados Unidos, o momento mais glorioso da história
recente do futebol nacional-, a
Umbro teve um lucro de US$ 6,55
milhões.
De pai para filho
O relator da CPI, deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), confirmou
que os executivos da Nike e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira,
serão questionados sobre o valor
da multa rescisória.
"Foi um negócio de pai para filho para a Umbro. Vamos perguntar à Nike se foi ela que tomou
a decisão de pagar os US$ 10 milhões ou se a ordem partiu da
CBF. Mas não tenha dúvidas de
que o negócio só foi bom para a
Umbro", disse o deputado.
Se o contrato, rompido em 1996,
não tivesse sido rescindido, a a
Umbro teria de pagar à CBF US$
2,1 milhões (divididos em sete
parcelas de US$ 350 mil) para vestir a seleção até junho de 1999.
O acordo firmado entre a Nike e
a CBF, em 1996, estabeleceu que o
valor total do patrocínio, a ser pago em dez anos pela multinacional norte-americana, era de US$
170 milhões -dos quais US$ 10
milhões seriam destinados para
pagar a multa à Umbro.
O presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, disse, por meio de assessores, que "a última coisa que se
deve discutir no contrato com a
Nike é se ele foi vantajoso para a
seleção". Para o dirigente, "todos,
até os parlamentares, sabem que
foi o maior valor recebido por
uma seleção ou time de futebol
em todos os tempos".
De acordo com Teixeira, que vai
depor na CPI da CBF/Nike na
próxima terça-feira (leia texto
nesta página), o valor da multa
rescisória não passou pelos cofres
da entidade e foi pago diretamente à Umbro pela multinacional
norte-americana.
Ontem, o porta-voz da Nike no
Brasil, Ingo Ostrovsky, afirmou
que não comentaria o contrato ou
qualquer outra questão antes do
depoimento de hoje.
O executivo também prometeu
para hoje uma resposta aos parlamentares sobre se a empresa vai
ou não utilizar a cláusula que prevê a ruptura de seu contrato com
Ronaldo no caso de o jogador ficar mais de dois anos sem jogar
pelo time nacional.
A última vez que o atacante da
Inter de Milão (Itália) defendeu a
seleção brasileira foi em outubro
de 1999, contra a Holanda.
O assessor de imprensa de Ronaldo, Rodrigo Paiva, descartou
que o atleta volte a ser convocado
em menos de seis meses, abrindo
uma prerrogativa para o rompimento do contrato com a Nike.
O então presidente da Umbro
do Brasil, Fernando Bagnoli, procurado pela Folha em seu telefone
celular, não foi localizado até o fechamento da edição.
(FERNANDO MELLO)
Colaborou João Carlos Assumpção, do
Painel FC
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