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Manifestantes cercam o treinador no centro do Rio e chutam seu carro
Torcida encurrala Scolari por Romário
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Às vésperas da convocação para
a Copa do Mundo, a campanha
em favor do atacante Romário ficou mais agressiva.
Ontem à tarde, o técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari,
quase foi agredido por cerca de 50
torcedores que promoveram uma
manifestação pró-Romário em
frente à sede da Confederação
Brasileira de Futebol, no Rio.
Ao deixar o prédio da entidade,
onde a comissão técnica se reuniu, ele foi cercado pelos manifestantes, que o hostilizaram e pediram a convocação do jogador.
Protegido apenas por integrantes da comissão técnica, o treinador teve dificuldades para percorrer um trajeto de 30 metros entre
a portaria e a avenida Rio Branco,
onde um carro o aguardava.
A avenida é um dos pontos mais
movimentados do centro carioca.
Depois de gritarem por Romário, os torcedores deram socos e
chutes no carro que levou Scolari
para o aeroporto. De lá, ele seguiu
para Porto Alegre.
O jogador condenou a atitude
da torcida na porta da CBF.
""Uma manifestação de carinho
sempre é bem vinda, desde que
não tenha violência. Se for para
ser assim, é melhor que não exista", afirmou Romário.
A reação da torcida surpreendeu a comissão técnica e a CBF.
Scolari ficou cerca de uma hora na
sede da entidade esperando a situação acalmar para sair.
Nenhum dirigente da entidade
apareceu na portaria para ajudar
o treinador, que teve que ir até a
avenida Rio Branco com a escolta
improvisada de três companheiros de comissão técnica: Flávio
Teixeira, auxiliar técnico, Paulo
Paixão, preparador físico, e o roupeiro Rogelson Barreto.
Em entrevistas recentes, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, já
declarou que é a favor da convocação do atacante Romário, do
Vasco, para a Copa do Mundo.
Scolari, que esteve na entidade
para acertar os últimos detalhes
da lista de convocados para a Copa do Mundo, que será anunciada
na segunda-feira, não comentou a
reação dos torcedores. Na quinta-feira, ele já havia adiantado que,
ontem, não daria entrevista.
"Queria mostrar toda a minha
indignação com a ausência do
Romário da seleção brasileira.
Acho que eu consegui", comemorava o estudante de teatro Gerônimo Castro Neto, 26, que decidiu ir
até a porta da CBF para protestar
depois de ouvir no rádio que o
treinador estaria no Rio.
"O Felipão ficou impressionado. Na saída da CBF, ele disse que
tínhamos que ter paciência, que
tudo tem a sua hora. Depois que
viu a coisa preta, ele ficou calado e
apressou o passo", acrescentou o
estudante, morador de Itaboraí,
município a 45 km do Rio.
A manifestação em favor de Romário foi espontânea. ""Eu estava
fazendo uma entrega aqui por
perto. Quando entrei nesta rua fiquei sabendo que o Felipão estava
ali e não resisti. Peguei a foto do
Romário que fica na minha bolsa
e me juntei à galera. Ele sentiu a
pressão. Agora, acho que o Romário será chamado", disse o motoboy Luciano Silva, 40, que torce
pelo Botafogo.
Apesar do lobby, o jogador dificilmente será chamado para disputar a Copa deste ano.
O atacante do Vasco só foi chamado uma vez por Scolari, que assumiu a seleção em 12 de junho
do ano passado. Romário atuou
na estréia do treinador na equipe,
em julho de 2001. Na ocasião, a seleção perdeu para o Uruguai por 1
a 0, em Montevidéu, pelas eliminatórias do Mundial. Desde então, Romário não foi mais convocado por Scolari.
Problemas extra-campo entre o
treinador e o atacante ocorreram
no Uruguai. Mesmo fora dos planos do treinador, o lobby em favor da convocação do jogador é
forte. Até o presidente Fernando
Henrique Cardoso já disse que
gostaria de ver Romário na Copa.
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