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BOXE
Aperitivo
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
É o típico caso de dois pesos e
duas medidas: os especialistas americanos, que têm a veia
crítica como marca registrada,
puxaram a brasa para a sua sardinha. Quando Bernard Hopkins
atingiu marca de 14 defesas do
cinturão dos médios (até 72,5 kg)
da Federação Internacional de
Boxe -hoje tem 17-, seus compatriotas festejaram ao apontar
que "The Executioner" havia
igualado Carlos Monzon.
"Esqueceram", convenientemente, de lembrar que no reinado
de Hopkins havia ao menos três
médios alegando ser campeões do
mundo (pelo CMB, AMB e FIB).
Quatro, se você contar a OMB.
No tempo de Monzon, antes da
atual proliferação de títulos, ele
dirimiu todas as dúvidas e era
considerado "o" campeão (embora existissem o CMB e a AMB).
Isso não quer dizer que Hopkins
não tem seu valor. Nada disso.
É pena que pegou só dois rivais
"de nome" durante a sua carreira: Roy Jones Jr. (para quem perdeu por pontos) e Félix "Tito" Trinidad (a quem nocauteou), o que
não foi sua culpa. O problema é
que Hopkins surgiu no momento
em que a divisão experimenta
uma estiagem -é mais ou menos
o aconteceu com Larry Holmes
nos pesados durante os anos 80.
Sem grande qualidade de oposição, Holmes, um dos maiores de
todos os tempos, sofreu. Ele jamais foi reconhecido pelo público.
Assim como Holmes, Hopkins
foi fazendo a única coisa que lhe
restou: derrotar o melhor que a
divisão lhe ofereceu nos últimos
anos: William Joppy, Keith Holmes, Antwun Echols, John David
Jackson, Simon Brown, Robert
Allen, entre outros. Todos foram
suas vítimas enquanto construía
seu cartel de 43 vitórias, 31 por
nocaute, 2 derrotas e 1 empate.
E é versátil. Tanto pode partir
para a briga franca, na tradição
de sua cidade natal, a Filadélfia,
que tantos brigadores produziu
-o mais famoso deles "Smokin"
Joe Frazier-, como pode dar verdadeira aula de técnica, a exemplo do que fez contra Trinidad.
Fora dos ringues, Hopkins tampouco deixa de ser curioso. Acha-se auto-suficiente e já brigou com
quase todos os promotores de lutas. E foi um dos poucos lutadores
a ir ao Congresso falar sobre os
desmandos do boxe.
No lado negativo, acha-se o tal.
Tanto que seu ego já lhe custou
bolsas milionárias, que ganharia
por combate com James Toney e
pela revanche com Jones Jr.
Além de tudo isso, Bernard
Hopkins é também o mais provável destino final de Oscar de la
Hoya, que já indicou que sua carreira está próxima do fim. Sim, o
mesmo De la Hoya que começou
a carreira como superpena (até
58,9 kg) -mesma categoria em
que Popó lutava até outro dia.
Amanhã, Hopkins e De la Hoya
dividem a programação chamada de "Curso de Colisão", em lutas preparatórias para o grande
encontro de 18 de setembro.
Pena que seus adversários serão
Robert Allen e Felix Sturm. Trata-se apenas de aperitivo para setembro (a Globo anuncia que exibirá o combate de De la Hoya).
Mas Hopkins pôs o grande encontro em perigo ao ameaçar não
lutar amanhã se Joe Cortez for
mantido como o juiz do combate.
Pugilismo 1
A "The Ring" reconhece o vencedor da luta de amanhã entre Juan
Lazcano e José Luis Castillo, na preliminar de De la Hoya-Sturm, como seu campeão dos leves, categoria na qual Popó atua hoje.
Pugilismo 2
Para quem estava sentindo falta, o ex-campeão dos pesados Riddick
Bowe assinou contrato com o manager Jimmy Adams. Tudo indica
que o talentoso, mas indisciplinado, lutador voltará ao ringue.
Vale-tudo
Jorge Patino "Macaco" e Delson "Pé de Chumbo" fazem a luta de
fundo da 11ª edição do Meca Vale-Tudo, que acontece no Rio e será
transmitida ao vivo pelo canal Premiere amanhã, a partir das 23h50.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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