São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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BOXE

Aperitivo

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

É o típico caso de dois pesos e duas medidas: os especialistas americanos, que têm a veia crítica como marca registrada, puxaram a brasa para a sua sardinha. Quando Bernard Hopkins atingiu marca de 14 defesas do cinturão dos médios (até 72,5 kg) da Federação Internacional de Boxe -hoje tem 17-, seus compatriotas festejaram ao apontar que "The Executioner" havia igualado Carlos Monzon.
"Esqueceram", convenientemente, de lembrar que no reinado de Hopkins havia ao menos três médios alegando ser campeões do mundo (pelo CMB, AMB e FIB). Quatro, se você contar a OMB.
No tempo de Monzon, antes da atual proliferação de títulos, ele dirimiu todas as dúvidas e era considerado "o" campeão (embora existissem o CMB e a AMB).
Isso não quer dizer que Hopkins não tem seu valor. Nada disso.
É pena que pegou só dois rivais "de nome" durante a sua carreira: Roy Jones Jr. (para quem perdeu por pontos) e Félix "Tito" Trinidad (a quem nocauteou), o que não foi sua culpa. O problema é que Hopkins surgiu no momento em que a divisão experimenta uma estiagem -é mais ou menos o aconteceu com Larry Holmes nos pesados durante os anos 80.
Sem grande qualidade de oposição, Holmes, um dos maiores de todos os tempos, sofreu. Ele jamais foi reconhecido pelo público.
Assim como Holmes, Hopkins foi fazendo a única coisa que lhe restou: derrotar o melhor que a divisão lhe ofereceu nos últimos anos: William Joppy, Keith Holmes, Antwun Echols, John David Jackson, Simon Brown, Robert Allen, entre outros. Todos foram suas vítimas enquanto construía seu cartel de 43 vitórias, 31 por nocaute, 2 derrotas e 1 empate.
E é versátil. Tanto pode partir para a briga franca, na tradição de sua cidade natal, a Filadélfia, que tantos brigadores produziu -o mais famoso deles "Smokin" Joe Frazier-, como pode dar verdadeira aula de técnica, a exemplo do que fez contra Trinidad.
Fora dos ringues, Hopkins tampouco deixa de ser curioso. Acha-se auto-suficiente e já brigou com quase todos os promotores de lutas. E foi um dos poucos lutadores a ir ao Congresso falar sobre os desmandos do boxe.
No lado negativo, acha-se o tal. Tanto que seu ego já lhe custou bolsas milionárias, que ganharia por combate com James Toney e pela revanche com Jones Jr.
Além de tudo isso, Bernard Hopkins é também o mais provável destino final de Oscar de la Hoya, que já indicou que sua carreira está próxima do fim. Sim, o mesmo De la Hoya que começou a carreira como superpena (até 58,9 kg) -mesma categoria em que Popó lutava até outro dia.
Amanhã, Hopkins e De la Hoya dividem a programação chamada de "Curso de Colisão", em lutas preparatórias para o grande encontro de 18 de setembro.
Pena que seus adversários serão Robert Allen e Felix Sturm. Trata-se apenas de aperitivo para setembro (a Globo anuncia que exibirá o combate de De la Hoya).
Mas Hopkins pôs o grande encontro em perigo ao ameaçar não lutar amanhã se Joe Cortez for mantido como o juiz do combate.

Pugilismo 1
A "The Ring" reconhece o vencedor da luta de amanhã entre Juan Lazcano e José Luis Castillo, na preliminar de De la Hoya-Sturm, como seu campeão dos leves, categoria na qual Popó atua hoje.

Pugilismo 2
Para quem estava sentindo falta, o ex-campeão dos pesados Riddick Bowe assinou contrato com o manager Jimmy Adams. Tudo indica que o talentoso, mas indisciplinado, lutador voltará ao ringue.

Vale-tudo
Jorge Patino "Macaco" e Delson "Pé de Chumbo" fazem a luta de fundo da 11ª edição do Meca Vale-Tudo, que acontece no Rio e será transmitida ao vivo pelo canal Premiere amanhã, a partir das 23h50.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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